Sigmund Freud (Freud; alemão Sigmund Freud; nome completo Sigismund Shlomo Freud, alemão Sigismund Schlomo Freud). Nasceu em 6 de maio de 1856 em Freiberg, Império Austríaco - morreu em 23 de setembro de 1939 em Londres. Psicólogo, psiquiatra e neurologista austríaco.

Sigmund Freud é mais conhecido como o fundador da psicanálise, que teve um impacto significativo na psicologia, medicina, sociologia, antropologia, literatura e arte do século XX. As concepções de Freud sobre a natureza humana foram inovadoras para sua época e ao longo da vida do pesquisador não deixaram de causar ressonância e críticas em comunidade científica. O interesse pelas teorias do cientista não desaparece até hoje.

Entre as realizações de Freud, as mais importantes são o desenvolvimento de um sistema tricomponente modelo estrutural da psique (consistindo de "Isso", "eu" e "Super-eu"), destacando fases específicas do desenvolvimento psicossexual da personalidade, criando a teoria do complexo de Édipo, descobrindo mecanismos de proteção que funcionam na psique, psicologizando o conceito de "inconsciente", descobrindo a transferência e a contratransferência, bem como o desenvolvimento de métodos terapêuticos como o método associações livres e interpretação dos sonhos.

Apesar de ser inegável a influência das ideias e da personalidade de Freud na psicologia, muitos pesquisadores consideram suas obras um charlatanismo intelectual. Quase todos os postulados fundamentais da teoria de Freud foram criticados por proeminentes cientistas e escritores, como Erich Fromm, Albert Ellis, Karl Kraus e muitos outros. A base empírica da teoria de Freud foi chamada de "inadequada" por Frederick Krüss e Adolf Grünbaum, a psicanálise foi apelidada de "fraude" por Peter Medawar, a teoria de Freud foi considerada pseudocientífica por Karl Popper, o que, no entanto, não impediu o destacado psiquiatra e psicoterapeuta austríaco , diretor da Clínica Neurológica de Viena em sua obra fundamental "Teoria e terapia das neuroses" a admitir: "E, no entanto, parece-me que a psicanálise será a base para a psicoterapia do futuro... Portanto, a contribuição de Freud à criação da psicoterapia não perde seu valor, e o que ele fez é incomparável."

Durante sua vida, Freud escreveu e publicou um grande número de trabalhos científicos - coleção completa seus escritos são 24 volumes. Ele tinha o título de doutor em medicina, professor, doutorado honorário Law da Clark University e foi membro estrangeiro da Royal Society de Londres, ganhador do Prêmio Goethe, foi membro honorário da American Psychoanalytic Association, da French Psychoanalytic Society e da British Psychological Society. Não apenas sobre a psicanálise, mas também sobre o próprio cientista, muitos livros biográficos foram publicados. Mais artigos são publicados a cada ano sobre Freud do que sobre qualquer outro teórico da psicologia.

Sigmund Freud nasceu em 6 de maio de 1856 na pequena cidade (cerca de 4.500 habitantes) de Freiberg, na Morávia, que na época pertencia à Áustria. A rua onde Freud nasceu, a Schlossergasse, agora leva seu nome. O avô paterno de Freud era Shlomo Freud, ele morreu em fevereiro de 1856, pouco antes do nascimento de seu neto - foi em sua homenagem que este último foi nomeado.

O pai de Sigmund, Jacob Freud, foi casado duas vezes e teve dois filhos do primeiro casamento - Philip e Emmanuel (Emmanuel). Na segunda vez, ele se casou aos 40 anos - com Amalia Natanson, que tinha metade de sua idade. Os pais de Sigmund eram judeus de origem alemã. Jacob Freud tinha seu próprio e modesto negócio têxtil. Sigmund viveu em Freiberg durante os primeiros três anos de sua vida, até que em 1859 as consequências da revolução industrial na Europa Central desferiram um golpe esmagador na pequena empresa de seu pai, praticamente arruinando-a - como, aliás, quase toda Freiberg, que era em declínio significativo: depois de como a restauração das proximidades estrada de ferro A cidade viveu um período de desemprego crescente. No mesmo ano, os Freuds tiveram uma filha, Anna.

