Konstantin Balmont - biografia e criatividade

Nota biográfica.

Konstantin Dmitrievich Balmont nasceu em 3 de junho de 1867 na vila de Gumnishchi, distrito de Shuisky, província de Vladimir.

Pai - presidente do Conselho Zemstvo nas montanhas de Shuya, província de Vladimir., Proprietário. A mãe fez muito em sua vida para difundir ideias culturais em uma província remota e, por muitos anos, organizou apresentações e concertos amadores em Shuya

De acordo com lendas familiares, os ancestrais de Balmont eram alguns marinheiros escoceses ou escandinavos que se mudaram para a Rússia. O sobrenome Balmont é muito comum na Escócia. O avô de Balmont, por parte de pai, era um oficial da marinha que participou da guerra russo-turca e ganhou a gratidão pessoal de Nicolau I por sua coragem. Os ancestrais de sua mãe (nee Lebedeva) eram tártaros. O ancestral era o Príncipe Cisne Branco da Horda Dourada. Talvez isso possa explicar em parte o desenfreado e a paixão que sempre distinguiram a minha e que Balmont herdou dela, assim como toda a sua estrutura mental. O pai da mãe (também militar, general) escrevia poesias, mas não as publicava. Todas as irmãs da mãe (são muitas) escreveram poesia, mas não as publicaram. A mãe também escrevia e escreve, mas não poesia, mas notas e pequenos artigos, em jornais provinciais.

Ele estudou no ginásio Shuya. Foi expulso da 7ª série em 1884, sob a acusação de crime de Estado (pertenceu a um círculo revolucionário), mas dois meses depois foi admitido no Ginásio Vladimir, onde concluiu o curso, tendo vivido, como na prisão, por um ano e meio sob a supervisão de um professor de classe, em cujo apartamento foi mandado morar. "Eu amaldiçoo o ginásio com todas as minhas forças. Ele desfigurou meu sistema nervoso por um longo tempo."

Então, em 1886, ele entrou na Universidade de Moscou, a Faculdade de Direito. Ele estava envolvido em ciências jurídicas muito pouco, mas estudou intensivamente a literatura alemã e a história da Grande Revolução Francesa. Em 1887, como um dos principais organizadores de motins estudantis, foi levado ao tribunal universitário, expulso e, após três dias de prisão, foi enviado para Shuya. Um ano depois, ele foi novamente admitido na Universidade de Moscou. Ele deixou a universidade depois de alguns meses, graças a um colapso nervoso. Um ano depois, ele entrou no Liceu Demidov em Yaroslavl. Ele saiu novamente alguns meses depois e não voltou mais para a educação estadual. Ele deve seu conhecimento (no campo da história, filosofia, literatura e filologia) apenas a si mesmo. No entanto, o primeiro e forte impulso foi dado a Balmont por seu irmão mais velho, que gostava muito de filosofia e morreu aos 23 anos em insanidade (mania religiosa). Em sua juventude, ele estava mais interessado em questões sociais. "A ideia da encarnação da felicidade humana na terra é cara para mim até agora. Mas agora estou completamente absorvido por questões de arte e religião."

O início da atividade literária foi associado a muitos tormentos e fracassos. Por 4 ou 5 anos, nenhuma revista quis publicar Balmont. A primeira coleção de seus poemas, que ele mesmo publicou em Yaroslavl (embora um fraco), é claro, não teve nenhum sucesso, seu primeiro trabalho traduzido (um livro do escritor norueguês Henrik Neir sobre Henrik Ibsen) foi queimado pelos censores . Pessoas próximas com sua atitude negativa aumentaram significativamente a gravidade das primeiras falhas. Outras obras, traduções de Shelley, a coleção "Under the Northern Sky", traduções de Edgar Poe foram um sucesso significativo. Contribuiu para quase todas as principais revistas.

Ele considerava os eventos mais marcantes de sua vida aquelas lacunas internas repentinas que às vezes se abrem na alma em conexão com os fatos externos mais insignificantes. "Por isso, acho difícil marcar como mais "significativos" quaisquer eventos da minha vida pessoal. No entanto, tentarei enumerar. da montanha vi ao longe um longo e enegrecido comboio de camponeses.) Lendo "Crime e Castigo " (16 anos) e especialmente "Os Irmãos Karamazov" (17 anos) Este último livro me deu mais do que qualquer livro no mundo Primeiro casamento (21 anos, divorciado 5 anos depois) Segundo casamento (28 anos) Suicídios de vários de meus amigos durante a minha juventude Minha tentativa de me matar (22 anos) me jogando por uma janela nas rochas do terceiro andar (várias fraturas, anos de cama e depois um florescimento sem precedentes de excitação mental e alegria) . Escrevendo poesia (primeiro aos 9 anos, depois aos 17, 21). Inúmeras viagens pela Europa (atingiram especialmente a Inglaterra, Espanha e Itália)."

Pseudônimos: Gridinsky (na revista de Yasinsky "Monthly Works") e Lionel (em "Northern Flowers").

Konstantin Dmitrievich Balmont - um dos poetas mais famosos de seu tempo na Rússia, o mais lido e reverenciado dos decadentes perseguidos e ridicularizados. Ele estava cercado por fãs e admiradores entusiasmados. Círculos de Balmontistas e Balmontistas foram criados, que tentaram imitá-lo tanto na vida quanto na poesia. Em 1896, Bryusov já escrevia sobre a “escola Balmont”, incluindo M. Lokhvitskaya e vários outros poetas menores. “Todos adotam a aparência de Balmont: o acabamento brilhante do verso, a ostentação de rimas, consonâncias e a própria essência de sua poesia.”

Não é por acaso que muitos poetas dedicaram seus poemas a ele:

M. Lokhvitskaya, V. Bryusov, A. Bely, Vyach. Ivanov, M. Voloshin, S. Gorodetsky e outros. Todos eles viram nele, em primeiro lugar, o "gênio espontâneo", "eternamente livre, eternamente jovem" Arion, condenado a ficar "em algum lugar no topo" e completamente imerso em revelações sua alma sem fundo.

Ah, qual de nós se jogou em tempestades líricas, nu, como o gentil Lionel? ..

Bryusov encontrou uma explicação e justificativa para o comportamento mundano de Balmont na própria natureza da poesia: “Ele experimenta a vida como um poeta, e assim que os poetas podem experimentá-la, como dado apenas a eles: ​​encontrando em cada minuto a plenitude da vida . Portanto, não pode ser medido por um padrão comum.” Mas havia também um ponto de vista espelhado, que tentava explicar a obra do poeta através de sua vida pessoal: "Balmont, com sua vida pessoal, provou a profunda e trágica sinceridade de seus movimentos líricos e seus slogans".

Muitos artistas famosos pintaram retratos de Konstantin Dmitrievich Balmont, entre eles: M. A. Durnov (1900), V. A. Serov (1905), L. O. Pasternak (1913). Mas, talvez, a imagem do poeta, seu comportamento, hábitos nos retratos verbais de Balmont sejam capturados de forma mais vívida. Uma de suas características externas mais detalhadas foi deixada por Andrei Bely: “Uma marcha leve e levemente manca definitivamente lança Balmont para o espaço. Ou melhor, como do espaço, Balmont chega ao chão, ao salão, à rua. E o impulso irrompe nele, e ele, percebendo que atingiu o lugar errado, cerimoniosamente se contém, coloca pincenez e altivamente (ou melhor, assustado) olha em volta, levanta os lábios secos, emoldurados por uma barba ruiva como incêndio. Seus olhos castanhos quase sem sobrancelhas, profundamente cravados em suas órbitas, parecem melancólicos, mansos e incrédulos: eles também podem parecer vingativos, traindo algo indefeso no próprio Balmont. E é por isso que toda a sua aparência dobra. Arrogância e impotência, grandeza e letargia, ousadia, medo - tudo isso se alterna nele, e que escama sutil e caprichosa passa em seu rosto emaciado, pálido, com narinas amplamente dilatadas! E quão insignificante esse rosto pode parecer! E que graça indescritível esse rosto às vezes exala!”

Talvez esse retrato permita entender o extraordinário poder de atração do homem Balmont: sua aparência se destacou entre a multidão, deixando indiferente até mesmo um transeunte casual. “Eu vi, nos tempos antigos, como no bairro nobre de Paris-Passi, os transeuntes paravam quando viam Balmont e cuidavam dele por um longo tempo. Não sei quem os curiosos rentistas o tomaram, por um “príncipe” russo, por um anarquista espanhol, ou, simplesmente, por um louco que enganou a vigilância dos guardas. Mas seus rostos por muito tempo mantiveram um traço de ansiedade desnorteada, por muito tempo eles não puderam retornar à conversa pacífica interrompida sobre o clima ou a política no Marrocos.

Balmont escreveu 35 livros de poesia, ou seja, 3.750 páginas impressas, 20 livros de prosa, ou seja, 5.000 páginas. Traduzido, acompanhado de artigos e comentários: Edgar Poe - 5 livros - 1800 páginas, Shelley - 3 livros - 1000 páginas, Calderón - 4 livros - 1400 páginas. As traduções de Balmont em números representam mais de 10.000 páginas impressas. Entre os nomes traduzidos: Wilde, Christopher Marlo, Charles van Lerberg, Hauptmann, Zudermann, a volumosa História da Literatura Escandinava de Jaeger (queimada pela censura russa). Eslovaco, Vrkhlitsky, “O Cavaleiro na Pele de Pantera” de S. Rustaveli, poesia búlgara, canções e enigmas folclóricos iugoslavos, canções folclóricas lituanas, contos de fadas mexicanos, dramas Kalidasa e muito mais.

Em seu artigo “Am I a Revolutionary or Not?” Balmont escreveu que aos 13 anos aprendeu a palavra inglesa selfhelp (auto-ajuda) e desde então se apaixonou por pesquisa e “trabalho mental”. Ele "lia bibliotecas inteiras todos os anos, escrevia regularmente todos os dias, aprendia idiomas com facilidade".

A obra do poeta é condicionalmente dividida em três períodos desiguais e desiguais. Early Balmont, autor de três coleções de poesia: "Sob o céu do norte" (1894), "Na imensidão" (1895) e "Silêncio" (1898).

A estrutura das primeiras coleções é muito eclética. Combina as tradições da “poesia pura” dos anos setenta e oitenta (a influência de A. Fet é especialmente forte) com os motivos da “tristeza civil” no espírito de Pleshcheev e Nadson. De acordo com a definição exata de A. Izmailov, o herói lírico do início de Balmont é “um jovem manso e manso, imbuído dos sentimentos mais bem-intencionados e moderados”.

As primeiras coleções de Balmont são as precursoras do simbolismo russo. O estilo poético de Balmont pode ser definido com muito mais precisão pela palavra impressionismo. O poeta impressionista é atraído não tanto pelo assunto da imagem, mas por seu sentimento pessoal sobre esse assunto. Uma impressão fugaz, contida em uma experiência pessoal, torna-se a única forma acessível de relação com o mundo para o artista. Balmont assim o definiu: “o grande princípio da personalidade” está na “separação, na solidão, na separação do geral”.

... Descobri que não há tempo,
Que os padrões dos planetas são imóveis,
Que a imortalidade leva à morte,
Que imortalidade espera após a morte.

K. Balmont

... apenas transitoriedades eu coloco em versos.

K. Balmont

Konstantin Dmitrievich Balmont nasceu em 3 (15) de junho de 1867 na vila de Gumnishchi, distrito de Shuisky, província de Vladimir. Pai, Dmitry Konstantinovich, serviu no tribunal distrital de Shuisky e zemstvo, tendo passado de um pequeno funcionário no posto de escrivão colegiado para um juiz de paz e depois para o presidente do conselho distrital de zemstvo. Mãe, Vera Nikolaevna, nascida Lebedeva, era uma mulher educada e influenciou muito as perspectivas futuras do poeta, apresentando-o ao mundo da música, literatura, história.
Em 1876-1883, Balmont estudou no ginásio Shuya, de onde foi expulso por participar de um círculo antigovernamental. Ele continuou sua educação no Ginásio Vladimir, depois na Universidade de Moscou e no Liceu Demidov em Yaroslavl. Em 1887 ele foi expulso da Universidade de Moscou por participação na agitação estudantil e exilado em Shuya. Ele nunca recebeu uma educação superior, mas graças à sua diligência e curiosidade, tornou-se uma das pessoas mais eruditas e cultas de seu tempo. Balmont lia anualmente um grande número de livros, estudou, segundo várias fontes, de 14 a 16 idiomas, além de literatura e arte, gostava de história, etnografia e química.
A poesia começou a escrever na infância. O primeiro livro de poemas "Coleção de Poemas" foi publicado em Yaroslavl às custas do autor em 1890. O jovem poeta, após o lançamento do livro, queimou quase toda a pequena tiragem.
O momento decisivo na formação da visão de mundo poética de Balmont foi meados da década de 1890. Até agora, seus poemas não se destacaram como algo especial entre a poesia populista tardia. Publicação das coleções “Sob o Céu do Norte” (1894) e “Na Vastidão” (1895), tradução de duas obras científicas “História da Literatura Escandinava” de Gorn-Schweitzer e “História da Literatura Italiana” de Gaspari, V. Bryusov e outros representantes da nova direção da arte, fortaleceram a fé do poeta em si mesmo e em seu destino especial. Em 1898, Balmont lançou a coleção "Silence", que finalmente marcou o lugar do autor na literatura moderna.
Balmont estava destinado a se tornar um dos iniciadores de uma nova direção na literatura -. No entanto, entre os “simbolistas seniores” ( , ) e entre os “mais jovens” ( , ) ele tinha uma posição própria associada a uma compreensão mais ampla do simbolismo como poesia, que, além de um significado específico, tem um conteúdo oculto, expresso através de dicas, humor, som musical. De todos os simbolistas, Balmont desenvolveu mais consistentemente o ramo impressionista. Seu mundo poético é o mundo das melhores observações fugazes, dos sentimentos frágeis.
Os precursores de Balmont na poesia foram, em sua opinião, Zhukovsky, Lermontov, Fet, Shelley e E. Poe.
A fama generalizada chegou a Balmont bastante tarde, e no final da década de 1890 ele era conhecido como um talentoso tradutor de norueguês, espanhol, inglês e outros idiomas.
Em 1903, foi publicada uma das melhores coletâneas do poeta "Seremos como o sol" e a coletânea "Só Amor". E antes disso, para o poema antigovernamental "O Pequeno Sultão", lido em uma noite literária na Duma da cidade, as autoridades expulsaram Balmont de São Petersburgo, proibindo-o de morar em outras cidades universitárias. E em 1902, Balmont foi para o exterior, sendo um emigrante político.
Além de quase todos os países europeus, Balmont visitou os Estados Unidos da América e o México, e no verão de 1905 retornou a Moscou, onde foram publicadas suas duas coleções Liturgia da Beleza e Contos de Fadas.
Konstantin Balmont responde aos acontecimentos da primeira revolução russa com as coleções Poems (1906) e Songs of the Avenger (1907). Temendo perseguição, o poeta novamente deixa a Rússia e parte para a França, onde mora até 1913. Daqui ele viaja para a Espanha, Egito, América do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Indonésia, Ceilão, Índia.
O livro O Pássaro de Fogo, publicado em 1907. O cachimbo de um eslavo”, no qual Balmont desenvolveu o tema nacional, não lhe trouxe sucesso, e a partir daí começa o declínio gradual da fama do poeta. No entanto, o próprio Balmont não estava ciente de seu declínio criativo. Mantém-se alheio à acirrada polêmica entre os simbolistas, que está sendo conduzida nas páginas e, discordando de Bryusov na compreensão das tarefas da arte contemporânea, ainda escreve muito, com facilidade, desinteresse. Uma após a outra, são publicadas as coleções “Pássaros no Ar” (1908), “Round Dance of Times” (1908), “Green Heliport” (1909). A. Blok fala deles com uma dureza incomum.
Em maio de 1913, depois que uma anistia foi anunciada em conexão com o tricentenário da dinastia Romanov, Balmont retornou à Rússia e por algum tempo se viu no centro das atenções da comunidade literária. Nessa época, ele não era apenas um poeta famoso, mas também o autor de três livros contendo artigos de crítica literária e estética: Mountain Peaks (1904), White Lightnings (1908), Sea Glow (1910).
Antes da Revolução de Outubro, Balmont criou mais duas coleções verdadeiramente interessantes, Ash (1916) e Sonnets of the Sun, Honey and Moon (1917).
Balmont saudou a derrubada da autocracia, mas os eventos que se seguiram à revolução o assustaram e, graças ao apoio de A. Lunacharsky, Balmont recebeu permissão em junho de 1920 para viajar temporariamente para o exterior. A partida temporária transformou-se em longos anos de emigração para o poeta.
No exílio, Balmont publicou várias coleções de poesia: A Gift to the Earth (1921), Haze (1922), Mine to Her (1923), Parted Distances (1929), Northern Lights (1931), Blue ferradura "(1935)," Serviço leve "(1936-1937).
Ele morreu em 23 de dezembro de 1942 de pneumonia. Ele foi enterrado na cidade de Noisy le Grand, perto de Paris, onde morou nos últimos anos.

Konstantin Balmont (1867-1942) é um notável poeta simbolista, um dos mais brilhantes representantes da poesia russa da Idade de Prata. Autor de vários tratados filológicos, ensaios críticos e estudos históricos e literários. Balmont é um tradutor talentoso que adaptou obras escritas em vários idiomas para o russo. A partir do final dos anos 90 do século 19, ele literalmente reinou na poesia russa, pela qual recebeu o apelido de "o rei sol das letras russas".

Infância e juventude

Konstantin Balmont nasceu em 15 de junho de 1867 na pequena aldeia de Gumnishchi, província de Vladimir, onde estava localizada a propriedade dos pais. Seu pai era proprietário de terras e trabalhou pela primeira vez como magistrado, após o que se mudou para servir no conselho de Zemstvo. A mãe, Vera Nikolaevna, foi bem educada e desde a infância carregou o filho para o mundo sem limites da criatividade literária.

Quando o menino tinha 10 anos, a família se mudou para a cidade de Shuya. Aqui Konstantin estava determinado a estudar no ginásio local, mas na 7ª série ele foi expulso por participar das atividades do círculo revolucionário. Portanto, ele teve que terminar seus estudos no ginásio de Vladimir. Em 1886, Balmont começou seus estudos na Universidade de Moscou, mas aqui também não deu certo. Um ano depois, por trabalho antigovernamental em círculos estudantis, ele foi expulso e enviado para o exílio em Shuya.

Balmont nunca recebeu um ensino superior, embora tenha sido reintegrado na universidade. Devido à exaustão nervosa severa, ele deixou as paredes da alma mater. Não foi possível concluir seus estudos no Liceu Yaroslavl Demidov, onde o poeta também entrou. Mas graças à sua diligência e diligência, tornou-se um dos representantes mais eruditos de sua geração, tendo aprendido cerca de 15 idiomas e sendo bem versado em química, história e etnografia.

Caminho poético

Em 1890, o primeiro livro de Balmont, A Collection of Poems, foi publicado em Yaroslavl. As obras desta época têm uma marca clara do populismo tardio com sua tristeza e melancolia, menosprezando quase todos os poemas. O autor comprou quase toda a pequena edição e a destruiu com as próprias mãos.

A princípio, Konstantin não se destacou muito no contexto de muitos outros mestres da palavra poética. A situação começa a mudar após a publicação de duas coletâneas de poemas "Sob o Céu do Norte" (1894) e "Na Vastidão" (1895), nas quais já se traçava a formação de sua mestria. O conhecimento de V. Bryusov ajudou a ver seu lugar na poesia e fortaleceu muito sua autoconfiança. Em 1898, surgiu a coleção "Silêncio", não deixando dúvidas sobre a grandeza de seu autor.