A família decidiu se mudar e deixou Freiberg, mudando-se para Leipzig - os Freuds passaram apenas um ano lá e, sem sucesso significativo, mudaram-se para Viena. Sigmund suportou muito a mudança de sua cidade natal - a separação forçada de seu meio-irmão Philip, com quem mantinha relações amigáveis ​​​​estreitas, teve um efeito especialmente forte no estado da criança: Philip até substituiu parcialmente o pai de Sigmund. A família Freud, em difícil situação financeira, instalou-se num dos bairros mais pobres da cidade - Leopoldstadt, que na época era uma espécie de gueto vienense habitado por pobres, refugiados, prostitutas, ciganos, proletários e judeus. Logo os negócios de Jacob começaram a melhorar e os Freuds puderam se mudar para um lugar mais habitável, embora não pudessem pagar pelo luxo. Ao mesmo tempo, Sigmund se interessou seriamente pela literatura - ele manteve o amor pela leitura, incutido por seu pai, pelo resto de sua vida.

Depois de se formar no ginásio, Sigmund duvidou por muito tempo sobre sua futura profissão - sua escolha, porém, foi bastante escassa devido ao seu status social e então prevalecentes sentimentos anti-semitas e se limita ao comércio, indústria, direito e medicina. As duas primeiras opções foram imediatamente rejeitadas pelo jovem por causa de sua alta educação, a jurisprudência também ficou em segundo plano junto com as ambições juvenis na política e nos assuntos militares. O impulso de aceitar decisão final Freud recebeu de Goethe - uma vez que ouviu como em uma das palestras o professor lê um ensaio de um pensador chamado "Natureza", Sigmund decidiu se inscrever para Faculdade de Medicina. Assim, a escolha de Freud recaiu sobre a medicina, embora não tivesse o menor interesse por esta - mais tarde ele admitiu isso repetidamente e escreveu: "Não senti nenhuma predisposição para praticar medicina e a profissão de médico", e em Anos depois chegou a dizer que na medicina nunca se sentiu “à vontade” e, em geral, nunca se considerou um médico de verdade.

No outono de 1873, Sigmund Freud, de dezessete anos, ingressou na faculdade de medicina da Universidade de Viena. O primeiro ano de estudo não estava diretamente relacionado à especialidade subseqüente e consistia em muitos cursos de humanidades - Sigmund participou de vários seminários e palestras, ainda não tendo finalmente escolhido uma especialidade de seu gosto. Durante esse tempo, ele experimentou muitas dificuldades associadas à sua nacionalidade - por causa dos sentimentos anti-semitas que prevaleciam na sociedade, inúmeras escaramuças ocorreram entre ele e seus colegas. Suportando firmemente o ridículo regular e os ataques de seus pares, Sigmund começou a desenvolver em si mesmo a resistência do personagem, a capacidade de dar uma rejeição digna em uma disputa e a capacidade de resistir às críticas: “Desde a infância, fui forçado a me acostumar a estar na oposição e ser banido pelo “acordo da maioria”. Assim, foram lançadas as bases para um certo grau de independência no julgamento..

Sigmund começou a estudar anatomia e química, mas gostou das palestras do famoso fisiologista e psicólogo Ernst von Brücke, que teve uma influência significativa sobre ele. Além disso, Freud assistiu às aulas do eminente zoólogo Karl Klaus; o conhecimento desse cientista abriu amplas perspectivas para prática de pesquisa e trabalho científico, para o qual Sigmund gravitou. Os esforços de um aluno ambicioso foram coroados de sucesso e, em 1876, ele teve a oportunidade de realizar seu primeiro trabalho de pesquisa no Instituto de Pesquisas Zoológicas de Trieste, um dos departamentos chefiado por Klaus. Foi lá que Freud escreveu o primeiro artigo publicado pela Academia de Ciências; foi dedicado a revelar as diferenças sexuais nas enguias do rio. Durante seu tempo sob Klaus "Freud rapidamente se destacou entre os demais alunos, o que lhe permitiu por duas vezes, em 1875 e 1876, tornar-se bolsista do Instituto de Pesquisas Zoológicas de Trieste".