No início do novo século, começa o florescimento da criatividade de Balmont. Em 1900, foi publicada a coletânea Burning Buildings, no prefácio ao qual o poeta diz: "Neste livro, falo não só por mim, mas também pelos outros que estão em silêncio". Em 1902, Konstantin Dmitrievich foi forçado a ir para o exterior por ler o poema antigovernamental "O Pequeno Sultão". Ele visitará muitos países do Velho Mundo, EUA e México, e retornará à Rússia apenas em 1905. Foi nesse período que uma das melhores coletâneas "Only Love" e "Let's Be Like the Sun" (1903) saiu de sua caneta. O último A. Blok chamará de uma das maiores criações do simbolismo. O próprio poeta não negou isso, escrevendo em uma de suas autobiografias: "Estou convencido de que antes de mim na Rússia eles não sabiam escrever poesia sonora".

A primeira revolução russa ecoou no coração de Balmont com uma série de poemas que caíram nas coleções de poesia "Poemas" (1906) e "Canções do Vingador" (1907). Não querendo incorrer em uma reação negativa do governo czarista, ele emigra para a França, onde viverá até 1913. Assim, o poeta retirou-se da acirrada disputa dos simbolistas, que então se desenrolava no país. Mas ele, como sempre, é frutífero, escreve muito e com facilidade, tendo publicado três coleções em 1908-1909: "Dança dos Tempos", "Pássaros no Ar" e "Heliporto Verde".

Quando retornou à Rússia, Konstantin Dmitrievich já era conhecido como autor de uma série de artigos repletos de críticas que receberam uma ótima resposta - "Mountain Peaks" (1904), "White Lightning" (1908) e "Sea Glow" (1910).

Balmont aceitou a queda do poder czarista, mas os eventos da Guerra Civil o assustaram muito e, usando o patrocínio do Comissário de Educação do Povo Lunacharsky, ele conseguiu ir para o exterior. A princípio, o poeta considerou essa partida como temporária, mas a viagem acabou sendo uma longa emigração.

A vida no exílio

Na primeira década de sua vida no exterior, Balmont é bastante frutífero. Muitas coleções magníficas saem de sua caneta - "Minha-ela. Poemas sobre a Rússia" (1923), Presente da Terra "(1921)," Na distância dividida "(1929). Nessa época, surgiram a prosa autobiográfica "Sob a nova foice" e o livro de memórias "Onde fica minha casa?".

Com o início dos anos 30, a família Balmont sentiu totalmente a pobreza. De tempos em tempos, os fundos recebidos de fundos de ajuda para escritores russos não salvavam a situação. A situação piorou depois que o poeta foi diagnosticado com uma doença mental grave. Desde 1935, ele vive alternadamente em uma casa de caridade, depois em um apartamento alugado barato. Em raros momentos de insight, ele tentou reler "Guerra e Paz" e suas obras antigas. O poeta russo morreu em um orfanato russo em Paris em 23 de dezembro de 1942.

Poeta inovador

Konstantin Balmont é merecidamente considerado um dos destacados representantes do simbolismo, personificando sua direção impressionista. A sua poesia distingue-se pela extraordinária musicalidade e brilho. Para ele, a beleza estava associada a um elemento formidável que aparece diante de nós ou angelicamente puro e brilhante, ou demonicamente escuro e terrível. Mas qualquer que seja o elemento, ele sempre permanece livre, irracional e vivo, completamente fora do controle da mente humana.

Balmont conseguiu definir seu próprio "eu" mais profundo do que os outros no rico mundo das reencarnações, que estava extraordinariamente distante da realidade. Ele não tenta falar sobre este mundo. Em vez disso, ele compartilha suas impressões e humores pessoais com o leitor, tentando reverter a realidade com seu mundo subjetivo. Balmont foi caracterizado por um profundo democratismo, manifestado em uma reação sensível e razoável aos acontecimentos políticos e sociais da época.

O. Mandelstam certa vez descreveu com muita precisão a poesia de Balmont como "representação estrangeira de um poder fonético inexistente".

Vida pessoal

Com sua primeira esposa, Larisa Garelina, filha de um fabricante de Ivanovo-Voznesensk, ele conheceu em 1888 no teatro, onde ela se apresentou no palco amador. Mesmo antes do casamento, a mãe do poeta era categoricamente contra o casamento e acabou por estar certa. Não havia vida familiar feliz. A paixão da esposa pelo álcool, a morte do primeiro filho e a doença grave do segundo, além da pobreza crônica, impossibilitaram a vida do poeta. Ele até tentou cometer suicídio, mas não conseguiu completar o plano. Posteriormente, este episódio encontrará expressão numa série de obras "A Noiva Branca", "Scream in the Night" e algumas outras.

Após o divórcio de Garelina, a poetisa Mirra Lokhvitskaya tornou-se a nova musa de Balmont. Na época do encontro, ela era casada e tinha cinco filhos. A estreita relação dos poetas surgiu com base em ideias comuns sobre a literatura. No entanto, uma morte precoce devido a uma doença grave interrompeu o romance. Em homenagem à sua amada, Balmont lançará uma das melhores coleções, "We'll Be Like the Sun", e em memória dela, ela nomeará sua filha de sua nova esposa, Elena Tsvetkovskaya, Mirra. O poeta escreve mais tarde: "Os anos brilhantes dos meus sentimentos por ela... estão claramente refletidos no meu trabalho".

A segunda esposa oficial de Konstantin Dmitrievich foi Ekaterina Andreeva-Balmont, cujos pais eram comerciantes proeminentes. Ela, como o marido, era escritora. Juntamente com Balmont, eles estavam envolvidos em traduções, em particular, adaptando as obras de G. Hauptmann e O. Nansen para o idioma russo. Em 1901, o casal terá uma filha, Nika, em homenagem à qual seu pai escreverá uma coleção de poemas "Contos de Fadas". Outra paixão no período estrangeiro será Dagmar Shakhovskaya, a quem o poeta dedicará 858 cartas de amor cheias de sentimentos ternos. No entanto, não é ela quem passará os últimos anos de sua vida com o poeta lentamente desaparecendo, mas a esposa de direito comum Ekaterina Tsvetkovskaya.

Konstantin Dmitrievich Balmont nasceu em 3 (15) de junho de 1867 na vila de Gumnishchi, distrito de Shuisky, província de Vladimir. Pai, Dmitry Konstantinovich, serviu no tribunal distrital de Shuisky e zemstvo, tendo passado de um pequeno funcionário no posto de escrivão colegiado para um juiz de paz e depois para o presidente do conselho distrital de zemstvo. Mãe, Vera Nikolaevna, nascida Lebedeva, era uma mulher educada e influenciou muito as perspectivas futuras do poeta, apresentando-o ao mundo da música, literatura, história.

Em 1876-1883, Balmont estudou no ginásio Shuya, de onde foi expulso por participar de um círculo antigovernamental. Ele continuou sua educação no Ginásio Vladimir, depois na Universidade de Moscou e no Liceu Demidov em Yaroslavl. Em 1887 ele foi expulso da Universidade de Moscou por participação na agitação estudantil e exilado em Shuya. Ele nunca recebeu uma educação superior, mas graças à sua diligência e curiosidade, tornou-se uma das pessoas mais eruditas e cultas de seu tempo. Balmont lia anualmente um grande número de livros, estudou, segundo várias fontes, de 14 a 16 idiomas, além de literatura e arte, gostava de história, etnografia e química.

A poesia começou a escrever na infância. O primeiro livro de poemas "Coleção de Poemas" foi publicado em Yaroslavl às custas do autor em 1890. O jovem poeta, após o lançamento do livro, queimou quase toda a pequena tiragem.

O momento decisivo na formação da visão de mundo poética de Balmont foi meados da década de 1890. Até agora, seus poemas não se destacaram como algo especial entre a poesia populista tardia. Publicação das coleções “Sob o Céu do Norte” (1894) e “Na Vastidão” (1895), tradução de duas obras científicas “História da Literatura Escandinava” de Gorn-Schweitzer e “História da Literatura Italiana” de Gaspari, [V. Bryusov] e outros representantes da nova direção da arte, fortaleceram a fé do poeta em si mesmo e em seu destino especial. Em 1898, Balmont lançou a coleção "Silence", que finalmente marcou o lugar do autor na literatura moderna.

Balmont estava destinado a se tornar um dos fundadores de uma nova direção na literatura - o simbolismo. No entanto, entre os "simbolistas seniores" ([D. Merezhkovsky[, [Z. Gippius], [F. Sologub], [V. Bryusov]) e entre os "júnior" ([A. Blok], [Andrei Bely ], Vyacheslav Ivanov ), ele teve uma posição própria associada a uma compreensão mais ampla do simbolismo como poesia, que, além de um significado específico, tem um conteúdo oculto, expresso por meio de dicas, humor e som musical. De todos os simbolistas, Balmont desenvolveu mais consistentemente o ramo impressionista. Seu mundo poético é o mundo das melhores observações fugazes, dos sentimentos frágeis.

Os precursores de Balmont na poesia foram, em sua opinião, Zhukovsky, Lermontov, Fet, Shelley e E. Poe.

A fama generalizada chegou a Balmont bastante tarde, e no final da década de 1890 ele era conhecido como um talentoso tradutor de norueguês, espanhol, inglês e outros idiomas.

Em 1903, foi publicada uma das melhores coletâneas do poeta "Seremos como o sol" e a coletânea "Só Amor". E antes disso, para o poema antigovernamental "O Pequeno Sultão", lido em uma noite literária na Duma da cidade, as autoridades expulsaram Balmont de São Petersburgo, proibindo-o de morar em outras cidades universitárias. E em 1902, Balmont foi para o exterior, sendo um emigrante político.

Além de quase todos os países europeus, Balmont visitou os Estados Unidos da América e o México, e no verão de 1905 retornou a Moscou, onde foram publicadas suas duas coleções Liturgia da Beleza e Contos de Fadas.

Balmont responde aos acontecimentos da primeira revolução russa com as coleções Poems (1906) e Songs of the Avenger (1907). Temendo perseguição, o poeta novamente deixa a Rússia e parte para a França, onde mora até 1913. Daqui ele viaja para a Espanha, Egito, América do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Indonésia, Ceilão, Índia.

O livro Firebird, publicado em 1907. O cachimbo de um eslavo”, no qual Balmont desenvolveu o tema nacional, não lhe trouxe sucesso, e a partir daí começa o declínio gradual da fama do poeta. No entanto, o próprio Balmont não estava ciente de seu declínio criativo. Mantém-se alheio à acirrada polêmica entre os Simbolistas, que está sendo conduzida nas páginas de Libra e O Velocino de Ouro, discorda de Bryusov na compreensão das tarefas da arte contemporânea, ainda escreve muito, com facilidade, desinteresse. Uma após a outra, são publicadas as coleções “Pássaros no Ar” (1908), “Round Dance of Times” (1908), “Green Heliport” (1909). Ele fala deles com nitidez incomum [A. Quadra].

Em maio de 1913, depois que uma anistia foi anunciada em conexão com o tricentenário da dinastia Romanov, Balmont retornou à Rússia e por algum tempo se viu no centro das atenções da comunidade literária. Nessa época, ele não era apenas um poeta famoso, mas também o autor de três livros contendo artigos de crítica literária e estética: Mountain Peaks (1904), White Lightnings (1908), Sea Glow (1910).

Antes da Revolução de Outubro, Balmont criou mais duas coleções verdadeiramente interessantes, Ash (1916) e Sonnets of the Sun, Honey and Moon (1917).

Balmont saudou a derrubada da autocracia, mas os eventos que se seguiram à revolução o assustaram e, graças ao apoio de A. Lunacharsky, Balmont recebeu permissão em junho de 1920 para viajar temporariamente para o exterior. A partida temporária transformou-se em longos anos de emigração para o poeta.

Ele morreu em 23 de dezembro de 1942 de pneumonia. Ele foi enterrado na cidade de Noisy le Grand, perto de Paris, onde morou nos últimos anos.

Konstantin Dmitrievich Balmont(3 de junho de 1867, a vila de Gumnishchi, província de Vladimir - 23 de dezembro de 1942, Noisy-le-Grand, França) - poeta simbolista, tradutor, ensaísta, um dos representantes mais proeminentes da poesia russa da Idade de Prata. Publicou 35 coleções de poesia, 20 livros de prosa, traduzidos de vários idiomas (W. Blake, E. Poe, P. B. Shelley, O. Wilde, G. Hauptman, S. Baudelaire, G. Zuderman; canções espanholas, eslovaco, poesia épica georgiana, iugoslava, búlgara, lituana, mexicana, japonesa). Autor de prosa autobiográfica, memórias, tratados filológicos, estudos históricos e literários e ensaios críticos.

Konstantin Balmont nasceu em 3 (15) de junho de 1867 na vila de Gumnishchi, distrito de Shuisky, província de Vladimir, o terceiro de sete filhos. Sabe-se que o avô do poeta era oficial da marinha. O padre Dmitry Konstantinovich Balmont (1835-1907) serviu no tribunal distrital de Shuya e zemstvo: primeiro como escrivão colegiado, depois como juiz de paz e, finalmente, como presidente do conselho distrital de zemstvo. Madre Vera Nikolaevna, nascida Lebedeva, vinha da família de um general, na qual eles amavam a literatura e se dedicavam profissionalmente a ela; ela apareceu na imprensa local, organizou noites literárias, apresentações amadoras; teve forte influência na visão de mundo do futuro poeta, introduzindo-o no mundo da música, da literatura, da história, e foi a primeira a ensiná-lo a compreender a "beleza da alma feminina". Vera Nikolaevna conhecia bem línguas estrangeiras, lia muito e "não era alheia a alguns pensamentos livres": convidados "não confiáveis" foram recebidos na casa. Foi de sua mãe que Balmont, como ele mesmo escreveu, herdou "descontrole e paixão", todo o seu "sistema mental".

Infância

O futuro poeta aprendeu a ler sozinho aos cinco anos, espionando a mãe, que ensinou o irmão mais velho a ler e escrever. O pai emocionado presenteou Konstantin nesta ocasião com o primeiro livro, "algo sobre oceanos selvagens". A mãe apresentou ao filho amostras da melhor poesia. “Os primeiros poetas que li foram canções folclóricas, Nikitin, Koltsov, Nekrasov e Pushkin. De todos os poemas do mundo, eu amo mais os Picos das Montanhas de Lermontov (não Goethe, Lermontov) ”, escreveu o poeta mais tarde. Ao mesmo tempo, “... Meus melhores professores de poesia foram a fazenda, o jardim, os riachos, os lagos do pântano, o farfalhar das folhas, das borboletas, dos pássaros e das auroras”, recordou nos anos 1910. “Um belo pequeno reino de conforto e silêncio”, ele escreveu mais tarde sobre uma vila com uma dúzia de cabanas, na qual havia uma propriedade modesta - uma casa antiga cercada por um jardim sombrio. Os celeiros e a terra natal onde se passaram os primeiros dez anos de sua vida, o poeta relembrou toda a sua vida e sempre descreveu com muito amor.

Quando chegou a hora de mandar as crianças mais velhas para a escola, a família mudou-se para Shuya. A mudança para a cidade não significou uma separação da natureza: a casa Balmont, rodeada por um vasto jardim, situava-se na pitoresca margem do rio Teza; seu pai, um amante da caça, costumava viajar para Gumnishchi, e Konstantin o acompanhava com mais frequência do que outros. Em 1876, Balmont entrou na aula preparatória do ginásio Shuya, que mais tarde chamou de "ninho de decadência e capitalistas, cujas fábricas estragavam o ar e a água do rio". No começo, o menino progrediu, mas logo se cansou dos estudos e seu desempenho diminuiu, mas chegou a hora da leitura bêbada, e ele leu obras francesas e alemãs no original. Impressionado com o que lia, aos dez anos começou a escrever poesia. “Em um dia ensolarado, eles surgiram, dois poemas ao mesmo tempo, um sobre o inverno, o outro sobre o verão”, lembrou. Esses empreendimentos poéticos, no entanto, foram criticados por sua mãe, e o menino não tentou repetir sua experiência poética por seis anos.

Balmont foi expulso da sétima série em 1884 por pertencer a um círculo ilegal, que consistia de estudantes do ensino médio, alunos visitantes e professores, e estava envolvido na impressão e distribuição de proclamações do comitê executivo do partido Narodnaya Volya em Shuya. Mais tarde, o poeta explicou o pano de fundo desse humor revolucionário inicial da seguinte forma: “... Eu estava feliz e queria que todos fossem igualmente bons. Pareceu-me que se é bom só para mim e para poucos, é feio.”

Através dos esforços de sua mãe, Balmont foi transferido para o ginásio da cidade de Vladimir. Mas aqui ele teve que morar em um apartamento com um professor grego, que zelosamente desempenhava as funções de "supervisor". No final de 1885, Balmont, um estudante do último ano, fez sua estréia literária. Três de seus poemas foram publicados na popular revista de São Petersburgo "Picturesque Review" (2 de novembro a 7 de dezembro). Este evento não foi notado por ninguém, exceto pelo mentor, que proibiu Balmont de publicar até o final de seus estudos no ginásio. Balmont se formou no curso em 1886, em suas próprias palavras, "tendo vivido, como na prisão, por um ano e meio". “Eu amaldiçoo o ginásio com todas as minhas forças. Ela desfigurou meu sistema nervoso por muito tempo ”, escreveu o poeta mais tarde. Ele descreveu sua infância e juventude em detalhes em seu romance autobiográfico Under the New Sickle (Berlim, 1923). Aos dezessete anos, Balmont também experimentou seu primeiro choque literário: o romance Os Irmãos Karamazov, como ele mais tarde lembrou, deu-lhe "mais do que qualquer livro do mundo".

Em 1886, Konstantin Balmont ingressou na faculdade de direito da Universidade de Moscou, onde se tornou amigo íntimo de P. F. Nikolaev, um revolucionário dos anos sessenta. Mas já em 1887, por participar dos tumultos (relacionados à introdução de uma nova carta universitária, que os alunos consideravam reacionária), Balmont foi expulso, preso e encarcerado por três dias na prisão de Butyrka e depois enviado para Shuya sem julgamento. Balmont, que "em sua juventude estava mais interessado em questões públicas", até o fim de sua vida se considerava um revolucionário e um rebelde que sonhava "com a encarnação da felicidade humana na terra". A poesia no interesse de Balmont só prevaleceu mais tarde; em sua juventude, ele tentou se tornar um propagandista e "ir ao povo".

Estreia literária

Em 1889, Balmont retornou à universidade, mas devido a uma severa exaustão nervosa não pôde estudar - nem lá nem no Liceu de Ciências Jurídicas Yaroslavl Demidov, onde entrou com sucesso. Em setembro de 1890, ele foi expulso do liceu e deixou tentativas de obter uma "educação estatal" sobre isso. “... eu não podia me forçar, mas vivia verdadeira e intensamente a vida do meu coração, e também tinha uma grande paixão pela literatura alemã”, escreveu ele em 1911. Balmont devia seu conhecimento no campo da história, filosofia, literatura e filologia a si mesmo e seu irmão mais velho, que era apaixonado por filosofia. Balmont lembrou que aos 13 anos aprendeu a palavra inglesa selfhelp (“self-help”), desde então se apaixonou pela pesquisa e pelo “trabalho mental” e trabalhou, poupando suas forças, até o fim de seus dias.

Em 1889, Balmont casou-se com Larisa Garelina, filha de um fabricante de Shuya. Um ano depois, em Yaroslavl, às suas próprias custas, publicou sua primeira "Coleção de Poemas"; alguns dos trabalhos juvenis incluídos no livro foram publicados já em 1885. O conhecimento do jovem poeta com V. G. Korolenko remonta a essa época. O conhecido escritor, tendo recebido um caderno com seus poemas dos camaradas de Balmont no ginásio, levou-os a sério e escreveu uma carta detalhada ao aluno do ginásio - uma revisão benevolente do mentor. “Ele me escreveu que eu tenho muitos detalhes bonitos, tirados com sucesso do mundo natural, que você precisa focar sua atenção, e não perseguir cada mariposa que passa, que você não precisa apressar seu sentimento com o pensamento, mas você precisa confiar na área inconsciente da alma, que imperceptivelmente acumula suas observações e comparações e, de repente, tudo floresce, como uma flor desabrocha após um longo poro invisível de acumular suas forças, ”, lembrou Balmont. “Se você conseguir se concentrar e trabalhar, ouviremos algo extraordinário de você com o tempo”, finalizou a carta de Korolenko, a quem o poeta mais tarde chamou de seu “padrinho”. No entanto, a coleção de estreia de 1890 não despertou interesse, pessoas próximas não a aceitaram e, logo após o lançamento, o poeta queimou quase toda a pequena edição.

Em março de 1890, ocorreu um incidente que deixou uma marca em toda a vida posterior de Balmont: ele tentou cometer suicídio, se jogou de uma janela do terceiro andar, sofreu fraturas graves e passou um ano na cama. Acreditava-se que o desespero de sua família e situação financeira o levou a tal ato: o casamento brigou com os pais de Balmont e o privou de apoio financeiro, o ímpeto imediato foi a Sonata Kreutzer lida pouco antes. O ano passado na cama, como o próprio poeta recordou, revelou-se criativamente muito frutífero e levou a "um florescimento sem precedentes de excitação mental e alegria". Foi durante este ano que se realizou como poeta, viu o seu próprio destino. Em 1923, na história biográfica The Airway, ele escreveu:

Algum tempo depois de sua doença, Balmont, nessa época separado de sua esposa, vivia em necessidade; ele, segundo suas próprias lembranças, durante meses "não sabia o que era estar cheio, e aproximou-se da padaria para admirar os pãezinhos e o pão através do vidro". “O início da atividade literária foi associado a muitos tormentos e fracassos. Durante quatro ou cinco anos nenhuma revista quis me imprimir. A primeira coletânea de meus poemas... não teve, é claro, nenhum sucesso. Pessoas próximas, com sua atitude negativa, aumentaram significativamente a gravidade das primeiras falhas ”, escreveu ele em uma carta autobiográfica de 1903. Por "pessoas próximas" o poeta quis dizer sua esposa Larisa, bem como amigos entre os "estudantes pensantes" que receberam a publicação com hostilidade, acreditando que o autor havia traído os "ideais de luta social" e se fechado no quadro de "Pura arte". Nesses dias difíceis, Balmont foi novamente ajudado por V. G. Korolenko. “Agora ele veio a mim, muito esmagado por várias dificuldades, mas aparentemente não desanimado. Ele, coitado, é muito tímido, e uma atitude simples e atenta ao seu trabalho já o encorajará e fará a diferença ”, escreveu ele em setembro de 1891, referindo-se a M. N. Albov, então um dos editores do Severny Revista Vestnik ”, com um pedido de atenção ao poeta iniciante.

Professor da Universidade de Moscou N. I. Storozhenko também prestou grande assistência a Balmont. “Ele realmente me salvou da fome e, como um pai para seu filho, jogou uma ponte fiel...”, relembrou o poeta mais tarde. Balmont levou seu artigo sobre Shelley para ele (“muito ruim”, segundo sua própria admissão posterior), e colocou o escritor iniciante sob sua asa. Foi Storozhenko quem convenceu o editor K. T. Soldatenkov a confiar ao poeta principiante a tradução de dois livros fundamentais - História da literatura escandinava de Gorn-Schweitzer e História da literatura italiana de Gaspari. Ambas as traduções foram publicadas em 1894-1895. “Essas obras foram meu pão de cada dia por três anos inteiros e me deram a oportunidade de realizar meus sonhos poéticos”, escreveu Balmont no ensaio “Seeing Eyes”. Em 1887-1889, o poeta traduziu ativamente autores alemães e franceses, depois, em 1892-1894, começou a trabalhar nas obras de Percy Shelley e Edgar Allan Poe; É este período que é considerado o tempo de sua formação criativa.

O professor Storozhenko, além disso, apresentou Balmont ao escritório editorial do Severny Vestnik, em torno do qual os poetas da nova direção estavam agrupados. A primeira viagem de Balmont a São Petersburgo ocorreu em outubro de 1892: aqui ele conheceu N. M. Minsky, D. S. Merezhkovsky e Z. N. Gippius; as impressões róseas gerais, no entanto, foram ofuscadas pela antipatia mútua emergente com o último.

A partir de sua atividade de tradução, Balmont se aproximou do filantropo, conhecedor das literaturas da Europa Ocidental, o príncipe A. N. Urusov, que em muitos aspectos contribuiu para a expansão dos horizontes literários do jovem poeta. À custa do filantropo, Balmont publicou dois livros de traduções de Edgar Allan Poe (“Baladas e Fantasias”, “Contos Misteriosos”). “Ele publicou minha tradução dos Contos Misteriosos de Poe e elogiou em voz alta meus primeiros poemas, que compilaram os livros Sob o céu do norte e In the Boundlessness”, lembrou Balmont mais tarde. “Urusov ajudou minha alma a se libertar, me ajudou a me encontrar”, escreveu o poeta em 1904 em seu livro Mountain Peaks. Chamando seus empreendimentos de “... passos ridicularizados em vidro quebrado, em pedras escuras e afiadas, ao longo de uma estrada empoeirada, como se não levassem a nada”, Balmont, entre as pessoas que o ajudaram, também observou o tradutor e publicitário P. F. Nikolaev.

Em setembro de 1894, no estudante "Círculo dos Amantes da Literatura da Europa Ocidental", Balmont conheceu V. Ya. Bryusov, que mais tarde se tornou seu amigo mais próximo. Bryusov escreveu sobre a impressão "excepcional" que a personalidade do poeta e seu "amor frenético pela poesia" causaram nele.

A coleção "Sob o Céu do Norte", publicada em 1894, é considerada o ponto de partida do caminho criativo de Balmont. Em dezembro de 1893, pouco antes da publicação do livro, o poeta escreveu em carta a N. M. Minsky: “Escrevi toda uma série de poemas (os meus) e em janeiro começarei a imprimi-los em um livro separado. Tenho o pressentimento de que meus amigos liberais vão me repreender muito, porque não há liberalismo neles, mas há bastantes humores “corruptores”. Os poemas eram, em muitos aspectos, um produto de seu tempo (cheios de reclamações sobre uma vida monótona e sombria, descrições de experiências românticas), mas os pressentimentos do aspirante a poeta eram apenas parcialmente justificados: o livro recebeu uma ampla resposta e as críticas foram em sua maioria positivas. . Eles notaram o talento indiscutível do estreante, sua "própria fisionomia, a graça da forma" e a liberdade com que a possui.

Eleve-se à glória

Se a estreia de 1894 não diferia em originalidade, então na segunda coleção "No ilimitado" (1895), Balmont começou a buscar "novo espaço, nova liberdade", as possibilidades de combinar a palavra poética com a melodia. “... Mostrei o que um poeta que ama a música pode fazer com o verso russo. Eles têm ritmos e sinos de eufonias, encontrados pela primeira vez ”, escreveu mais tarde sobre os poemas da década de 1890. Apesar do fato de que os críticos contemporâneos reconheceram a coleção de Balmont “In the Vastness” como malsucedida, “o brilho do verso e do vôo poético” (de acordo com o Dicionário Enciclopédico de Brockhaus e Efron) forneceu ao jovem poeta acesso às principais revistas literárias.

A década de 1890 foi para Balmont um período de trabalho criativo ativo em uma ampla variedade de campos do conhecimento. O poeta, que tinha uma capacidade fenomenal para o trabalho, dominava "uma após a outra, muitas línguas, deliciando-se com o trabalho, como um homem possuído... Sânscrito." Ele estudou com entusiasmo a história da Rússia, livros sobre ciências naturais e arte popular. Já em seus anos de maturidade, dirigindo-se a escritores iniciantes com instrução, ele escreveu que um estreante precisa “... um barco e, talvez, você possa beijar alguém. Poder ler 100, e 300, e 3.000 livros, entre os quais há muitos, muitos chatos. Ame não só a alegria, mas também a dor. Silenciosamente valorize em si não apenas a felicidade, mas também a saudade que perfura seu coração.

Em 1895, Balmont conheceu Jurgis Baltrushaitis, que gradualmente se transformou em uma amizade que durou muitos anos, e S. A. Polyakov, um educado empresário de Moscou, matemático e poliglota, tradutor de Knut Hamsun. Foi Polyakov, o editor da revista modernista Vese, que cinco anos depois fundou a editora simbolista Scorpion, que publicou os melhores livros de Balmont.

Em 1896, Balmont casou-se com o tradutor E. A. Andreeva e foi com sua esposa para a Europa Ocidental. Vários anos passados ​​no exterior proporcionaram ao escritor iniciante, que se interessava, além do assunto principal, por história, religião e filosofia, grandes oportunidades. Ele visitou a França, Holanda, Espanha, Itália, passando muito tempo em bibliotecas, aprimorando seus conhecimentos de idiomas. Nos mesmos dias, ele escreveu para sua mãe de Roma: “Todo este ano no exterior, eu me sinto no palco, entre a paisagem. E lá - ao longe - minha triste beleza, pela qual não tomo dez Itália. ” Na primavera de 1897, Balmont foi convidado à Inglaterra para dar uma palestra sobre poesia russa na Universidade de Oxford, onde conheceu, em particular, o antropólogo Edward Tylor e o filólogo e historiador das religiões Thomas Rhys-Davids. “Pela primeira vez na minha vida, vivo inteiramente e indivisível por interesses estéticos e mentais, e não me canso dos tesouros da pintura, poesia e filosofia”, escreveu ele com entusiasmo a Akim Volynsky. As impressões das viagens de 1896-1897 foram refletidas na coleção "Silêncio": foi percebido pela crítica como o melhor livro do poeta na época. “Pareceu-me que a coleção traz a marca de um estilo cada vez mais forte. Seu próprio estilo e cor Balmont”, escreveu o príncipe Urusov ao poeta em 1898. Em 1899, K. Balmont foi eleito membro da Sociedade dos Amantes da Literatura Russa.

Pico de popularidade

No final da década de 1890, Balmont não ficou muito tempo no mesmo lugar; os principais pontos de sua rota foram São Petersburgo (outubro de 1898 - abril de 1899), Moscou e região de Moscou (maio - setembro de 1899), Berlim, Paris, Espanha, Biarritz e Oxford (final do ano). Em 1899, Balmont escreveu à poetisa L. Vilkina:

A coleção "Burning Buildings" (1900), que ocupa um lugar central na biografia criativa do poeta, foi criada em sua maior parte nas "Bathhouses" da propriedade de Polyakov, no distrito de Moscou; seu dono foi mencionado com muito carinho na dedicatória. “Você tem que ser impiedoso consigo mesmo. Só então algo pode ser alcançado ”Balmont formulou seu lema no prefácio de Burning Buildings com essas palavras. O autor definiu a principal tarefa do livro como o desejo de libertação interior e autoconhecimento. Em 1901, enviando a coleção para L. N. Tolstoy, o poeta escreveu: “Este livro é um grito contínuo de uma alma dilacerada e, se você quiser, miserável, feio. Mas não recusarei nenhuma de suas páginas e - por enquanto - amo tanto a feiura quanto a harmonia. Graças à coleção Burning Buildings, Balmont ganhou fama em toda a Rússia e se tornou um dos líderes do simbolismo, um novo movimento na literatura russa. “Durante uma década, Balmont reinou indivisivelmente sobre a poesia russa. Outros poetas o seguiram obedientemente ou, com grande esforço, defenderam sua independência de sua influência esmagadora”, escreveu V. Ya. Bryusov.

Gradualmente, o modo de vida de Balmont, em grande parte sob a influência de S. Polyakov, começou a mudar. A vida do poeta em Moscou passou em estudos assíduos em casa, alternando com folias tempestuosas, quando uma esposa alarmada começou a procurá-lo por toda a cidade. Ao mesmo tempo, a inspiração não deixou o poeta. “Aconteceu-me algo mais complicado do que eu esperava, e agora estou escrevendo página após página, correndo e me vigiando, para não me enganar com alegre pressa. Quão inesperada é a sua própria alma! Vale a pena olhar para ele para ver novas distâncias... sinto que ataquei o minério... E se não deixar esta terra, escreverei um livro que não morrerá”, escreveu em dezembro de 1900 a I. I. Yasinsky. A quarta coleção de poesias de Balmont Let's Be Like the Sun (1902) vendeu 1.800 exemplares em seis meses, o que foi considerado um sucesso inédito para uma publicação poética, garantiu a reputação do autor como líder do simbolismo e, em retrospecto, é considerado seu melhor livro poético. Blok chamou "Vamos ser como o sol" "um livro, único em seu tipo em termos de riqueza imensurável".

Conflito com o poder

Em 1901, ocorreu um evento que teve um impacto significativo na vida e obra de Balmont e o tornou "um verdadeiro herói em São Petersburgo". Em março, ele participou de uma manifestação estudantil em massa na praça perto da Catedral de Kazan, cuja principal demanda era a abolição do decreto sobre o envio de estudantes não confiáveis ​​para o serviço militar. A manifestação foi dispersada pela polícia e pelos cossacos, entre seus participantes estavam as vítimas. Em 14 de março, Balmont falou em uma noite literária no salão da Duma da cidade e leu o poema “O Pequeno Sultão”, que de forma velada criticava o regime de terror na Rússia e seu organizador, Nicolau II (“Isso foi na Turquia , onde a consciência é uma coisa vazia, aí reina o punho, chicote, cimitarra, dois ou três zeros, quatro canalhas e um sultão estúpido”). O poema ia de mão em mão, ia ser publicado no jornal Iskra por V. I. Lenin.

De acordo com a decisão da "reunião especial", o poeta foi expulso de São Petersburgo, por três anos perdeu o direito de residir na capital e nas cidades universitárias. Por vários meses ele ficou com amigos na propriedade Volkonsky Sabynino na província de Kursk (agora região de Belgorod), em março de 1902 ele partiu para Paris, depois morou na Inglaterra, Bélgica e novamente na França. No verão de 1903, Balmont retornou a Moscou, depois foi para a costa do Báltico, onde se dedicou à poesia, que foi incluída na coleção Only Love. Depois de passar o outono e o inverno em Moscou, no início de 1904, Balmont se encontrou novamente na Europa (Espanha, Suíça, depois de retornar a Moscou - França), onde atuou frequentemente como palestrante; em particular, ele deu palestras públicas sobre literatura russa e da Europa Ocidental em uma escola superior em Paris. Na época do lançamento da coleção “Só amor. Semitsvetnik (1903), o poeta já gozava de fama de toda a Rússia. Ele estava cercado por fãs e admiradores entusiasmados. “Uma categoria inteira de moças e moças de“ Balmontistas ”apareceu - vários Zinochki, Lyuba, Katenka constantemente se acotovelavam conosco, admiravam Balmont. Ele, é claro, desfraldou as velas e navegou alegremente ao vento ”, lembrou B.K. Zaitsev, que estava ao lado de Balmont.

Os círculos poéticos de balmonistas criados nesses anos tentaram imitar o ídolo não apenas na autoexpressão poética, mas também na vida. Já em 1896, Valery Bryusov escreveu sobre a “escola Balmont”, incluindo, em particular, Mirra Lokhvitskaya. “Todos adotam a aparência de Balmont: o acabamento brilhante do verso, a ostentação de rimas, consonâncias e a própria essência de sua poesia”, escreveu ele. Balmont, de acordo com Teffi, "surpreso e encantado com seu" carrilhão de harmonias de cristal "que derramou na alma com a primeira felicidade da primavera". “... A Rússia estava precisamente apaixonada por Balmont... Eles o liam, recitavam e cantavam no palco. Cavaliers sussurravam suas palavras para suas damas, colegiais as copiavam em cadernos ... ". Muitos poetas (incluindo Lokhvitskaya, Bryusov, Andrei Bely, Vyach. Ivanov, M. A. Voloshin, S. M. Gorodetsky) dedicaram poemas a ele, vendo nele um "gênio espontâneo", um Arigon eternamente livre, condenado a se elevar acima do mundo e completamente imerso " nas revelações de sua alma sem fundo."

"Nosso rei"
Em 1906, Balmont escreveu o poema "Our Tsar" sobre o imperador Nicolau II:

Nosso rei é Mukden, nosso rei é Tsushima,
Nosso rei é uma mancha de sangue
O cheiro de pólvora e fumaça
Em que a mente é escura...
Nosso rei é a miséria cega,
Prisão e chicote, jurisdição, execução,
Carrasco do czar, o baixo duas vezes,
O que ele prometeu, mas não se atreveu a dar.
Ele é um covarde, ele se sente gaguejando
Mas será, a hora do acerto de contas aguarda.
Quem começou a reinar - Khodynka,
Ele vai terminar - de pé no cadafalso.

Outro poema do mesmo ciclo - "Para Nicholas the Last" - terminava com as palavras: "Você deve ser morto, você se tornou um desastre para todos".

Em 1904-1905, a editora Scorpion publicou uma coleção de poemas de Balmont em dois volumes. Em janeiro de 1905, o poeta fez uma viagem ao México, de onde partiu para a Califórnia. As notas de viagem e ensaios do poeta, juntamente com suas transcrições de forma livre de mitos e lendas cosmogônicas nativas americanas, foram posteriormente incluídos em Snake Flowers (1910). Este período de trabalho de Balmont terminou com o lançamento da coleção Liturgia da Beleza. Elemental Hymns (1905), amplamente inspirado pelos eventos da Guerra Russo-Japonesa.

Em 1905, Balmont retornou à Rússia e participou ativamente da vida política. Em dezembro, o poeta, em suas próprias palavras, "participou na revolta armada de Moscou, mais na poesia". Tendo se aproximado de Maxim Gorky, Balmont iniciou uma cooperação ativa com o jornal social-democrata Novaya Zhizn e a revista parisiense Krasnoye Znamya, publicada por A. V. Amfiteatrov. E. Andreeva-Balmont confirma em suas memórias: em 1905 o poeta "foi arrebatado apaixonadamente pelo movimento revolucionário", "passou todos os seus dias na rua, construiu barricadas, fez discursos, subindo em pedestais". Em dezembro, durante os dias do levante de Moscou, Balmont estava frequentemente nas ruas, carregava um revólver carregado no bolso e fazia discursos para estudantes. Ele até esperava represálias contra si mesmo, como lhe parecia, um revolucionário completo. Seu entusiasmo pela revolução era sincero, embora, como o futuro mostrava, não profundo; temendo ser preso, na noite de 1906, o poeta partiu às pressas para Paris.

Primeira emigração: 1906-1913

Em 1906, Balmont se estabeleceu em Paris, considerando-se um emigrante político. Ele se estabeleceu no tranquilo bairro parisiense de Passy, ​​mas passou a maior parte do tempo em longas viagens. Quase imediatamente, sentiu uma forte saudade de casa. “A vida me obrigou a me afastar da Rússia por muito tempo, e às vezes me parece que não vivo mais, que apenas minhas cordas ainda soam”, escreveu ele ao professor F. D. Batyushkov em 1907. Ao contrário da crença popular, os temores do poeta de uma possível perseguição pelas autoridades russas não eram infundados. A. A. Ninov em seu estudo documental “Assim viviam os poetas …”, examinando em detalhes os materiais relativos às “atividades revolucionárias” de K. Balmont, chega à conclusão de que a Okhrana “considerava o poeta uma pessoa política perigosa ” e a supervisão secreta dele foi mantida até mesmo para a fronteira.

Duas coleções de 1906-1907 foram compiladas a partir de obras nas quais K. Balmont respondeu diretamente aos eventos da primeira revolução russa. O livro "Poemas" (São Petersburgo, 1906, "Conhecimento") foi confiscado pela polícia; "Songs of the Avenger" (Paris, 1907) foram proibidos de distribuição na Rússia. Nos anos da primeira emigração, também foram publicadas as coletâneas Evil Spells (1906), que foi detida pelos censores por causa de poemas “blasfemos”, assim como The Firebird. Pipe Slav" (1907) e "Heliporto Verde. Beijando palavras "(1909). O humor e as imagens desses livros, que refletiam o fascínio do poeta pelo antigo lado épico da cultura russa e eslava, estavam em consonância com The Calls of Antiquity (1909). A crítica falou desdenhosamente de uma nova virada no desenvolvimento criativo do poeta, mas o próprio Balmont não estava ciente e não reconheceu o declínio criativo.