Freud manteve o interesse pela zoologia, mas depois de receber um cargo de pesquisador no Instituto de Fisiologia, foi completamente influenciado pelas ideias psicológicas de Brücke e mudou-se para seu laboratório para trabalhos científicos, deixando a pesquisa zoológica. “Sob sua orientação [Brücke], o aluno Freud trabalhou no Instituto Fisiológico de Viena, sentado por muitas horas ao microscópio. ...Ele nunca foi tão feliz como durante os anos passados ​​no laboratório estudando a estrutura das células nervosas medula espinhal animais". Trabalho científico completamente capturado por Freud; ele estudou, entre outras coisas, a estrutura detalhada dos tecidos animais e vegetais e escreveu vários artigos sobre anatomia e neurologia. Aqui, no Instituto Fisiológico, no final da década de 1870, Freud conheceu o médico Josef Breuer, com quem desenvolveu fortes amizades; ambos tinham personagens semelhantes e uma visão comum da vida, portanto, rapidamente encontraram um entendimento mútuo. Freud admirava os talentos científicos de Breuer e aprendeu muito com ele: “Ele se tornou meu amigo e ajudante em condições difíceis minha existência. Estamos acostumados a compartilhar todos os nossos interesses científicos com ele. Naturalmente, tirei o principal benefício dessas relações..

Em 1881, Freud passou nos exames finais com notas excelentes e recebeu grau médico, o que, no entanto, não mudou seu modo de vida - ele permaneceu trabalhando no laboratório sob o comando de Brücke, esperando eventualmente ocupar a próxima vaga e associar-se firmemente ao trabalho científico. O supervisor de Freud, vendo suas ambições e dadas as dificuldades financeiras que enfrentava devido à pobreza familiar, decidiu dissuadir Sigmund de seguir a carreira de pesquisador. Em uma de suas cartas, Brücke observou: “Jovem, você escolheu um caminho que não leva a lugar nenhum. Não há vagas no Departamento de Psicologia nos próximos 20 anos e você não tem meios de subsistência suficientes. Não vejo outra solução: sair do instituto e começar a exercer a medicina”.. Freud acatou o conselho de sua professora - até certo ponto isso foi facilitado pelo fato de que no mesmo ano conheceu Martha Bernays, se apaixonou por ela e decidiu se casar com ela; em conexão com isso, Freud precisava de dinheiro. Martha pertencia a uma família judia com ricas tradições culturais - seu avô, Isaac Bernays, era rabino em Hamburgo, seus dois filhos - Mikael e Jakob - ensinavam nas universidades de Munique e Bonn. O pai de Martha, Berman Bernays, trabalhava como secretário de Lorenz von Stein.

Freud não tinha experiência suficiente para abrir um consultório particular - na Universidade de Viena, adquiriu exclusivamente conhecimento teórico, enquanto a prática clínica teve que ser desenvolvida de forma independente. Freud decidiu que a Viena hospital da cidade. Sigmund começou com a cirurgia, mas depois de dois meses abandonou a ideia, achando o trabalho muito cansativo. Decidido a mudar de área de atividade, Freud mudou para a neurologia, na qual conseguiu algum sucesso - estudando os métodos de diagnóstico e tratamento de crianças com paralisia, bem como vários distúrbios da fala (afasia), publicou vários trabalhos sobre esses temas, que se tornaram conhecidos no meio científico e médico. Ele possui o termo "paralisia cerebral" (agora geralmente aceito). Freud ganhou uma reputação como um neurologista altamente qualificado. Ao mesmo tempo, sua paixão pela medicina desapareceu rapidamente e, no terceiro ano de trabalho na Clínica de Viena, Sigmund ficou completamente desapontado com ela.