Na primavera de 1907, Balmont visitou as Ilhas Baleares, no final de 1909 visitou o Egito, escrevendo uma série de ensaios que mais tarde compilou o livro “The Land of Osiris” (1914), em 1912 viajou para países do sul, que durou 11 meses, visitando as Ilhas Canárias, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Polinésia, Ceilão, Índia. A Oceania e a comunicação com os habitantes das ilhas da Nova Guiné, Samoa e Tonga causaram nele uma impressão particularmente profunda. “Quero enriquecer minha mente, que está entediada com a predominância exorbitante do elemento pessoal em toda a minha vida”, o poeta explicou sua paixão por viajar em uma de suas cartas.

Retorno: 1913-1920

Em 1913, uma anistia foi concedida aos emigrantes políticos por ocasião do 300º aniversário da dinastia Romanov e, em 5 de maio de 1913, Balmont retornou a Moscou. Na estação ferroviária de Brest, em Moscou, uma reunião pública solene foi organizada para ele. Os gendarmes proibiram o poeta de se dirigir ao público que o recebeu com um discurso; em vez disso, de acordo com os relatos da imprensa da época, ele espalhou lírios frescos do vale entre a multidão. Em homenagem ao regresso do poeta, foram organizadas recepções solenes na Sociedade de Estética Livre e no Círculo Literário e Artístico. Em 1914, foi concluída a publicação da coleção completa de poemas de Balmont em dez volumes, que durou sete anos. Ao mesmo tempo, ele publicou uma coleção de poesia “O Arquiteto Branco. O Mistério das Quatro Lâmpadas”, minhas impressões da Oceania.

Após o retorno, Balmont viajou muito pelo país com palestras ("Oceania", "Poestry as Magic" e outras). "O coração está encolhendo aqui ... há muitas lágrimas em nossa beleza", observou o poeta, depois de longas andanças até o Oka, aos prados e campos russos, onde "o centeio é do tamanho de um homem e mais alto". “Eu amo a Rússia e os russos. Oh, nós russos não nos valorizamos! Não sabemos quão condescendentes, pacientes e delicados somos. Acredito na Rússia, acredito em seu futuro mais brilhante”, escreveu em um dos artigos da época.

No início de 1914, o poeta voltou a Paris, depois em abril foi para a Geórgia, onde recebeu uma recepção magnífica (em particular, uma saudação de Akaki Tsereteli, o patriarca da literatura georgiana) e realizou um curso de palestras que foram um grande sucesso. O poeta começou a estudar a língua georgiana e assumiu a tradução do poema de Shota Rustaveli "The Knight in the Panther's Skin". Entre outras grandes obras de tradução de Balmont desta época está a transcrição de antigos monumentos indianos (“Upanishads”, dramas de Kalidasa, poema de Asvagosha “The Life of the Buddha”).

Da Geórgia, Balmont retornou à França, onde encontrou o início da Primeira Guerra Mundial. Somente no final de maio de 1915, por um caminho tortuoso - passando pela Inglaterra, Noruega e Suécia - o poeta retornou à Rússia. No final de setembro, Balmont fez uma viagem de dois meses às cidades da Rússia com palestras, e um ano depois repetiu a turnê, que acabou sendo mais longa e terminou no Extremo Oriente, de onde partiu brevemente para Japão em maio de 1916.

Em 1915, foi publicado o estudo teórico de Balmont "A Poesia como Magia" - uma espécie de continuação da declaração de 1900 "Palavras elementares sobre poesia simbólica"; nesse tratado sobre a essência e o propósito da poesia lírica, o poeta atribui à palavra "poder encantatório e mágico" e até mesmo "poder físico". A pesquisa deu continuidade em grande parte ao que havia sido iniciado nos livros Mountain Peaks (1904), White Lightnings (1908), Sea Glow (1910), dedicados à obra de poetas russos e europeus ocidentais. Ao mesmo tempo, ele escreveu sem cessar, especialmente muitas vezes referindo-se ao gênero do soneto. Durante esses anos, o poeta criou 255 sonetos, que compuseram a coleção "Sonetos do Sol, do Céu e da Lua" (1917). Livros Ash. A Visão da Árvore (1916) e Sonetos do Sol, Mel e Lua (1917) foram recebidos mais quentes que os anteriores, mas mesmo neles os críticos viram principalmente "monotonia e abundância de beleza banal".

Entre duas revoluções

Balmont saudou a Revolução de Fevereiro, começou a cooperar na Sociedade de Artes Proletárias, mas logo se desiludiu com o novo governo e se juntou ao partido dos Cadetes, que exigia que a guerra continuasse vitoriosa. Em uma das edições do jornal "Manhã da Rússia", ele saudou as atividades do general Lavr Kornilov. O poeta categoricamente não aceitou a Revolução de Outubro, que o deixou horrorizado com o "caos" e "furacão de loucura" dos "tempos conturbados" e reconsiderou muitas de suas visões anteriores. Sendo um defensor da liberdade absoluta, ele não aceitava a ditadura do proletariado, que considerava "um freio à liberdade de expressão". No livro publicitário de 1918, sou um revolucionário ou não? Balmont, caracterizando os bolcheviques como portadores do princípio destrutivo, suprimindo a "personalidade", no entanto expressou a convicção de que o poeta deve estar fora das festas, que o poeta "tem seus próprios caminhos, seu próprio destino - ele é mais um cometa do que um planeta (ou seja, ele não se move em uma determinada órbita).

Durante esses anos, Balmont viveu em Petrogrado com E. K. Tsvetkovskaya (1880-1943), sua terceira esposa, e filha Mirra, de tempos em tempos vindo a Moscou para E. A. Andreeva e filha Nina. Forçado desta forma a sustentar duas famílias, Balmont estava na pobreza, em parte também por causa da falta de vontade de se comprometer com o novo governo. Quando em uma palestra literária alguém deu a Balmont um bilhete perguntando por que ele não publicou suas obras, a resposta foi: “Eu não quero... não posso imprimir de quem tem sangue nas mãos”. Alegou-se que uma vez que a questão de sua execução foi discutida na Comissão Extraordinária, mas, como S. Polyakov escreveu mais tarde, "não houve maioria de votos".

Em 1920, junto com E. K. Tsvetkovskaya e sua filha Mirra, o poeta mudou-se para Moscou, onde "às vezes, para se aquecer, precisavam passar o dia inteiro na cama". Em relação às autoridades, Balmont foi leal: trabalhou no Comissariado do Povo para a Educação, preparou poemas e traduções para publicação e lecionou. No dia 1º de maio de 1920, no Salão das Colunas da Casa dos Sindicatos em Moscou, ele leu seu poema “A Canção do Martelo de Trabalho”, no dia seguinte ele cumprimentou a artista M. N. Yermolova com poemas em sua noite de aniversário no Teatro Maly. No mesmo ano, escritores de Moscou organizaram uma celebração de Balmont, que marcou o trigésimo aniversário da publicação de sua primeira coleção de poesia, "Yaroslavl". No início de 1920, o poeta começou a organizar uma viagem ao exterior, referindo-se à deterioração da saúde de sua esposa e filha. A essa altura, remonta o início de uma longa e duradoura amizade entre Balmont e Marina Tsvetaeva, que em Moscou estava em uma situação semelhante e muito difícil.

Segunda emigração: 1920-1942

Tendo recebido permissão de A.V. Lunacharsky a pedido de Jurgis Baltrushaitis para ir temporariamente ao exterior em uma viagem de negócios, juntamente com sua esposa, filha e parente distante A.N. Ivanova, em 25 de maio de 1920, Balmont deixou a Rússia para sempre e chegou a Paris através de Revel. Boris Zaitsev acreditava que Baltrushaitis, que era o enviado lituano em Moscou, salvou Balmont da fome: ele estava implorando e morrendo de fome na fria Moscou, “ele carregava lenha de uma cerca desmontada”. Stanitsky (S. V. von Stein), lembrando-se de um encontro com Balmont em 1920 em Reval, comentou: da iniqüidade e do mal, mas totalmente ainda não esgotado por ele.

Em Paris, Balmont e sua família se estabeleceram em um pequeno apartamento mobiliado. Como lembra Teffi, “a janela da sala de jantar estava sempre pendurada com uma grossa cortina marrom, porque o poeta quebrou o vidro. A inserção de um novo vidro não fazia sentido - ele poderia facilmente quebrar novamente. Portanto, o quarto estava sempre escuro e frio. “Apartamento terrível”, disseram eles. “Não há vidro, e está soprando.”

O poeta imediatamente se viu entre dois fogos. Por um lado, a comunidade radical de emigrantes suspeitava que ele fosse simpatizante dos soviéticos. Como S. Polyakov observou ironicamente, Balmont “…violou o cerimonial de fuga da Rússia soviética. Em vez de escapar secretamente de Moscou, fazendo seu caminho como um errante pelas florestas e vales da Finlândia, caindo acidentalmente da bala de um soldado bêbado do Exército Vermelho ou finlandês na fronteira, ele teimosamente pediu permissão para sair com sua família por quatro meses. , recebeu e chegou em Paris sem tiro. A posição do poeta foi involuntariamente “exacerbada” por Lunacharsky, que negou rumores em um jornal de Moscou de que ele estaria agitando no exterior contra o regime soviético. Isso permitiu que os círculos de emigrantes de direita notassem “... significativamente: Balmont em correspondência com Lunacharsky. Bem, é claro, um bolchevique!” No entanto, o próprio poeta, intercedendo da França por escritores russos que esperavam deixar a Rússia, fez frases que não condenavam o estado de coisas na Rússia soviética: “Tudo o que acontece na Rússia é tão complicado e tão confuso”, insinuando o fato de que muito do que está sendo feito na Europa "cultural" também é profundamente repugnante para ele. Esta foi a razão do ataque contra ele por publicitários emigrantes (“... O que é difícil? Execuções em massa? O que é misturado? Roubo sistemático, a dispersão da Assembleia Constituinte, a destruição de todas as liberdades, expedições militares para pacificar o camponeses?”).

Por outro lado, a imprensa soviética começou a “estigmatizá-lo como um enganador astuto”, que “à custa de mentiras” conquistou a liberdade para si mesmo, abusou da confiança do governo soviético, que generosamente o deixou ir para o Ocidente “para estudar a criatividade revolucionária das massas”. Stanitsky escreveu:

Com dignidade e calma, Balmont respondeu a todas essas censuras. Mas vale a pena pensar neles para sentir mais uma vez o charme da ética soviética - um tipo puramente canibal. O poeta Balmont, cujo ser inteiro protesta contra o poder soviético, que arruinou sua pátria e mata todos os dias seu espírito poderoso e criativo em suas menores manifestações, é obrigado a manter sagradamente sua palavra dada aos tiranos-comissários e trabalhadores de emergência. Mas esses mesmos princípios de comportamento moral não são de forma alguma princípios orientadores para o governo soviético e seus agentes. Matar parlamentares, metralhar mulheres e crianças indefesas, matar de fome dezenas de milhares de pessoas inocentes - tudo isso, é claro, na opinião dos "camaradas bolcheviques" - não é nada comparado à violação da promessa de Balmont de retornar ao regime comunista de Lenin. Éden, Bukharin e Trotsky.

Stanitsky sobre Balmont. Últimas notícias. 1921

Como Yu. K. Terapiano escreveu mais tarde, “não houve outro poeta na diáspora russa que experimentou tão intensamente o isolamento da Rússia”. Balmont chamou a emigração de "vida entre estranhos", embora trabalhasse extraordinariamente duro ao mesmo tempo; somente em 1921, seis de seus livros foram publicados. No exílio, Balmont colaborou ativamente com o jornal Paris News, a revista Sovremennye Zapiski e vários periódicos russos publicados em outros países europeus. Sua atitude em relação à Rússia soviética permaneceu ambígua, mas a saudade da Rússia era constante: “Quero a Rússia... vazia, vazia. Não há espírito na Europa”, escreveu a E. Andreeva em dezembro de 1921. A gravidade do isolamento da pátria foi agravada pelo sentimento de solidão, alienação dos círculos de emigrantes.

Logo Balmont deixou Paris e se estabeleceu na cidade de Capbreton, na província da Bretanha, onde passou 1921-1922. Em 1924 ele viveu na Baixa Charente (Chateleyon), em 1925 - na Vendée (Saint-Gilles-sur-Vi), até o final do outono de 1926 - no Gironde (Lacano-Oceano). No início de novembro de 1926, depois de deixar Lakano, Balmont e sua esposa foram para Bordeaux. Balmont costumava alugar uma vila em Capbreton, onde se comunicava com muitos russos e vivia intermitentemente até o final de 1931, passando aqui não apenas o verão, mas também os meses de inverno.

Atividade pública e jornalismo

Balmont declarou inequivocamente sua atitude em relação à Rússia soviética logo depois de deixar o país. “O povo russo está realmente cansado de seus infortúnios e, mais importante, das mentiras sem vergonha e sem fim de governantes impiedosos e malignos”, escreveu ele em 1921. No artigo "Bloody Liars", o poeta falou sobre os altos e baixos de sua vida em Moscou em 1917-1920. Nos periódicos emigrantes do início da década de 1920, seus versos poéticos sobre os "Atores de Satanás", sobre o "sangue bêbado" da terra russa, sobre os "dias de humilhação da Rússia", sobre as "gotas vermelhas" que foram a terra russa, apareceu regularmente. Vários desses poemas foram incluídos na coleção "Marevo" (Paris, 1922) - o primeiro livro emigrante do poeta. O nome da coleção foi predeterminado pela primeira linha do poema de mesmo nome: "Muddy haze, damn brew ..."

Em 1927, com um artigo publicitário “Um pouco de zoologia para Chapeuzinho Vermelho”, Balmont reagiu ao escandaloso discurso do representante plenipotenciário soviético na Polônia, D.V. "Amigos russos") supostamente dirigido ao futuro - à moderna Rússia bolchevique. No mesmo ano, um apelo anônimo “Aos Escritores do Mundo” foi publicado em Paris, assinado “Grupo de Escritores Russos. Rússia, maio de 1927". Entre aqueles que responderam ao chamado de I. D. Galperin-Kaminsky para apoiar o apelo estava (junto com Bunin, Zaitsev, Kuprin, Merezhkovsky e outros) e Balmont. Em outubro de 1927, o poeta enviou um “grito” a Knut Hamsun e, sem esperar resposta, voltou-se para Halperin-Kaminsky:

Em um discurso para Romain Rolland no mesmo lugar, Balmont escreveu: “Acredite em mim, não somos tão vagabundos por natureza quanto você imagina. Saímos da Rússia para poder na Europa tentar gritar pelo menos algo sobre a Mãe Moribunda, gritar no ouvido surdo dos endurecidos e indiferentes, que estão ocupados apenas consigo mesmos ... ”O poeta também reagiu bruscamente a a política do governo britânico de James MacDonald, que entrou em negociações comerciais com os bolcheviques, e mais tarde reconheceu a URSS. “O reconhecimento pela Inglaterra de uma quadrilha armada de bandidos internacionais que, com a ajuda dos alemães, tomaram o poder em São Petersburgo e Moscou, enfraquecidas por nossa derrota militar, foi um golpe mortal para tudo o que era honesto que ainda restava após o monstruoso guerra na Europa”, escreveu ele em 1930.

Ao contrário de seu amigo Ivan Shmelev, que gravitava em direção à “direita”, Balmont geralmente aderiu às visões liberal-democráticas da “esquerda”, criticava as ideias de Ivan Ilyin, não aceitava tendências “conciliatórias” (smenovekhovismo, eurasianismo e assim por diante), movimentos políticos radicais (fascismo). Ao mesmo tempo, evitou os ex-socialistas - A.F. Kerensky, I.I. Fondaminsky - e assistiu com horror ao movimento "de esquerda" na Europa Ocidental nas décadas de 1920 e 1930, em particular, o entusiasmo pelo socialismo entre uma parte significativa do intelectual francês elite. Balmont respondeu vivamente a eventos que chocaram a emigração: o sequestro por agentes soviéticos em janeiro de 1930 do general A.P. Kutepov, a trágica morte do rei Alexandre I da Iugoslávia, que fez muito pelos emigrantes russos; participou de ações conjuntas e protestos de emigração ("Para lutar contra a desnacionalização" - em conexão com a crescente ameaça de separação de crianças russas no exterior da língua russa e da cultura russa; "Ajudar a iluminação nativa"), mas ao mesmo tempo evitou participação em organizações políticas.

Balmont ficou indignado com a indiferença dos escritores da Europa Ocidental ao que estava acontecendo na URSS, e esse sentimento se sobrepôs a uma decepção geral com todo o modo de vida ocidental. A Europa já o havia tornado amargo com seu pragmatismo racional. Em 1907, o poeta comentou: “Pessoas estranhas são pessoas europeias, estranhamente desinteressantes. Eles têm que provar tudo. Eu nunca procuro provas." “Ninguém aqui lê nada. Aqui todo mundo está interessado em esportes e carros. Maldito tempo, geração sem sentido! Sinto-me como o último governante peruano entre os arrogantes recém-chegados espanhóis”, escreveu em 1927.

Criatividade no exílio

É geralmente aceito que a emigração passou para Balmont sob o signo do declínio; esta opinião, compartilhada por muitos poetas emigrantes russos, foi posteriormente contestada mais de uma vez. Em diferentes países, Balmont durante esses anos publicou livros de poemas “Gift to the Earth”, “Bright Hour” (1921), “Haze” (1922), “My - to her. Poemas sobre a Rússia "(1923), "In the Parted Distance" (1929), "Northern Lights" (1933), "Blue Horseshoe", "Light Service" (1937). Em 1923 publicou livros de prosa autobiográfica Under the New Sickle and Air Way, em 1924 publicou um livro de memórias Where is My Home? (Praga, 1924), escreveu ensaios documentais "Torch in the Night" e "White Dream" sobre suas experiências no inverno de 1919 na Rússia revolucionária. Balmont fez longas turnês de palestras na Polônia, Tchecoslováquia e Bulgária, no verão de 1930 ele viajou para a Lituânia, enquanto simultaneamente traduzia poesia eslava ocidental, mas a Rússia permaneceu o tema principal das obras de Balmont durante esses anos: memórias dela e saudade do perdido .

“Eu quero a Rússia. Quero que a Rússia tenha um amanhecer transformador. Eu só quero isso. Nada mais”, escreveu ele a E. A. Andreeva. O poeta foi atraído de volta à Rússia e, inclinado a sucumbir a humores momentâneos, mais de uma vez expressou o desejo de retornar à sua terra natal na década de 1920. “Moro e não moro morando no exterior. Apesar de todos os horrores da Rússia, lamento muito ter deixado Moscou”, escreveu ele ao poeta A. B. Kusikov em 17 de maio de 1922. Em algum momento, Balmont estava perto de dar esse passo. “Decidi completamente voltar, mas novamente tudo estava confuso em minha alma”, informou a E. A. Andreeva em 13 de junho de 1923. “Você sentirá como sempre amo a Rússia e como o pensamento de nossa natureza me domina. Uma palavra “mirtilo” ou “trevo doce” causa tanta excitação na minha alma que uma palavra é suficiente para a poesia escapar de um coração trêmulo”, escreveu o poeta em 19 de agosto de 1925 para sua filha Nina Bruni, enviando-lhe novos poemas.

últimos anos de vida

No final da década de 1920, a vida de K. Balmont e E. Tsvetkovskaya tornou-se cada vez mais difícil. As taxas literárias eram escassas, o apoio financeiro, que vinha principalmente da República Tcheca e da Iugoslávia, que criava fundos para ajudar os escritores russos, tornou-se irregular e depois parou. O poeta teve que cuidar de três mulheres, e a filha Mirra, que se distinguia por extremo descuido e impraticabilidade, deu-lhe muitos problemas. “Konstantin Dmitrievich está em uma situação muito difícil, mal conseguindo pagar as contas ... Tenha em mente que nosso glorioso Poeta está lutando por uma necessidade real, a ajuda que veio da América para ele acabou ... Os assuntos do Poeta estão piorando e pior”, escreveu I.S. Shmelev V.F. Seeler, um dos poucos que prestavam assistência regular a Balmont.