Em 1883, decidiu ir trabalhar no departamento de psiquiatria, chefiado por Theodor Meinert, uma reconhecida autoridade científica em seu campo. O período de trabalho sob a orientação de Meinert foi muito produtivo para Freud - explorando os problemas de anatomia comparativa e histologia, ele publicou trabalhos científicos como “Um caso de hemorragia cerebral com um complexo de sintomas indiretos básicos associados ao escorbuto” (1884) , “Sobre a questão do corpo oliviforme de localização intermediária", "Um caso de atrofia muscular com extensa perda de sensibilidade (violação da dor e sensibilidade à temperatura)" (1885), "Nevrite aguda complexa dos nervos da medula espinhal e do cérebro ", "Origem do nervo auditivo", "Observação de grave perda unilateral de sensibilidade em um paciente com histeria » (1886).

Além disso, Freud escreveu artigos para o General Medical Dictionary e criou uma série de outros trabalhos sobre hemiplegia cerebral em crianças e afasia. Pela primeira vez em sua vida, o trabalho dominou Sigmund de cabeça e se transformou em uma verdadeira paixão para ele. Ao mesmo tempo, esforçar-se por reconhecimento científico o jovem experimentou um sentimento de insatisfação com seu trabalho, porque, em sua opinião, não obteve sucesso realmente significativo; condição psicológica Freud estava se deteriorando rapidamente, ele estava regularmente em um estado de melancolia e depressão.

Por um curto período, Freud trabalhou na divisão venérea do departamento de dermatologia, onde estudou a relação da sífilis com doenças do sistema nervoso. Ele dedicou seu tempo livre à pesquisa de laboratório. Em um esforço para expandir suas habilidades práticas tanto quanto possível para uma prática privada independente, a partir de janeiro de 1884, Freud mudou-se para o departamento de doenças nervosas. Pouco tempo depois, uma epidemia de cólera estourou em Montenegro, na vizinha Áustria, e o governo do país pediu ajuda para fornecer controle médico na fronteira - a maioria dos colegas mais antigos de Freud se voluntariou, e seu supervisor imediato na época estava em dois mês de férias; devido às circunstâncias, por muito tempo, Freud atuou como médico chefe do departamento.

Em 1884, Freud leu sobre os experimentos de um certo médico militar alemão com uma nova droga - a cocaína. Houve alegações em artigos científicos de que esta substância pode aumentar a resistência e reduzir significativamente a fadiga. Freud ficou extremamente interessado no que havia lido e decidiu realizar uma série de experimentos consigo mesmo.

A primeira menção dessa substância por cientistas é datada de 21 de abril de 1884 - em uma das cartas, Freud observou: "Consegui um pouco de cocaína e vou tentar testar seu efeito usando-a em casos de doenças cardíacas, bem como esgotamento nervoso, especialmente em um terrível estado de abstinência de morfina". O efeito da cocaína impressionou fortemente o cientista, a droga foi caracterizada por ele como um analgésico eficaz, que possibilita a realização das operações cirúrgicas mais complexas; um artigo entusiasmado sobre a substância saiu da pena de Freud em 1884 e foi chamado "Sobre a coca". Por muito tempo, o cientista usou a cocaína como anestésico, usando por conta própria e receitando para a noiva Martha. Fascinado pelas propriedades "mágicas" da cocaína, Freud insistiu em seu uso por seu amigo Ernst Fleischl von Marxow, que sofria de uma grave doença infecciosa, teve um dedo amputado e sofria de fortes dores de cabeça (e também sofria de vício em morfina).

Freud aconselhou um amigo a usar cocaína como cura para o abuso de morfina. O resultado desejado não foi alcançado - von Marxov posteriormente tornou-se rapidamente viciado em uma nova substância e começou a ter ataques frequentes semelhantes ao delirium tremens, acompanhados de dores terríveis e alucinações. Ao mesmo tempo, de toda a Europa começaram a chegar relatos de envenenamento e vício em cocaína, sobre as deploráveis ​​consequências de seu uso.