A situação tornou-se crítica depois que ficou claro em 1932 que o poeta sofria de uma grave doença mental. De agosto de 1932 a maio de 1935, os Balmont viveram sem descanso em Clamart, perto de Paris, na pobreza. Na primavera de 1935, Balmont acabou em uma clínica. “Estamos com grandes problemas e em completa pobreza... E Konstantin Dmitrievich não tem uma camisola decente, nem sapatos de dormir, nem pijama. Estamos morrendo, querido amigo, se você puder, ajude, aconselhe ... ”, escreveu Tsvetkovskaya a Zeeler em 6 de abril de 1935. Apesar da doença e da angústia, o poeta manteve sua excentricidade e senso de humor anteriores. Em relação ao acidente de carro em que ele se envolveu em meados da década de 1930, Balmont, em uma carta a V.V. Obolyaninov, reclamou não de hematomas, mas de um terno danificado: as pernas nas quais eles são colocados ... ". Em uma carta a E. A. Andreeva, o poeta escreveu:

Em abril de 1936, os escritores russos parisienses comemoraram o cinquentenário da atividade de escrita de Balmont com uma noite criativa, destinada a arrecadar fundos para ajudar o poeta doente. O comitê para a organização da noite chamada "Para o Poeta - Escritores" incluiu figuras famosas da cultura russa: I. S. Shmelev, M. Aldanov, I. A. Bunin, B. K. Zaitsev, A. N. Benois, A. T. Grechaninov, P. N. Milyukov, S. V. Rachmaninov.

No final de 1936, Balmont e Tsvetkovskaya mudaram-se para Noisy-le-Grand, perto de Paris. Nos últimos anos de sua vida, o poeta ficou alternadamente em uma casa de caridade para russos, mantida por M. Kuzmina-Karavaeva, ou em um apartamento mobiliado barato. Como lembrou Yuri Terapiano, "os alemães eram indiferentes a Balmont, enquanto os nazistas russos o censuravam por suas antigas convicções revolucionárias". No entanto, a essa altura Balmont finalmente caiu em um "estado crepuscular"; ele veio para Paris, mas com grande dificuldade. Nas horas da iluminação, quando a doença mental recuava, Balmont, segundo as lembranças de quem o conhecia, com um sentimento de felicidade abriu o volume de "Guerra e Paz" ou releu seus livros antigos; ele não podia escrever por um longo tempo.

Em 1940-1942, Balmont não deixou Noisy-le-Grand; aqui, no abrigo da Casa Russa, ele morreu na noite de 23 de dezembro de 1942 de pneumonia. Ele foi enterrado no cemitério católico local, sob uma lápide de pedra cinza com a inscrição: "Constantin Balmont, poète russe" ("Konstantin Balmont, poeta russo"). Várias pessoas vieram de Paris para se despedir do poeta: B.K. Zaitsev com sua esposa, a viúva de Y. Baltrushaitis, dois ou três conhecidos e a filha Mirra. Irina Odoevtseva lembrou que “... estava chovendo muito. Quando o caixão foi baixado na cova, descobriu-se que estava cheio de água e o caixão flutuou. Ele teve que ser segurado com um poste enquanto a sepultura era preenchida.” O público francês soube da morte do poeta a partir de um artigo no pró-Hitler Paris Gazette, que fez, "como era de costume, uma reprimenda completa ao falecido poeta por ter apoiado os revolucionários".

Desde a década de 1960 Os poemas de Balmont na URSS começaram a ser impressos em antologias. Em 1984, uma grande coleção de obras selecionadas foi publicada.

Uma família

É geralmente aceito que o pai do poeta, Dmitry Konstantinovich Balmont (1835-1907), veio de uma família nobre, que, segundo a lenda familiar, tinha raízes escandinavas (segundo algumas fontes, escocesas). O próprio poeta em 1903 escreveu sobre sua origem:

Existe uma versão alternativa da origem do nome Balmont. Assim, o pesquisador P. Kupriyanovsky aponta que o bisavô do poeta, sargento de cavalaria do Regimento de Guardas da Vida de Catarina, poderia ter o sobrenome Balamut, que mais tarde foi enobrecido por "alterar de maneira estrangeira". Essa suposição também é consistente com as memórias de E. Andreeva-Balmont, que afirmava que “... documento em pergaminho e com selos foi mantido conosco. Na Ucrânia, o sobrenome Balamut ainda é bastante comum. O bisavô do poeta Ivan Andreevich Balamut era um proprietário de terras de Kherson ... Como o nome Balamut se mudou para Balmont - não pude estabelecer. Por sua vez, os opositores desta versão notaram que ela contraria as leis da crítica textual; seria mais natural supor que, ao contrário, "o povo adaptou o nome estrangeiro do proprietário à sua compreensão".

D. K. Balmont serviu por meio século no Shuya zemstvo - como mediador, juiz de paz, presidente do congresso de juízes de paz e, finalmente, presidente do conselho do condado de zemstvo. Em 1906, D. K. Balmont se aposentou, um ano depois morreu. Na memória do poeta, ele permaneceu uma pessoa tranquila e gentil que amava apaixonadamente a natureza e a caça. Madre Vera Nikolaevna vinha da família de um general; ela recebeu uma educação instituída e se distinguiu por um caráter ativo: ensinou e tratou camponeses, organizou apresentações e concertos amadores e às vezes foi publicada em jornais provinciais. Dmitry Konstantinovich e Vera Nikolaevna tiveram sete filhos. Todos os parentes do poeta pronunciaram seu sobrenome com ênfase na primeira sílaba, o poeta só posteriormente de forma independente, como afirmou, "por capricho de uma mulher", mudou a ênfase para a segunda.

Vida pessoal

K. D. Balmont contou em sua autobiografia que começou a se apaixonar muito cedo: “O primeiro pensamento apaixonado sobre uma mulher foi aos cinco anos, o primeiro amor verdadeiro aos nove anos, a primeira paixão aos quatorze anos”, ele escreveu. “Andando por inúmeras cidades, sempre fico encantado com uma coisa – o amor”, admitiu o poeta mais tarde em um de seus poemas. Valery Bryusov, analisando seu trabalho, escreveu: “A poesia de Balmont glorifica e glorifica todos os ritos do amor, todo o seu arco-íris. O próprio Balmont diz que, seguindo os caminhos do amor, ele pode conseguir “demais - tudo!”

Em 1889, Konstantin Balmont casou-se com Larisa Mikhailovna Garelina, filha de um fabricante de Shuisky, "uma bela jovem do tipo Botticelli". A mãe, que facilitou o conhecimento, se opôs fortemente ao casamento, mas o jovem foi inflexível em sua decisão e decidiu romper com a família. “Eu ainda não tinha vinte e dois anos quando me casei com uma linda moça, e partimos no início da primavera, ou melhor, no final do inverno, para o Cáucaso, para a região cabardiana, e de lá ao longo do Estrada militar georgiana para as abençoadas Tíflis e Transcaucásia”, escreveu mais tarde. Mas a viagem de casamento não se tornou um prólogo para uma vida familiar feliz.

Os pesquisadores costumam escrever sobre Garelina como uma natureza neurótica, que mostrou amor a Balmont "em um rosto demoníaco, até diabólico", atormentado pelo ciúme; é geralmente aceito que foi ela quem o viciou em vinho, como indica o poema confessional do poeta "Forest Fire". A esposa não simpatizava nem com as aspirações literárias nem com os humores revolucionários de seu marido e era propensa a brigas. De muitas maneiras, foi a dolorosa conexão com Garelina que levou Balmont a tentar o suicídio na manhã de 13 de março de 1890. Logo após sua recuperação, que foi apenas parcial - ele mancou para o resto da vida - Balmont terminou com L. Garelina. O primeiro filho nascido neste casamento morreu, o segundo - o filho Nikolai - posteriormente sofreu um colapso nervoso. Mais tarde, os pesquisadores alertaram contra a "demonização" excessiva da imagem da primeira esposa de Balmont: depois de romper com a última, Larisa Mikhailovna se casou com o jornalista e historiador literário N. A. Engelgardt e viveu pacificamente com ele por muitos anos. Sua filha deste casamento, Anna Nikolaevna Engelhardt, tornou-se a segunda esposa de Nikolai Gumilyov.

A segunda esposa do poeta, Ekaterina Alekseevna Andreeva-Balmont (1867-1952), parente dos famosos editores de Moscou Sabashnikovs, veio de uma rica família de comerciantes (os Andreevs possuíam lojas de produtos coloniais) e se distinguia por uma educação rara. Os contemporâneos também notaram a atratividade externa dessa jovem alta e esbelta "com belos olhos negros". Por um longo tempo, ela estava apaixonada por A. I. Urusov. Balmont, como lembrou Andreeva, rapidamente se interessou por ela, mas não encontrou reciprocidade por muito tempo. Quando o último surgiu, descobriu-se que o poeta era casado: então os pais proibiram a filha de se encontrar com o amante. No entanto, Ekaterina Alekseevna, iluminada no "espírito mais recente", olhou para os ritos como uma formalidade e logo se mudou para o poeta. O processo de divórcio, permitindo que Garelina entrasse em um segundo casamento, proibiu o marido de se casar para sempre, mas, tendo encontrado um antigo documento onde o noivo constava como solteiro, os amantes se casaram em 27 de setembro de 1896, e no dia seguinte se casaram foi para o exterior, para a França.

Com E. A. Andreeva, Balmont estava unido por um interesse literário comum; o casal realizou muitas traduções conjuntas, em particular Gerhart Hauptmann e Odd Nansen. Boris Zaitsev, em suas memórias sobre Balmont, chamou Ekaterina Alekseevna "uma mulher graciosa, fria e nobre, altamente culta e não sem poder". Seu apartamento no quarto andar de uma casa em Tolstovsky era, como escreveu Zaitsev, "o trabalho de Ekaterina Alekseevna, assim como seu modo de vida também era amplamente dirigido por ela". Balmont estava "... em mãos fiéis, amorosas e saudáveis ​​e levava uma vida em casa, mesmo que apenas uma vida de trabalho". Em 1901, nasceu sua filha Ninika - Nina Konstantinovna Balmont-Bruni (falecida em Moscou em 1989), a quem o poeta dedicou a coleção Contos de fadas.

No início dos anos 1900, em Paris, Balmont conheceu Elena Konstantinovna Tsvetkovskaya (1880-1943), filha do general K. G. Tsvetkovsky, então estudante da Faculdade de Matemática da Sorbonne e admirador apaixonado de sua poesia. Este último, "não forte em caráter, ... com todo o seu ser envolvido no turbilhão da loucura do poeta", cuja cada palavra "soava para ela como a voz de Deus". Balmont, a julgar por algumas de suas cartas, em particular para Bryusov, não estava apaixonado por Tsvetkovskaya, mas logo começou a sentir a necessidade dela como uma amiga verdadeiramente fiel e dedicada. Gradualmente, as "esferas de influência" foram divididas: Balmont ou morava com sua família ou partia com Elena; por exemplo, em 1905 eles partiram por três meses no México. A vida familiar do poeta ficou completamente confusa depois que E.K. Tsvetkovskaya teve uma filha em dezembro de 1907, que se chamava Mirra - em memória de Mirra Lokhvitskaya, a poetisa, com quem ele tinha sentimentos complexos e profundos. A aparência da criança finalmente ligou Balmont a Elena Konstantinovna, mas ao mesmo tempo ele também não queria deixar Ekaterina Alekseevna. A angústia mental levou a um colapso: em 1909, Balmont fez uma nova tentativa de suicídio, novamente pulou pela janela e sobreviveu novamente. Até 1917, Balmont viveu em São Petersburgo com Tsvetkovskaya e Mirra, vindo de vez em quando a Moscou para Andreeva e sua filha Nina.

Balmont emigrou da Rússia com sua terceira esposa (civil) E.K. Tsvetkovskaya e filha Mirra. No entanto, ele também não rompeu relações amistosas com Andreeva; somente em 1934, quando os cidadãos soviéticos foram proibidos de se corresponder com parentes e amigos que moravam no exterior, essa conexão foi interrompida. O novo dueto matrimonial Teffi, relembrando um dos encontros, assim descreveu: “Ele entrou, erguendo a testa, como se carregasse uma coroa dourada de glória. Seu pescoço estava enrolado duas vezes em preto, uma espécie de gravata Lermontov, que ninguém usa. Olhos de lince, cabelos longos e ruivos. Atrás dele está sua sombra fiel, sua Elena, uma criatura pequena, magra, de rosto escuro, vivendo apenas de chá forte e amor pelo poeta. De acordo com Teffi, o casal se comunicava de uma maneira incomumente pretensiosa. Elena Konstantinovna nunca chamou Balmont de "marido", ela disse: "poeta". A frase "O marido pede uma bebida" em sua língua foi pronunciada como "O poeta quer se saciar com a umidade".

Ao contrário de E. A. Andreeva, Elena Konstantinovna era "desamparada no mundo e não conseguia organizar a vida de forma alguma". Ela considerava seu dever seguir Balmont em todos os lugares: testemunhas oculares lembraram como ela, “deixando o filho em casa, seguiu o marido até uma taverna e não conseguiu tirá-lo de lá por um dia”. “Com essa vida, não é de surpreender que aos quarenta anos ela já parecesse uma velha”, observou Teffi.

E. K. Tsvetkovskaya não foi o último amor do poeta. Em Paris, ele retomou seu relacionamento com a princesa Dagmar Shakhovskaya (1893-1967), que havia começado em março de 1919. “Uma das minhas queridas, meio sueca, meio polonesa, a princesa Dagmar Shakhovskaya, nascida Baronesa Lilienfeld, russificada, cantou canções estonianas para mim mais de uma vez”, descreveu Balmont em uma de suas cartas. Shakhovskaya deu à luz a Balmont dois filhos - Georges (1922-194?) e Svetlana (n. 1925). O poeta não podia deixar sua família; encontrando-se com Shakhovskaya apenas ocasionalmente, ele escrevia para ela com frequência, quase diariamente, declarando seu amor repetidamente, falando sobre suas impressões e planos; 858 de suas cartas e cartões postais foram preservados. Seja como for, não foi D. Shakhovskaya, mas E. Tsvetkovskaya, que passou os últimos e mais desastrosos anos de sua vida com Balmont; ela morreu em 1943, um ano após a morte do poeta. Mirra Konstantinovna Balmont (casado - Boychenko, no segundo casamento - Autina) escreveu poesia e publicou na década de 1920 sob o pseudônimo de Aglaya Gamayun. Ela morreu em Noisy-le-Grand em 1970.

Aparência e caráter

Andrei Bely caracterizou Balmont como uma pessoa extraordinariamente solitária, separada do mundo real e indefesa, e viu a causa dos problemas nas propriedades de uma natureza inquieta e inconstante, mas ao mesmo tempo extraordinariamente generosa: “Ele não conseguiu combinar em si mesmo todas aquelas riquezas que a natureza lhe concedeu. Ele é um grão eterno de tesouros espirituais... Ele receberá - e desperdiçará, receberá e desperdiçará. Ele os dá para nós. Ele derrama seu cálice criativo em nós. Mas ele mesmo não come de sua criatividade. Bely deixou uma descrição expressiva da aparência de Balmont:

“Ligeiramente avermelhada, com olhos vivos e rápidos, cabeça erguida, golas altas e retas,... uma barba em forma de cunha, uma espécie de combate. (Retrato de Serov transmite isso perfeitamente.) Algo provocativo, sempre pronto para ferver, para responder com aspereza ou entusiasmo. Se comparado com os pássaros, então este é um cantor magnífico, saudando o dia, a luz, a vida ... ”, - foi assim que Boris Zaitsev se lembrou de Balmont.

Ilya Ehrenburg lembrou que Balmont lia seus poemas com uma voz "inspiradora e arrogante", como "um xamã que sabe que suas palavras têm poder, se não sobre um espírito maligno, então sobre pobres nômades". O poeta, segundo ele, falava em todas as línguas com sotaque – não com o russo, mas com o de Balmont, pronunciando o som “n” de maneira peculiar – “ou em francês, ou em polonês”. Falando sobre a impressão que Balmont dava já na década de 1930, Ehrenburg escreveu que na rua poderia ser confundido "... com um anarquista espanhol ou simplesmente com um louco que enganou a vigilância dos guardas". V. S. Yanovsky, lembrando-se de um encontro com Balmont na década de 1930, comentou: "... decrépito, grisalho, com uma barba afiada, Balmont ... parecia o antigo deus Svarog ou Dazhbog, em qualquer caso, algo eslavo antigo. "

Os contemporâneos caracterizaram Balmont como uma pessoa extremamente sensível, nervosa e entusiasmada, “fácil”, curiosa e bem-humorada, mas ao mesmo tempo propensa à afetação e ao narcisismo. O comportamento de Balmont era dominado pela teatralidade, maneirismos e pretensão, havia uma tendência à afetação e ao ultraje. Casos curiosos são conhecidos quando ele foi deitado em Paris no meio da calçada para ser atropelado por um fiacre, ou quando “numa noite de luar, de casaco e chapéu, com uma bengala nas mãos, ele entrou, fascinado pela lua, até a garganta em um lago, tentando experimentar sensações desconhecidas e descrevê-las em versos". Boris Zaitsev contou como o poeta certa vez perguntou à esposa: “Vera, você quer que o poeta venha até você, contornando os caminhos terrenos chatos, diretamente de si mesmo, para o quarto de Boris, pelo ar?” (dois casais eram vizinhos). Recordando o primeiro desses “vôos”, Zaitsev observou em suas memórias: “Graças a Deus, em Tolstovsky ele não cumpriu sua intenção. Ele continuou a vir até nós por caminhos terrenos chatos, ao longo da calçada de sua pista ele virou em nosso Spaso-Peskovsky, passando pela igreja.

Rindo com bom humor das maneiras de seu conhecido, Zaitsev observou que Balmont “também era diferente: triste, muito simples. Ele lia de bom grado seus novos poemas para os presentes e os levava às lágrimas com a penetração da leitura. Muitos dos que conheceram o poeta confirmaram que, sob a máscara do “grande poeta” apaixonado pela própria imagem, de vez em quando se via um personagem completamente diferente. “Balmont adorou a pose. Sim, isso é compreensível. Constantemente cercado de adoração, ele considerava necessário se comportar como, em sua opinião, um grande poeta deveria se comportar. Ele inclinou a cabeça, franzindo as sobrancelhas. Mas sua risada o traiu. Sua risada era bem-humorada, infantil e de alguma forma indefesa. Essa risada infantil dele explicava muitas de suas ações absurdas. Ele, como uma criança, se entregou ao clima do momento...”, lembrou Teffi.

Rara humanidade, o calor do personagem Balmont foi notado. P.P. Pertsov, que conhecia o poeta desde a juventude, escreveu que era difícil encontrar uma “pessoa agradável e amistosa” como Balmont. Marina Tsvetaeva, que se encontrou com o poeta nos momentos mais difíceis, testemunhou que ele poderia dar seu “último cachimbo, última crosta, último tronco” aos necessitados. O tradutor soviético Mark Talov, que se viu em Paris nos anos 20 sem meios de subsistência, lembrou como, saindo do apartamento de Balmont, onde ele timidamente visitou, encontrou dinheiro no bolso do casaco, investido secretamente pelo poeta, que na época ele próprio morava longe, não era luxuoso.

Muitos falaram sobre a impressionabilidade e impulsividade de Balmont. Ele mesmo considerou os acontecimentos mais marcantes de sua vida "aquelas súbitas lacunas internas que às vezes se abrem na alma sobre os fatos externos mais insignificantes". Assim, “pela primeira vez, cintilante, para convicção mística, o pensamento da possibilidade e inevitabilidade da felicidade mundial” nasceu nele “aos dezessete anos, quando um dia em Vladimir, em um dia claro de inverno, do montanha, ele viu ao longe um longo comboio de camponeses enegrecido.”

Na personagem de Balmont, algo feminino também foi notado: “em qualquer pose de militante ele se levantou... O próprio poeta acreditava que a ausência de irmãs despertava nele um interesse especial pela natureza feminina. Ao mesmo tempo, uma certa “infantilidade” foi preservada em sua natureza por toda a vida, com a qual ele mesmo “flertou” e que muitos consideraram fingido. No entanto, notou-se que mesmo em seus anos de maturidade, o poeta realmente "carregou em sua alma algo muito direto, terno, infantil". “Ainda me sinto como um estudante de ensino médio impetuoso, tímido e insolente”, admitiu o próprio Balmont quando já tinha menos de trinta anos.

A propensão para efeitos externos, o “boêmio” deliberado fez um desserviço ao poeta: poucos sabiam que “por toda a exaltação ... Balmont foi um trabalhador incansável”, trabalhou duro, escreveu todos os dias e foi muito frutífero, toda a sua vida ele dedicou-se à autoeducação (“ler bibliotecas inteiras”) , estudou línguas e ciências naturais e, viajando, enriqueceu-se não apenas com novas impressões, mas também com informações sobre a história, etnografia e folclore de cada país. Na visão de massa, Balmont permaneceu principalmente um excêntrico pretensioso, mas muitos notaram racionalidade e consistência em seu caráter. S. V. Sabashnikov lembrou que o poeta “… quase não fez borrões em seus manuscritos. Poemas em dezenas de linhas, aparentemente, formaram-se completamente acabados em sua cabeça e foram inseridos no manuscrito de uma só vez.

Se alguma correção fosse necessária, ele reescreveu o texto em uma nova edição, sem fazer borrões ou acréscimos ao texto original. Sua caligrafia era limpa, clara e bonita. Apesar do nervosismo extraordinário de Konstantin Dmitrievich, sua caligrafia não refletia, no entanto, nenhuma mudança em seu humor ... E em seus hábitos, ele parecia pedantemente arrumado, não permitindo nenhum desleixo. Os livros, a escrivaninha e todos os acessórios do poeta estavam sempre em ordem muito melhor do que nós, os chamados empresários. Essa precisão no trabalho fez de Balmont um funcionário muito agradável da editora.

S. V. Sabashnikov sobre K. D. Balmont

“Os manuscritos que lhe são submetidos sempre foram finalizados e não sofreram alterações na tipografia. As provas foram lidas com clareza e devolvidas rapidamente”, acrescentou o editor.

Valery Bryusov observou em Balmont um amor frenético pela poesia, "um sutil talento para a beleza do verso". Lembrando-se das noites e noites em que eles “levam interminavelmente seus poemas um para o outro e... os poemas de seus poetas favoritos”, Bryusov admitiu: “Eu era um antes de conhecer Balmont e me tornei diferente depois de conhecê-lo”. Bryusov explicou as peculiaridades do comportamento de Balmont na vida pela profunda poesia de seu personagem. “Ele experimenta a vida como um poeta, e assim que os poetas podem experimentá-la, como dado a eles sozinhos: encontrando em cada ponto a plenitude da vida. Portanto, não pode ser medido por um arshin comum.

Criação

Balmont tornou-se o primeiro representante do simbolismo na poesia, que recebeu fama de toda a Rússia. Notou-se, no entanto, que sua obra como um todo não era puramente simbolista; tampouco era o poeta um “decadente” no sentido pleno da palavra: a decadência para ele “... nova arte”. As primeiras coleções de Balmont, com toda a abundância de signos decadentes-simbolistas, foram atribuídas pelos críticos literários ao impressionismo, uma tendência da arte que visava transmitir impressões fugazes e instáveis. Basicamente, eram “poemas puramente românticos, como se opondo céu e terra, chamando o distante, sobrenatural”, saturado de motivos consonantes com a obra de A. N. Pleshcheev ou S. Ya. Nadson. Observou-se que o clima de "tristeza, algum tipo de orfandade, falta de moradia", que dominou os primeiros poemas de Balmont, eram ecos dos antigos "pensamentos da geração doente e cansada da intelectualidade". O próprio poeta observou que seu trabalho começou "com tristeza, depressão e crepúsculo", "sob o céu do norte". O herói lírico das primeiras obras de Balmont (de acordo com A. Izmailov) é "um jovem manso e manso, imbuído dos sentimentos mais bem-intencionados e moderados".

Coleções "Na vastidão" (1895) e "Silêncio. Poemas Líricos" (1898) foram marcados por uma busca ativa de "novo espaço, nova liberdade". As ideias principais para esses livros eram as ideias da transitoriedade do ser e da variabilidade do mundo. O autor deu maior atenção à técnica do verso, demonstrando uma clara paixão pela escrita sonora e pela musicalidade. O simbolismo em sua compreensão era principalmente um meio de buscar "novas combinações de pensamentos, cores e sons", um método de construir "a partir dos sons, sílabas e palavras de sua fala nativa uma capela querida, onde tudo é cheio de significados profundos e penetração." A poesia simbólica “fala sua própria linguagem especial, e essa linguagem é rica em entonações, como música e pintura, excita um clima complexo na alma, mais do que qualquer outro tipo de poesia, toca nossas impressões sonoras e visuais”, escreveu Balmont. no livro “Picos das Montanhas”. O poeta também compartilhava a ideia, que fazia parte do sistema geral de visões simbolistas, de que a matéria sonora de uma palavra é investida de um alto significado; como qualquer materialidade, - "representa da substância espiritual".

A presença de novos motivos e heróis "nietzscheanos" ("gênio espontâneo", "diferente de uma pessoa", rasgado "além dos limites" e até "além - tanto da verdade quanto da mentira") os críticos já notaram na coleção "Silêncio". Acredita-se que Silêncio é o melhor dos três primeiros livros de Balmont. “Pareceu-me que a coleção traz a marca de um estilo cada vez mais forte. Seu próprio estilo e cor Balmont”, escreveu o príncipe Urusov ao poeta em 1898. As impressões das viagens de 1896-1897, que ocuparam um lugar significativo no livro (“Navios Mortos”, “Acordes”, “Em frente à Pintura El Greco”, “Em Oxford”, “Perto de Madrid”, “Para Shelley”) não eram simples descrições, mas expressavam o desejo de se acostumar com o espírito de uma civilização estrangeira ou passada, um país estrangeiro, para se identificar “ou com um noviço de Brahma, ou com algum sacerdote do país do astecas." “Eu me fundo com todos a cada momento”, declarou Balmont. “O poeta é um elemento. Ele gosta de assumir os mais diversos rostos, e em cada rosto ele é auto-idêntico. Apega-se amorosamente a tudo, e tudo entra em sua alma, como o sol, a umidade e o ar entram em uma planta... O poeta está aberto ao mundo...”, escreveu.

Na virada do século, o tom geral da poesia de Balmont mudou drasticamente: humores de desânimo e desesperança deram lugar a cores brilhantes, imagens, cheias de "alegria frenética, a pressão de forças violentas". A partir de 1900, o herói “elegíaco” de Balmont transformou-se em seu próprio oposto: uma personalidade ativa, “quase com paixão orgiástica afirmando neste mundo a aspiração ao Sol, ao fogo, à luz”; um lugar especial na hierarquia de imagens de Balmont foi ocupado pelo Fogo como manifestação de forças cósmicas. Sendo por algum tempo o líder da “nova poesia”, Balmont formulou de bom grado seus princípios: os poetas simbolistas, em suas palavras, “são abanados com sopros vindos do além”, eles, “recriando a materialidade com sua complexa impressionabilidade , governar o mundo e penetrar em seus mistérios.

As coleções Burning Buildings (1900) e Let's Be Like the Sun (1902), assim como o livro Only Love (1903), são consideradas as mais fortes da herança literária de Balmont. Os pesquisadores notaram a presença de notas proféticas aqui, referentes à imagem de “prédios em chamas” como símbolo de “alarme no ar, sinal de impulso, movimento” (“Grito do Sentinela”). Os principais motivos aqui foram "sol", o desejo de renovação constante, a sede de "parar o momento". “Quando você ouve Balmont, você sempre ouve a primavera”, escreveu A. A. Blok. Um fator essencialmente novo na poesia russa foi o erotismo de Balmont. Os poemas “Ela se entregou sem censura...” e “Quero ousar...” tornaram-se suas obras mais populares; eles ensinaram “se não amar, então, em todo caso, escrever sobre o amor em um espírito ‘novo’”. E ainda, reconhecendo em Balmont o líder do simbolismo, os pesquisadores notaram: “a máscara de gênio elemental adotada por ele, o egocentrismo, chegando ao narcisismo, por um lado, e o eterno culto ao sol, a fidelidade a um sonho, a busca pela beleza e a perfeição, por outro, permite-nos falar dele como de um poeta neo-romântico. Após Burning Buildings, críticos e leitores começaram a perceber Balmont como um inovador que abriu novas possibilidades para o verso russo, ampliando sua figuratividade. Muitos chamaram a atenção para o componente chocante de seu trabalho: expressões quase frenéticas de determinação e energia, ansiando pelo uso de "palavras de punhal". O príncipe AI Urusov chamou "Prédios em Chamas" de "documento psiquiátrico". E. V. Anichkov considerou as coleções de programas de Balmont como “libertação moral, artística e simplesmente física da antiga escola triste da poesia russa, que ligava a poesia às dificuldades do público nativo”. Notou-se que "o otimismo orgulhoso, o pathos de afirmação da vida das letras de Balmont, o desejo de liberdade das algemas impostas pela sociedade e um retorno aos princípios fundamentais do ser" foram percebidos pelos leitores "não apenas como um fenômeno estético, mas como uma nova visão de mundo."

Contos de fadas (1905) - uma coleção de estilizações de canções de contos de fadas infantis, dedicada à filha Nina, recebeu notas altas dos contemporâneos. “Em Fairy Tales, a primavera da criatividade de Balmont bate novamente com um fluxo claro, cristalino, melodioso. Nessas "canções infantis" ganhou vida tudo o que há de mais valioso em sua poesia, o que lhe foi dado como dom celestial, no qual está sua melhor glória eterna. São músicas suaves e arejadas que criam sua própria música. Eles se parecem com o toque prateado de sinos pensativos, "de fundo estreito, multicolorido em um estame sob a janela", escreveu Valery Bryusov.

Entre os melhores poemas “estrangeiros”, os críticos destacaram o ciclo de poemas sobre o Egito “Vulcões extintos”, “Memórias de uma noite em Amsterdã”, observado por Maxim Gorky, “Quiet” (sobre as ilhas do Oceano Pacífico) e “Islândia ”, que foi muito apreciado por Bryusov. Estando em constante busca de "novas combinações de pensamentos, cores e sons" e a aprovação de imagens "impressionantes", o poeta acreditava estar criando "letras da alma moderna", uma alma que tem "muitas faces". Transferindo heróis no tempo e no espaço, ao longo de muitas épocas (“citas”, “Oprichniki”, “Nos dias mortos” e assim por diante), ele afirmou a imagem de um “gênio espontâneo”, “super-homem” (“Oh, felicidade para seja forte e orgulhoso e livre para sempre!" - "Albatroz").

Um dos princípios fundamentais da filosofia de Balmont nos anos de seu apogeu criativo foi a afirmação da igualdade entre o sublime e o básico, o belo e o feio, característico da visão de mundo decadente como um todo. Um lugar significativo na obra do poeta foi ocupado pela "realidade da consciência", em que ocorreu uma espécie de guerra contra a integridade, a polarização de forças opostas, sua "justificação" ("O mundo inteiro deve ser justificado / Para que um pode viver! ..", "Mas eu amo o inexplicável, e o deleite, e a vergonha. / E o espaço do pântano e a altura das montanhas"). Balmont podia admirar o escorpião com seu "orgulho e desejo de liberdade", abençoar os aleijados, "cactos tortos", "cobras e lagartos párias parto". Ao mesmo tempo, a sinceridade do "demonismo" de Balmont, expresso em submissão demonstrativa aos elementos das paixões, não foi questionada. Segundo Balmont, o poeta é "um semideus inspirado", "o gênio de um sonho melodioso".

A criatividade poética de Balmont era espontânea e sujeita aos ditames do momento. Na miniatura “Como escrevo poemas”, admitiu: “... não penso em poesia e, na verdade, nunca componho”. Uma vez escrito, ele nunca corrigiu, não editou, acreditando que o primeiro impulso é o mais correto, ele escreveu continuamente, e muito. O poeta acreditava que apenas um momento, sempre único e inimitável, revela a verdade, permite “ver a distância” (“Não conheço a sabedoria adequada a outros, / Coloco apenas transitoriedades em versos. / Em cada fugacidade vejo mundos, / Cheio de jogo de arco-íris mutável"). A esposa de Balmont, E. A. Andreeva, também escreveu sobre isso: “Ele vivia o momento e estava contente com isso, não se envergonhava da colorida mudança de momentos, apenas para expressá-los de forma mais completa e mais bela. Ele cantou o Mal, depois o Bem, depois se inclinou para o paganismo, depois se curvou diante do cristianismo. Ela contou como um dia, percebendo da janela do apartamento uma carroça de feno andando pela rua, Balmont imediatamente criou o poema “Na Capital”; como de repente o som das gotas de chuva caindo do telhado deu origem a estrofes completas nele. Autocaracterização: “Sou uma nuvem, sou um sopro de brisa”, dada no livro “Sob o Céu do Norte”, Balmont tentou igualar até o fim de sua vida.

Muitos acharam a técnica de repetição melódica desenvolvida por Balmont extraordinariamente eficaz (“Eu sonhei em pegar as sombras que se afastavam. / As sombras que se afastam do dia que se desvanece. pé"). Notou-se que Balmont era capaz de “repetir uma única palavra de tal maneira que um poder encantador despertava nela” (“Mas mesmo na hora anterior à sonolência, entre as rochas do nativo novamente / Eu verei o sol, o sol, o sol é vermelho como sangue”). Balmont desenvolveu seu próprio estilo de epíteto colorido, introduziu em amplo uso substantivos como "luzes", "crepúsculos", "fumaça", "sem fundo", "transiência", continuou, seguindo as tradições de Zhukovsky, Pushkin, Gnedich, o experimento com a fusão de epítetos individuais em grupos (“rios alegremente expandidos”, “cada olhar deles é calculado-verdadeiro”, “as árvores são tão sombrias-estranhamente silenciosas”). Nem todos aceitaram essas inovações, mas Innokenty Annensky, contestando as críticas de Balmont, argumentou que seu “refinamento... está longe de ser pretensioso. Um poeta raro resolve tão livre e facilmente os problemas rítmicos mais complexos e, evitando a banalidade, é tão alheio à artificialidade quanto Balmont, "igualmente alheio ao provincianismo e à falta de estilo alemão de Vasiliy". Segundo o crítico, foi este poeta que “tirou do entorpecimento das formas singulares” toda uma série de abstrações, que na sua interpretação “se iluminaram e se tornaram mais arejadas”.

Todos, mesmo os céticos, notaram a rara musicalidade que soava em nítido contraste com a “anêmica poesia de revista” do final do século anterior como um mérito indiscutível de seus poemas. Como se redescobrisse diante do leitor a beleza e o valor inerente da palavra, sua, nas palavras de Annensky, "potência musical", Balmont correspondia em grande parte ao lema proclamado por Paul Verlaine: "A música é antes de tudo". Valery Bryusov, que nos primeiros anos foi fortemente influenciado por Balmont, escreveu que Balmont se apaixonou por todos os amantes da poesia "com seu verso melodioso sonoro", que "não havia igual a Balmont na arte do verso na literatura russa. " “Tenho a calma convicção de que antes de mim, em geral, eles não sabiam escrever poemas sonoros na Rússia”, tal foi a breve avaliação do poeta sobre sua própria contribuição à literatura feita naqueles anos.

Junto com os méritos, os críticos contemporâneos de Balmont encontraram muitas deficiências em seu trabalho. Yu. I. Aikhenvald chamou a obra de Balmont de irregular, que, junto com poemas “que são cativantes com a flexibilidade musical de seu tamanho, a riqueza de sua escala psicológica”, encontrou no poeta “tais estrofes que são verbosas e desagradavelmente barulhentas, mesmo dissonantes, que estão longe da poesia e revelam rupturas e lacunas na prosa racional e retórica. De acordo com Dmitry Mirsky, "a maior parte do que ele escreveu pode ser descartada com segurança como desnecessária, incluindo todos os poemas depois de 1905 e toda a prosa sem exceção - a mais lenta, pomposa e sem sentido da literatura russa". Embora “em termos de som, Balmont realmente superou todos os poetas russos”, ele também se distingue por “uma completa falta de senso da língua russa, o que, aparentemente, é explicado pela natureza ocidentalizante de sua poesia. Seus poemas soam estrangeiros. Mesmo os melhores soam como traduções.”

Os pesquisadores notaram que a poesia de Balmont, construída em consonâncias verbais e musicais espetaculares, transmitia bem a atmosfera e o humor, mas ao mesmo tempo o desenho, a plasticidade das imagens sofriam, os contornos do objeto retratado eram nebulosos e borrados. Notou-se que a novidade dos meios poéticos, de que Balmont se orgulhava, era apenas relativa. “O verso de Balmont é um verso do nosso passado, aprimorado, refinado, mas, em essência, tudo igual”, escreveu Valery Bryusov em 1912. O declarado “desejo de se acostumar com o espírito de uma civilização estrangeira ou passada, um país estrangeiro” foi interpretado por alguns como uma pretensão de universalidade; acreditava-se que este último é uma consequência da falta de "um único núcleo criativo na alma, a falta de integridade, da qual muitos e muitos simbolistas sofriam". Andrei Bely falou da "pequenez de sua 'ousadia'", "da feiúra de sua 'liberdade'", uma tendência a "mentir constantemente para si mesmo, que já se tornou a verdade para sua alma". Mais tarde, Vladimir Mayakovsky chamou Balmont e Igor Severyanin de "fabricantes de melaço".

Innokenty Annensky sobre Balmont

As revelações desafiadoramente narcisistas do poeta chocaram a comunidade literária; foi acusado de arrogância e narcisismo. Entre aqueles que vieram em sua defesa estava um dos ideólogos do simbolismo, Innokenty Annensky, que (em particular, em relação a um dos poemas mais “egocêntricos” “Eu sou a sofisticação do discurso lento russo …”) , acreditando que "pode ​​parecer delírios de grandeza apenas para aquelas pessoas que não querem ver essa forma de insanidade por trás da banalidade das fórmulas românticas". Annensky sugeriu que "o 'eu' do Sr. Balmont não é pessoal e nem coletivo, mas, acima de tudo, nosso eu, apenas reconhecido e expresso por Balmont". “O verso não é criação do poeta, nem mesmo pertence ao poeta, se quiser. O verso é inseparável do eu lírico, é sua conexão com o mundo, seu lugar na natureza; talvez sua justificativa”, explicou o crítico, acrescentando: “O novo verso é forte em seu amor por si mesmo e pelos outros, e o narcisismo aparece aqui como para substituir o orgulho clássico dos poetas por seus méritos”. Argumentando que "Eu Balmont vivo, além do poder do meu amor estético, por dois absurdos - o absurdo da integridade e o absurdo da justificação", Annensky citou como exemplo o poema "Amados distantes" (Seu raciocínio é estranho a me: "Cristo", "Anticristo", "Diabo" , "Deus" ...), notando a presença nele de polêmica interna, que "já em si decompõe a integridade das percepções".

Segundo Annensky, foi Balmont um dos primeiros na poesia russa a iniciar o estudo do mundo sombrio do inconsciente, que foi apontado pela primeira vez no século passado pelo "grande visionário" Edgar Allan Poe. A uma censura comum contra Balmont pela “imoralidade” de seu herói lírico, Annensky observou: “... Balmont quer ser ousado e corajoso, odiar, admirar o crime, combinar o carrasco com a vítima...”, porque ternura e feminilidade - que são propriedades básicas e, por assim dizer, definidoras de sua poesia. Essas “propriedades” explicavam a crítica e a “abrangência” da visão de mundo do poeta: “A poesia de Balmont tem tudo o que você quer: tradição russa, e Baudelaire, e teologia chinesa, e a paisagem flamenga na iluminura de Rodenbach, e Ribeira, e os Upanishads, e Agura-Mazda, e saga escocesa, e psicologia popular, e Nietzsche, e nietzscheanismo. E, ao mesmo tempo, o poeta vive sempre de coração no que escreve, no que seu verso ama no momento presente, que é igualmente infiel a tudo.

Criatividade 1905-1909

O período pré-revolucionário da obra de Balmont terminou com o lançamento da coleção Liturgia da Beleza. Hinos Elementais" (1905), cujos principais motivos eram o desafio e a censura da modernidade, "a maldição das pessoas" que, segundo o poeta, se afastaram "dos princípios fundamentais do Ser", da Natureza e do Sol, que perderam sua integridade original ("Nós rasgamos, dividimos a unidade viva de todos os elementos"; "As pessoas perderam o amor pelo Sol, devemos devolvê-las ao Sol"). Os poemas de Balmont de 1905-1907, apresentados em duas coletâneas proibidas na Rússia, "Poems" (1906) e "Songs of the Avenger" (Paris, 1907), denunciavam a "besta da autocracia", a burguesia "blasfêmia-cultural", glorificavam "bravos trabalhadores conscientes" e, em geral, eram extremamente radicais. Por poetas contemporâneos, como mais tarde por pesquisadores da criatividade, esse "período político" na obra de Balmont não foi muito bem avaliado. “Em que hora infeliz ocorreu a Balmont que ele poderia ser um cantor de relações sociais e políticas, um cantor civil da Rússia moderna! .. Um livro de três copeques publicado pela Associação do Conhecimento causa uma impressão dolorosa. Não há um centavo de poesia aqui”, escreveu Valery Bryusov.

Durante esses anos, o tema nacional também apareceu na obra do poeta, abrindo-se de um ângulo peculiar: Balmont revelou ao leitor a Rússia "épica", cujas lendas e contos ele procurou mudar à sua maneira moderna. O fascínio do poeta pela antiguidade eslava refletiu-se na coleção de poesias "Evil Spells" (1906), nos livros "The Firebird. Cachimbo de um eslavo" (1907) e "Heliporto Verde. Kissing Words (1909), onde foram apresentadas histórias e textos folclóricos poeticamente processados, incluindo canções sectárias, encantamentos e o “zelo” de Khlyst (no qual, do ponto de vista do poeta, se refletia a “mente do povo”), bem como a coleção Chamadas da Antiguidade” com suas amostras de “criatividade primária” de povos não eslavos, ritual-mágico e poesia sacerdotal. As experiências folclóricas do poeta, que se comprometeu a transpor épicos e contos folclóricos de maneira “decadente”, encontraram uma reação geralmente negativa da crítica, foram consideradas como “estilizações obviamente malsucedidas e falsas, reminiscentes de um estilo neo-russo de brinquedo” em pintura e arquitetura da época. Alexander Blok já em 1905 escreveu sobre o "excessivo tempero" dos poemas de Balmont, Bryusov enfatizou que os heróis épicos de Balmont são "ridículos e patéticos" no "casaco do decadente". Blok escreveu sobre seus novos poemas em 1909: “Isso é quase exclusivamente absurdo ridículo ... Na melhor das hipóteses, parece algum tipo de absurdo em que, com grande esforço, você pode pegar (ou inventar) um significado lírico instável ... há um maravilhoso poeta russo Balmont, e o novo poeta Balmont não existe mais.

Nas coleções “Pássaros no ar. Linhas melodiosas "(São Petersburgo, 1908) e" Dança redonda dos tempos. Publicidade” (M., 1909), a crítica notou a uniformidade de temas, imagens e técnicas; Balmont foi censurado por permanecer prisioneiro dos antigos cânones simbolistas. Os chamados "balmontismos" ("ensolarados", "beijando", "luxuriantes" e assim por diante) na nova atmosfera cultural e social causaram perplexidade e irritação. Posteriormente, reconheceu-se que, objetivamente, a obra do poeta declinou e perdeu o significado que tinha no início do século.

Balmont tardio

A obra de Balmont de 1910-1914 foi amplamente marcada por impressões de numerosas e longas viagens - em particular, ao Egito ("A Terra de Osíris", 1914), bem como às ilhas da Oceania, onde, como parecia ao poeta , ele encontrou pessoas realmente felizes, não perdeu seu imediatismo e "pureza". Balmont popularizou as tradições orais, contos e lendas dos povos da Oceania em russo por muito tempo, em particular, na coleção “O Arquiteto Branco. O Mistério das Quatro Lâmpadas" (1914). Durante esses anos, a crítica escreveu principalmente sobre seu "pôr do sol" criativo; o fator de novidade do estilo Balmont deixou de funcionar, a técnica permaneceu a mesma e, segundo muitos, renasceu em um selo. Os livros The Glow of the Dawn (1912) e Ash. Visão da árvore" (1916), mas eles também notaram "monotonia tediosa, letargia, beleza banal - um sinal de todas as letras tardias de Balmont".

Criatividade Balmont no exílio recebeu críticas mistas. Os contemporâneos do poeta consideraram este período decadente: "... Esse verso de Balmont parece discordante para nós, que enganou com uma nova melodiosa", escreveu V. V. Nabokov sobre ele. Pesquisadores posteriores notaram que em livros publicados depois de 1917, Balmont também mostrou novos e fortes lados de seu talento. “Os poemas posteriores de Balmont são mais nus, mais simples, mais humanos e mais acessíveis do que o que ele escreveu antes. Eles são mais frequentemente sobre a Rússia, e neles é mais claramente visível o “dourado eslavo” de Balmont que Innokenty Annensky mencionou uma vez ”, escreveu o poeta Nikolai Bannikov. Ele também observou que "a peculiaridade de Balmont - lançar, por assim dizer, casualmente algumas linhas separadas inspiradas, raramente bonitas" - manifestou-se na criatividade emigrante mais vividamente do que nunca. Poemas como "Dune Pines" e "Língua Russa" são chamados de "pequenas obras-primas" pelo crítico. Observou-se que o representante da geração “mais velha” de simbolistas russos, “enterrado vivo por muitos como poeta”, Balmont naqueles anos soava de uma maneira nova: “Em seus poemas ... não há mais“ transitório ” , mas sentimentos genuínos e profundos: raiva, amargura, desespero. Os caprichosos “caprichos” característicos de seu trabalho são superados por um sentimento de grande infortúnio geral, a “beleza” pretensiosa - pela severidade e clareza de expressão.

A evolução da visão de mundo

Em termos ideológicos e filosóficos, os primeiros trabalhos de Balmont foram considerados em grande parte secundários: o fascínio pelas ideias de "fraternidade, honra, liberdade" era uma homenagem ao humor geral da comunidade poética. Os temas dominantes de sua obra eram o sentimento cristão de compaixão, admiração pela beleza dos santuários religiosos (“Só há beleza no mundo - / Amor, tristeza, renúncia / E tormento voluntário / Cristo crucificado por nós”). Há uma opinião de que, tendo se tornado um tradutor profissional, Balmont caiu sob a influência da literatura que traduziu. Gradualmente, os sonhos “democratas-cristãos” de um futuro brilhante começaram a parecer ultrapassados ​​para ele, o cristianismo perdeu sua antiga atratividade, as obras de Friedrich Nietzsche, as obras de Henrik Ibsen com suas imagens vívidas (“torres”, “construção”, “subida” às alturas) encontrou uma resposta calorosa na alma. paz). Valery Bryusov, que Balmont conheceu em 1894, escreveu em seu diário que Balmont "chamou Cristo de lacaio, um filósofo para os pobres". Balmont delineou a essência de sua nova visão de mundo no ensaio "At the Height", publicado em 1895:

A poesia de Balmont começou a ser dominada por ideias e humores "demoníacos", que gradualmente se apoderaram dele na vida real. Tendo se tornado próximo de S. A. Polyakov, o poeta recebeu fundos significativos à sua disposição e embarcou em uma farra, uma parte importante das quais foram as “vitórias” românticas, que tinham uma conotação pagã um tanto sinistra. N. Petrovskaya, que caiu na zona de atração dos "encantos" de Balmont, mas logo a deixou sob a influência dos "campos" de Bryusov, lembrou: "... Era necessário ... ou se tornar um companheiro dele" noites loucas”, jogando todo o seu ser nesses fogos monstruosos, à saúde, inclusive, ou vá até o cajado de suas “mulheres portadoras de mirra”, seguindo humildemente os calcanhares da carruagem triunfal, falando em uníssono apenas sobre ele, respirando apenas o incenso da sua glória e deixando até os seus lares, amados e maridos para esta grande missão..."

Dicionário Enciclopédico de Brockhaus e Efron sobre Balmont
Os humores "demoníacos" na poesia de Balmont foram caracterizados pela crítica contemporânea do poeta:
Toda uma coleção de bruxas, demônios íncubos e súcubos, vampiros rastejando para fora dos caixões dos mortos, sapos monstruosos, quimeras, etc. desfilam diante do leitor estupefato.O poeta está em comunicação mais próxima com toda essa venerável companhia; acredite nele, porque ele mesmo é um verdadeiro monstro. Ele não apenas “se apaixonou por sua devassidão”, ele não consiste apenas em “paixões de tigre”, “sentimentos e pensamentos serpentinos” - ele é um adorador direto do diabo:
Se em algum lugar, além do mundo
Alguém sábio governa o mundo
Por que meu espírito, um vampiro,
Satanás canta e louva.
Os gostos e simpatias do adorador do diabo são os mais satânicos. Apaixonou-se pelo albatroz, este “ladrão do mar e do ar”, pela “desvergonha dos impulsos piratas”, glorifica o escorpião, sente uma afinidade espiritual com Nero que “queimou Roma”... é a cor do sangue...

Como o próprio Balmont percebeu sua própria vida naqueles anos pode ser julgado por sua correspondência com Bryusov. Um dos temas constantes dessas cartas era a proclamação da própria singularidade, elevação acima do mundo. Mas o poeta também sentiu horror pelo que estava acontecendo: “Valéry, querido, escreve-me, não me deixes, estou tão atormentado. Se eu tivesse forças para falar sobre o poder do Diabo, sobre o horror jubiloso que trago para minha vida! Não quero mais. Eu brinco com a Loucura e a Loucura brinca comigo” (de uma carta datada de 15 de abril de 1902). O poeta descreveu seu próximo encontro com um novo amante, E. Tsvetkovskaya, em uma carta datada de 26 de julho de 1903: “... Elena veio para São Petersburgo. Eu a vi, mas fugi para um bordel. Eu gosto de bordéis. Então me deitei no chão, num ataque de teimosia histérica. Então fugi novamente para outro templo do sábado, onde muitas virgens cantavam canções para mim... devaneios, de tal forma que meus olhos assustavam os espectadores ... ".

Viajar pelo mundo de muitas maneiras fortaleceu Balmont em sua rejeição ao cristianismo. “Malditos sejam os Conquistadores que não poupam pedra. Não tenho pena dos corpos mutilados, não tenho pena dos mortos. Mas ver uma vil catedral cristã no local de um antigo templo onde rezavam ao Sol, mas saber que fica em monumentos de arte misteriosa enterrados no chão ”, escreveu ele do México a Bryusov. Acredita-se que o ponto extremo da “caída do poeta no abismo” tenha sido marcado pela coletânea “Feitiços Malignos”: depois disso, em seu desenvolvimento espiritual, iniciou-se um retorno gradual ao “começo brilhante”. Boris Zaitsev, descrevendo a visão de mundo do poeta, escreveu: "Claro, a autoadmiração, a falta de senso de Deus e a pequenez diante dele, mas algum tipo de sol vivia nele, luz e musicalidade natural". Zaitsev considerou o poeta "um pagão, mas um adorador da luz" (ao contrário de Bryusov), observando: "... havia nele traços russos reais ... e ele próprio era tocante (nos bons tempos)."

As convulsões de 1917-1920 levaram a mudanças radicais na visão de mundo do poeta. A primeira evidência disso já apareceu na coletânea “Sonetos do Sol, Mel e Lua” (1917), onde o novo Balmont apareceu diante do leitor: “ainda há nele muita pretensão, mas ainda mais equilíbrio espiritual, que se funde harmoniosamente na forma perfeita do soneto, e o principal é que é claro que o poeta não é mais rasgado no abismo - ele está tateando o caminho para Deus. O renascimento interior do poeta também foi facilitado por sua amizade com I.S. Shmelev, que surgiu no exílio. Como escreveu Zaitsev, Balmont, que sempre "adorou pagãomente a vida, suas alegrias e brilho", confessando antes de sua morte, impressionou profundamente o padre com a sinceridade e o poder do arrependimento: ele "se considerava um pecador incorrigível que não pode ser perdoado ."

Atividades de tradução

A gama de literaturas e autores estrangeiros traduzidos por Balmont era extremamente ampla. Em 1887-1889, ele estava envolvido principalmente em traduções de poetas da Europa Ocidental - Heinrich Heine, Nikolaus Lenau, Alfred Musset, Sully-Prudhomme). Uma viagem aos países escandinavos (1892) marcou o início de sua nova paixão, que se concretizou nas traduções de Georg Brandes, Henrik Ibsen, Bjornstjerne Bjornson.

Em 1893-1899, Balmont publicou em sete edições as obras de Percy Bysshe Shelley em sua própria tradução com um artigo introdutório. Em 1903-1905, a parceria Znanie publicou sua edição revisada e ampliada em três volumes. Mais artisticamente bem-sucedidas e mais tarde reconhecidas como traduções de livros didáticos por Edgar Allan Poe, foram publicadas em 1895 em dois volumes e posteriormente incluídas nas obras coletadas de 1901.

Balmont traduziu nove dramas de Pedro Calderón (primeira edição - 1900); entre suas outras obras de tradução famosas estão “Cat Murr” de E. T. Hoffmann (São Petersburgo, 1893), “Salomé” e “The Ballad of Reading Prison” de Oscar Wilde (Moscou, 1904). Também traduziu poetas e dramaturgos espanhóis Lope de Vega e Tirso de Molina, poetas ingleses, prosadores, dramaturgos - William Blake, Oscar Wilde, J. G. Byron, A. Tennyson, J. Milton - poemas de C. Baudelaire. Suas traduções da História da Literatura Escandinava de Horn (M., 1894) e da História da Literatura Italiana de Gaspari (M., 1895-1997) são consideradas importantes para a crítica literária. Sob a direção de Balmont, foram publicadas as obras de Gerhart Hauptmann (1900 e posteriores), as obras de Herman Zudermann (1902-1903), a "História da Pintura" de Muther (São Petersburgo, 1900-1904). Balmont, que estudou a língua georgiana após uma viagem à Geórgia em 1914, é o autor da tradução do poema de Shota Rustaveli "The Knight in the Panther's Skin"; ele mesmo o considerou o melhor poema de amor já escrito na Europa ("uma ponte de fogo que liga o céu e a terra"). Depois de visitar o Japão em 1916, traduziu tanka e haicai de vários autores japoneses, do antigo ao moderno.

Nem todos os trabalhos de Balmont foram altamente cotados. Críticos sérios criticaram suas traduções de Ibsen (Ghosts, Moscow, 1894), Hauptmann (Gannele, The Sunken Bell) e Walt Whitman (Grass Shoots, 1911). Analisando as traduções de Shelley feitas por Balmont, Korney Chukovsky chamou a resultante de “nova cara”, meio-Shelley, meio-Balmont, chamada de Shelmont. No entanto, o Dicionário Enciclopédico de Brockhaus e Efron afirma que "o fato da única tradução de várias dezenas de milhares de poemas rimados por um poeta tão complexo e profundo quanto Shelley pode ser considerado um feito no campo da literatura de tradução poética russa".

De acordo com M. I. Voloshin, “Balmont traduziu Shelley, Edgar Allan Poe, Calderón, Walt Witman, canções folclóricas espanholas, livros sagrados mexicanos, hinos egípcios, mitos polinésios, Balmont conhece vinte idiomas, Balmont traduziu bibliotecas inteiras de Oxford, Bruxelas, Paris, Madrid ... Tudo isso não é verdade, porque as obras de todos os poetas eram para ele apenas um espelho, no qual ele via apenas um reflexo de seu próprio rosto em diferentes molduras, de todas as línguas ele criou um, seu próprio , e a poeira cinzenta das bibliotecas em suas asas leves de Ariel se transforma na poeira iridescente das asas das borboletas.

De fato, o poeta nunca buscou precisão nas traduções: era importante para ele transmitir o "espírito" do original, como ele o sentia. Além disso, ele comparou a tradução com uma “reflexão” e acreditou que ela poderia ser “mais bonita e radiante” que o original:

Balmont sempre tratou a Rússia como parte integrante do mundo totalmente eslavo. “Sou eslavo e continuarei sendo”, escreveu o poeta em 1912. Experimentando um amor especial pela Polônia, ele traduziu muito do polonês - em particular, as obras de Adam Mickiewicz, Stanislaw Wyspiansky, Zygmunt Krasinsky, Boleslaw Lesmian, Jan Kasprowicz, Jan Lechon, escreveu muito sobre a Polônia e a poesia polonesa. Mais tarde, na década de 1920, Balmont traduziu poesia checa (Yaroslav Vrkhlitsky, Selected Poems. Praga, 1928), búlgara ("Golden Sheaf of Bulgarian Poetry. Folk Songs." Sofia, 1930), sérvio, croata, eslovaco. Balmont também considerou a Lituânia relacionada ao mundo eslavo: as primeiras traduções de canções folclóricas lituanas feitas por ele datam de 1908. Entre os poetas que traduziu estão Petras Babickas, Mykolas Vaitkus e Ludas Gira; Balmont tinha uma estreita amizade com este último. O livro de Balmont Northern Lights. Poemas sobre a Lituânia e a Rússia” foi publicado em 1931 em Paris.

Em 1930, Balmont havia traduzido The Tale of Igor's Campaign (Rússia e Eslavônia, 1930. No. 81) para o russo moderno, dedicando seu trabalho ao professor N. K. Kulman. O próprio professor, no artigo “The Fate of the Tale of Igor's Campaign”, publicado na mesma edição da revista “Russia and Slavdom”, escreveu que Balmont, que se mostrou “mais próximo do original do que qualquer de seus predecessores”, conseguiu refletir em sua tradução, “a concisão, a perseguição do original... . sentir em sua tradução a ideia nacional do leigo e aquele amor pela pátria que o queimou autor". Balmont falou sobre trabalhar com Kulman na tradução de The Tale of Igor's Campaign no artigo Joy. (Carta da França)”, publicada no jornal “Segodnya”.

Memórias e comentários sobre Balmont

De todos os memorialistas, as memórias mais calorosas de K. D. Balmont foram deixadas por M. I. Tsvetaeva, que era muito amigo do poeta. Ela escreveu:

“Eu poderia passar as noites contando sobre o Balmont vivo, cuja devota testemunha ocular eu tive a sorte de ser por dezenove anos, sobre Balmont – completamente incompreendido e não marcado em nenhum lugar … e toda a minha alma está cheia de gratidão”, ela disse. admitido.

Em suas memórias, Tsvetaeva também foi crítica - em particular, ela falou sobre a "não-russianidade" da poesia de Balmont: "No conto de fadas russo, Balmont não é Ivan Tsarevich, mas um hóspede estrangeiro, espalhando todos os presentes de calor e mares na frente da filha real. Sempre tenho a sensação de que Balmont fala alguma língua estrangeira, que - não sei, a de Balmont. AP Chekhov escreveu sobre o lado externo do mesmo recurso, notando sobre Balmont que ele "... lê muito engraçado, com a voz quebrada", de modo que "... é difícil entendê-lo".

B.K. Zaitsev capturou a imagem de Balmont de Moscou - excêntrico, estragado pela adoração, caprichoso. "Mas ele também era completamente diferente... quieto, até triste... Apesar da presença de fãs, ele se manteve simples - sem teatro", observou o memorialista. Roman Gul também falou sobre o período de Moscou da vida de Balmont - no entanto, em suas próprias palavras, "coisas monstruosas", aliás, das palavras de outras pessoas. I. A. Bunin falou negativamente sobre Balmont, que viu no poeta um homem que "... em toda a sua longa vida não disse uma única palavra com simplicidade". “Balmont era geralmente uma pessoa incrível. Um homem que às vezes admirava a muitos com sua "infantilidade", riso ingênuo inesperado, que, no entanto, era sempre com alguma astúcia demoníaca, um homem em cuja natureza não havia pouca ternura fingida, "doçura", para colocar em sua linguagem , mas não um pouco e nem um pouco - tumulto selvagem, belicosidade brutal, insolência pública. Este era um homem que, durante toda a sua vida, estava realmente exausto do narcisismo, estava intoxicado consigo mesmo ... ”, - escreveu Bunin.

Nas memórias de V. S. Yanovsky, Andrei Sedykh e I. V. Odoevtseva, o poeta no exílio foi mostrado como um anacronismo vivo. Os memorialistas, em sua maioria, tratavam Balmont apenas com simpatia humana, negando às suas obras o valor artístico do período emigrado. O poeta Mikhail Tsetlin, notando logo após a morte de Balmont que o que ele havia feito teria sido suficiente não para uma vida humana, mas “para toda a literatura de um povo pequeno”, reclamou que os poetas da nova geração da emigração russa “. .. adorava Blok, descobria Annensky, amava Sologub, lia Khodasevich, mas era indiferente a Balmont. Ele vivia em solidão espiritual."

Como E. A. Yevtushenko escreveu muitos anos depois, “... Balmont tinha muita escrita sonora vazia e paqueradora, 'beleza'. No entanto, a poesia era seu verdadeiro amor, e ele servia apenas a ela - talvez muito sacerdotal, intoxicado pelo incenso que ele mesmo fumava, mas desinteressadamente. “Há bons poemas, excelentes poemas, mas eles passam, morrem sem deixar rastro. E há poemas que parecem banais, mas há neles uma certa radioatividade, uma magia especial. Esses versos vivem. Esses foram alguns dos poemas de Balmont”, escreveu Teffi.

Balmont - sobre antecessores e contemporâneos

Balmont chamou Calderon, William Blake e "o simbolista mais destacado" Edgar Allan Poe seus predecessores simbolistas. Na Rússia, acreditava o poeta, "o simbolismo vem de Fet e Tyutchev". Dos simbolistas russos contemporâneos, Balmont notou principalmente Vyacheslav Ivanov, um poeta que, em suas palavras, é capaz de combinar "profundos humores filosóficos com uma extraordinária beleza de forma", bem como Jurgis Baltrushaitis, Sergei Gorodetsky, Anna Akhmatova, a quem ele colocar "no mesmo nível com Mirra Lokhvitskaya", e Fyodor Sologub, chamando o último "o mais atraente dos escritores modernos e um dos poetas mais talentosos").

Balmont falou criticamente do futurismo, observando: “Considero a fermentação futurista associada a alguns novos nomes como manifestações de um trabalho interior em busca de uma saída e, principalmente, uma manifestação daquele americanismo chamativo, de mau gosto, publicitário que marcou todo o nosso vida russa quebrada. ". Em outra entrevista da mesma época, o poeta falou sobre essa tendência de forma ainda mais contundente:

Falando sobre os clássicos russos, o poeta mencionou, em primeiro lugar, F. M. Dostoiévski - o único escritor russo, junto com A. S. Pushkin e A. A. Fet, que teve uma forte influência sobre ele. “É verdade, ultimamente me afastei dele: para mim, que acredito na harmonia solar, seus humores sombrios se tornaram estranhos”, disse ele em 1914. Balmont se encontrou pessoalmente com Leo Tolstoy; “É como uma confissão não contada”, ele descreveu suas impressões da reunião dessa maneira. No entanto, “não gosto de Tolstoi como romancista e o amo ainda menos como filósofo”, disse ele já em 1914. Entre os escritores clássicos mais próximos a ele em espírito, Balmont nomeou Gogol e Turgenev; Entre os escritores de ficção contemporâneos, Boris Zaitsev foi notado como um escritor "com humores sutis".

Balmont e Mirra Lokhvitskaya

Na Rússia, antes de emigrar, Balmont tinha duas pessoas muito próximas. O poeta escreveu sobre um deles, V. Ya. Bryusov, como “a única pessoa de que precisava” na Rússia. Escrevi para ele com frequência e esperei impacientemente por suas cartas ”, testemunhou E. A. Andreeva-Balmont. A chegada de Balmont a Moscou terminou em uma briga. Andreeva deu sua explicação sobre esse assunto em suas memórias: “Tenho motivos para pensar que Bryusov estava com ciúmes de sua esposa, Ioanna Matveevna, de Balmont, que, cativada por ela, não pensou, como sempre, em esconder seu entusiasmo seja da esposa ou do marido... Mas não posso dizer.” No entanto, havia motivos para acreditar que o obstáculo na relação entre os dois poetas era outra mulher, a quem a segunda esposa de Balmont preferia não mencionar em suas memórias.

Mirra Lokhvitskaya tornou-se o segundo amigo próximo de Balmont no final da década de 1890. Os detalhes de sua relação pessoal não são documentados: a única fonte sobrevivente são as próprias confissões em versos dos dois poetas, publicadas no decorrer de um diálogo aberto ou encoberto que durou quase uma década. Balmont e Lokhvitskaya se conheceram presumivelmente em 1895 na Crimeia. Lokhvitskaya, uma mulher casada com filhos e naquela época mais famosa que Balmont, uma poetisa, foi a primeira a iniciar um diálogo poético, que gradualmente se transformou em um tempestuoso "romance em versos". Além de dedicatórias diretas, os pesquisadores descobriram mais tarde muitos poemas "meio", cujo significado ficou claro apenas quando comparados (Balmont: "... O sol faz seu caminho chato. Algo impede o coração de respirar ..." - Lokhvitskaya : "O sol de inverno fez um caminho prateado. Feliz - quem pode descansar em um peito doce ... "e assim por diante).

Depois de três anos, Lokhvitskaya começou a completar conscientemente o romance platônico, percebendo que não poderia haver continuação na realidade. Por sua parte, uma espécie de sinal de ruptura foi o poema “No sarcófago” (no espírito de “Annabel-Lee”: “Eu sonhei - você e eu cochilamos no sarcófago, / Ouvindo como o surf bate uma onda contra as pedras. / E nossos nomes queimaram em um maravilhoso sábio / Duas estrelas fundidas em uma"). Balmont escreveu várias respostas a este poema, em particular um dos mais famosos, "Inseparable" ("... cadáveres congelados, vivemos na consciência de uma maldição, / O que há no túmulo - no túmulo! - estamos em uma pose vil de abraços...").

Como observou T. Aleksandrova, Lokhvitskaya “fez a escolha de um homem do século XIX: a escolha do dever, da consciência, da responsabilidade diante de Deus”; Balmont fez a escolha do século 20: "a mais completa satisfação das necessidades crescentes". Seus apelos em versos não pararam, mas confissões francas neles agora deram lugar a ameaças. A condição de saúde de Lokhvitskaya piorou, surgiram problemas cardíacos, ela continuou a responder aos novos poemas de Balmont com "constância dolorosa". Essa conexão forte, mas ao mesmo tempo destrutiva, que mergulhou os dois poetas em uma profunda crise pessoal, foi encerrada com a morte precoce de Lokhvitskaya em 1905. Seu romance literário com Balmont permaneceu um dos fenômenos mais misteriosos da vida literária russa no início do século XX. Por muitos anos o poeta continuou a admirar o talento poético de sua amada, que morreu cedo, e disse a Anna Akhmatova que antes de conhecê-la conhecia apenas duas poetisas: Safo e Mirra Lokhvitskaya.

Balmont e Maxim Gorky

O conhecimento por correspondência do poeta com Gorky ocorreu em 10 de setembro de 1896, quando este último no folhetim do ciclo "Notas Fugitivas", publicado por "Nizhny Novgorod Listok", falou pela primeira vez sobre os poemas de Balmont. Traçando um paralelo entre a autora da coletânea “Nos Limites” e Zinaida Gippius (“Além”), a autora ironicamente aconselhou ambas a irem “além do limite, ao abismo da imensidão luminosa”. Gradualmente, a opinião de Gorky sobre o poeta começou a mudar: ele gostava de poemas como "O Ferreiro", "Albatroz", "Memórias de uma noite em Amsterdã". Gorky deixou uma segunda resenha do poeta no mesmo jornal em 14 de novembro de 1900. Por sua vez, os poemas "Witch", "Spring" e "Roadside Herbs" na revista "Life" (1900) Balmont publicou com uma dedicatória a Gorky.

Balmont e Maeterlinck
O Teatro de Arte de Moscou instruiu Balmont a negociar com Maurice Maeterlinck a produção de seu The Blue Bird. O poeta contou a Teffi sobre este episódio:
Ele não me deixou entrar por um longo tempo, e o criado correu de mim para ele e desapareceu em algum lugar nas profundezas da casa. Finalmente, o criado me deixou entrar em algum décimo quarto, completamente vazio. Um cachorro gordo estava sentado em uma cadeira. Maeterlinck estava ao lado dele. Esbocei a proposta do Teatro de Arte. Maeterlinck ficou em silêncio. Eu repeti. Ele continuou em silêncio. Então o cachorro latiu e eu fui embora.

Taffy. Recordações.

Gorky e Balmont se conheceram no outono de 1901 em Yalta. Juntamente com Chekhov, eles foram a Gaspra para ver Leo Tolstoy, que morava lá. “Conheci Balmont. Esse neurastênico é diabolicamente interessante e talentoso! .. ”, escreveu Gorky em uma de suas cartas. Gorky creditou a Balmont o fato de que ele, como ele acreditava, "amaldiçoou, derramou o veneno do desprezo ... " Balmont, por sua vez, apreciou o escritor por ser "uma personalidade forte completa, ... um pássaro canoro, não uma alma de tinta". No início dos anos 1900, Gorki, em suas próprias palavras, comprometeu-se a definir o poeta "de forma democrática". Ele atraiu Balmont para participar da editora Znanie, defendeu o poeta quando a imprensa começou a ridicularizar seus hobbies revolucionários, cooperação com publicações bolcheviques. Balmont, que por algum tempo sucumbiu à “afinação”, admitiu em 1901: “Eu era sincero com você o tempo todo, mas muitas vezes incompleto. Como é difícil para mim libertar-me imediatamente - tanto do falso quanto do escuro, e de minha inclinação para a loucura, para a loucura excessiva. Não houve reaproximação real entre Gorky e Balmont. Aos poucos, Gorki falou cada vez mais criticamente sobre a obra de Balmont, acreditando que na poesia deste último tudo se dirige à sonoridade em detrimento dos motivos sociais: “O que é Balmont? Este campanário é alto e estampado, e os sinos são todos pequenos... Não é hora de tocar os grandes? Considerando Balmont um mestre da língua, o escritor fez uma ressalva: "Um grande poeta, claro, mas escravo de palavras que o intoxicam".

A ruptura final entre Gorky e Balmont ocorreu após a partida do poeta para a França em 1920. No final desta década, o principal pathos das denúncias do poeta relacionadas à violação de direitos e liberdades na Rússia soviética acabou sendo dirigido a Gorki. Nos jornais emigrantes Vozrozhdenie, Segodnya e Za Svoboda! O artigo de Balmont “Petishite Peshkov. Por pseudônimo: Gorky" com duras críticas ao escritor proletário. O poeta encerrou sua poética “Carta Aberta a Gorky” (“Você jogou uma pedra na cara do Povo Indígena. / Sua mão traiçoeiramente criminosa / Deita seu próprio pecado nos ombros do camponês …”), o poeta terminou com a pergunta: “... E quem é mais forte em você: um cego ou apenas um mentiroso? » Gorki, por sua vez, fez sérias acusações contra Balmont, que, segundo sua versão, escreveu um ciclo de maus poemas pseudo-revolucionários "Martelo e Foice" com o único propósito de obter permissão para viajar ao exterior e, tendo alcançado seu objetivo, declarou ele próprio um inimigo do bolchevismo e se permitiu declarações "precipitadas", que, como o escritor proletário acreditava, tiveram um efeito fatal sobre o destino de muitos poetas russos que esperavam em vão naqueles dias obter permissão para sair: entre eles estavam chamados Bely, Blok, Sologub. Em um fervor polêmico, Gorky falou de Balmont como uma pessoa estúpida e, devido ao alcoolismo, não totalmente normal. “Como poeta, ele é o autor de um livro de poemas muito bonito “Nós seremos como o sol”. Todo o resto com ele é um jogo de palavras muito hábil e musical, nada mais.

Balmont e I. S. Shmelev

No final de 1926, K. D. Balmont, inesperadamente para muitos, aproximou-se de I. S. Shmelev, e essa amizade durou até sua morte. Antes da revolução, eles pertenciam a campos literários opostos (decadentes e realistas, respectivamente) e pareciam não ter nada em comum entre si, mas na emigração, quase imediatamente, em seus protestos e ações públicas, passaram a atuar como uma frente única .

Também houve divergências entre eles. Assim, Shmelev não aprovava o "cosmopolitismo" de Balmont. “Ah, Konstantin Dmitrievich, afinal, você tem lituanos, finlandeses e mexicanos. O que seria pelo menos um livro russo ... ”, - disse ele, estando em uma festa. Balmont lembrou que, ao responder a isso, também lhe mostrou os livros russos que estavam no quarto, mas isso teve muito pouco efeito em Shmelev. “Ele está chateado por eu ser multilíngue e multi-amorosa. Ele gostaria que eu amasse apenas a Rússia”, reclamou o poeta. Por sua vez, Balmont discutiu com Shmelev mais de uma vez - em particular, sobre o artigo de Ivan Ilyin sobre a crise na arte contemporânea ("Ele claramente entende pouco de poesia e música se ... ele diz palavras tão inaceitáveis ​​​​sobre o excelente trabalho do brilhante e o esclarecido Scriabin, o puro russo e o altamente iluminado Vyacheslav Ivanov, o radiante Stravinsky, o classicamente puro Prokofiev…”).

De muitas maneiras, a forte união espiritual de duas pessoas aparentemente completamente diferentes foi explicada pelas mudanças fundamentais que ocorreram durante os anos de emigração na visão de mundo de Balmont; o poeta voltou-se para os valores cristãos, que ele rejeitou por muitos anos. Em 1930 o poeta escreveu:

Balmont apoiou ardentemente Shmelev, que às vezes acabou sendo vítima de intrigas quase literárias, e com base nisso brigou com os editores do Latest News, que publicou um artigo de Georgy Ivanov, que menosprezou o romance Love Story. Defendendo Shmelyov, Balmont escreveu que ele “de todos os escritores russos modernos tem a língua russa mais rica e original”; seu "Cálice Inesgotável" está "à altura das melhores histórias de Turgueniev, Tolstoi e Dostoiévski", e é apreciado - em primeiro lugar, em países "acostumados a respeitar o talento artístico e a pureza espiritual".

Na difícil década de 1930 para o poeta, a amizade com Shmelev continuou sendo seu principal apoio. “Amigo, se não fosse por você, não haveria o sentimento mais brilhante e afetuoso da minha vida nos últimos 8-9 anos, não haveria o apoio e apoio espiritual mais fiel e forte, durante o horas em que a alma atormentada estava pronta para quebrar ... ", - Balmont escreveu em 1º de outubro de 1933.

Obras (selecionadas)

Coleções de poesia

1890 - 1917

• "Coleção de poemas" (Yaroslavl, 1890)
• "Sob o céu do norte (elegias, estrofes, sonetos)" (São Petersburgo, 1894)
• "Na vastidão das trevas" (M., 1895 e 1896)
• "Silêncio. Poemas líricos "(São Petersburgo, 1898)
• "Edifícios em chamas. Letras da alma moderna "(M., 1900)
• “Seremos como o sol. O Livro dos Símbolos (Moscou, 1903)
• "Apenas amor. Semitsvetnik "(M., 1903)
• "A Liturgia da Beleza. Hinos elementares "(M., 1905)
• "Contos de fadas (canções infantis)" (M., 1905)
• "Feitiços do Mal (Livro de Feitiços)" (M., 1906)
• "Poemas" (1906)
• "Firebird (tubo eslavo)" (1907)
• "A Liturgia da Beleza (Hinos Elementais)" (1907)
• "Canções do Vingador" (1907)
• "Três apogeu (Teatro da juventude e beleza)" (1907)
• "Apenas amor". 2ª edição (1908)
• "Dança redonda dos tempos (All-glasnost)" (M., 1909)
• "Pássaros no Ar (Linhas Cantadas)" (1908)
• "Jardim verde (beijando palavras)" (1909)
• "Links. Poemas Selecionados. 1890-1912" (M.: Escorpião, 1913)
• "O Arquiteto Branco (O Mistério das Quatro Lâmpadas)" (1914)
• "Freixo (Visão da Árvore)" (1916)
• "Sonetos do Sol, Mel e Lua" (1917; Berlim, 1921)
• "Coleção de Letras" (Livros 1-2, 4, 6. M., 1917)

1920 - 1937

• "Anel" (M., 1920)
• "Sete Poemas" (M., "Zadruga", 1920)
• Poemas Selecionados (Nova York, 1920)
• "Fio solar. Izbornik "(1890-1918) (M., ed. Sabashnikovs, 1921)
• "Gamayun" (Estocolmo, "Northern Lights", 1921)
• "Presente da Terra" (Paris, "Terra Russa", 1921)
• "A Hora Brilhante" (Paris, 1921)
• "Canção do martelo de trabalho" (M., 1922)
• "Verde" (Paris, 1922)
• "Sob a nova foice" (Berlim, "Word", 1923)
• "Mine - para ela (Rússia)" (Praga, "Flame", 1924)
• "Na distância dividida (Poema sobre a Rússia)" (Belgrado, 1929)
• "Cumplicidade de Almas" (1930)
• "Northern Lights (Poemas sobre Lituânia e Rússia)" (Paris, 1931)
• Ferradura Azul (Poemas sobre a Sibéria) (1937)
• "Serviço Leve" (Harbin, 1937)

Coletâneas de artigos e ensaios

• "Mountain Peaks" (M., 1904; livro um)
• "Chamadas da antiguidade. Hinos, canções e planos dos antigos” (Pb., 1908, Berlim, 1923)
• “Snake Flowers” ​​(“Cartas de viagem do México”, M., 1910)
• "Brilho do Mar" (1910)
• "Brilho do Amanhecer" (1912)
• "Som de luz na natureza e sinfonia de luz de Scriabin" (1917)

Traduções das obras de Balmont para línguas estrangeiras

• Gamelan (Gamelang) - em Doa Penyair. Antologi Puisi sempena Program Bicara Karya dan Baca Puisi eSastera.Com. Kota Bharu, 2005, p. 32 (traduzido para o malaio por Victor Pogadaev).

Memória

• 12 de maio de 2011 em Vilnius (Lituânia) foi inaugurado o primeiro monumento do mundo a Konstantin Balmont.
• Em 29 de novembro de 2013, a primeira placa memorial russa para Balmont foi aberta em Moscou na pista Bolshoy Nikolopeskovsky 15.

Veja também

• Escritores da Era de Prata
• Simbolismo
• Círculo de Amantes da Literatura da Europa Ocidental

Eu quero você, minha felicidade, Minha beleza sobrenatural! Você é o sol na escuridão do mau tempo, Você é o orvalho para um coração ardente! Inspirado pelo amor por você, vou correr para a batalha com o destino. Como uma orelha queimada por uma tempestade, eu me curvo ao pó diante de você. Pelo doce prazer da embriaguez pagarei com a minha vida! Pelo menos à custa do crime - eu quero você!

Eu amaldiçoo o ginásio com todas as minhas forças. Ela permanentemente desfigurou meu sistema nervoso.