No entanto, o entusiasmo de Freud não diminuiu - ele explorou a cocaína como anestésico em várias operações cirúrgicas. O resultado do trabalho do cientista foi uma volumosa publicação no "Central Journal of General Medicine" sobre a cocaína, na qual Freud delineou a história do uso das folhas de coca pelos índios sul-americanos, descreveu a história da penetração da planta na Europa e detalhou os resultados. próprias observações para os efeitos do uso de cocaína. Na primavera de 1885, o cientista deu uma palestra sobre dada substância em que reconheceu a possível Consequências negativas de seu uso, mas ao mesmo tempo observou que não observou nenhum caso de dependência (isso aconteceu antes da deterioração do estado de von Marxov). Freud encerrou a palestra com as palavras: “Não hesito em aconselhar o uso de cocaína em injeções subcutâneas 0,3-0,5 gramas, sem se preocupar com o seu acúmulo no organismo". As críticas não demoraram a chegar - já em junho surgiram as primeiras grandes obras, condenando a posição de Freud e provando sua inconsistência. A controvérsia científica sobre a adequação do uso de cocaína continuou até 1887. Nesse período, Freud publicou diversas outras obras - "Sobre o estudo da ação da cocaína" (1885), "Sobre os efeitos gerais da cocaína" (1885), "Vício em cocaína e cocainofobia" (1887).

No início de 1887, a ciência havia definitivamente desmascarado últimos mitos sobre a cocaína - ela "foi condenada publicamente como um dos flagelos da humanidade, junto com o ópio e o álcool". Freud, nessa época já viciado em cocaína, até 1900 sofria de dores de cabeça, ataques cardíacos e frequentes hemorragias nasais. Vale ressaltar que Freud não apenas experimentou o efeito destrutivo de uma substância perigosa sobre si mesmo, mas também involuntariamente (já que naquela época a nocividade do cocainismo ainda não havia sido comprovada) se espalhou para muitos conhecidos. Este fato de sua biografia E. Jones teimosamente ocultou e preferiu não cobrir, no entanto Essa informação tornou-se conhecido com credibilidade a partir de cartas publicadas nas quais Jones afirmou: “Antes que os perigos das drogas fossem identificados, Freud já era uma ameaça social, pois pressionava todos que conhecia a usar cocaína.”.

Em 1885, Freud decidiu participar de um concurso realizado entre médicos juniores, cujo vencedor recebeu o direito a um estágio científico em Paris com o famoso psiquiatra Jean Charcot.

Além do próprio Freud, havia muitos médicos promissores entre os candidatos, e Sigmund não era de forma alguma o favorito, o que ele bem sabia; a única chance para ele era a ajuda de professores e cientistas influentes na academia, com quem já havia tido a oportunidade de trabalhar. Contando com o apoio de Brücke, Meinert, Leidesdorf (em sua clínica particular para doentes mentais, Freud substituiu brevemente um dos médicos) e vários outros cientistas que conhecia, Freud venceu a competição, recebendo treze votos em seu apoio contra oito. A chance de estudar com Charcot foi um grande sucesso para Sigmund, ele tinha grandes esperanças para o futuro em relação à próxima viagem. Então, pouco antes de sua partida, ele escreveu com entusiasmo para sua noiva: “Princesinha, minha princesinha. Ah, como será maravilhoso! Eu irei com dinheiro ... Então irei para Paris, me tornarei um grande cientista e voltarei para Viena com uma grande, apenas uma enorme auréola sobre minha cabeça, nos casaremos imediatamente e curarei todos os pacientes nervosos incuráveis ”.

No outono de 1885, Freud chegou a Paris para ver Charcot, que na época estava no auge de sua fama. Charcot estudou as causas e o tratamento da histeria. Em particular, o principal trabalho do neurologista foi o estudo do uso da hipnose - o uso este método permitiu-lhe induzir e eliminar sintomas histéricos como paralisia dos membros, cegueira e surdez. Sob Charcot, Freud trabalhou na clínica Salpêtrière. Encorajado pelos métodos de Charcot e impressionado com seu sucesso clínico, ele ofereceu seus serviços como intérprete das palestras de seu mentor para o alemão, para o que recebeu permissão.

Em Paris, Freud envolveu-se apaixonadamente com a neuropatologia, estudando as diferenças entre pacientes que sofriam de paralisia devido a traumas físicos e aqueles que desenvolviam sintomas de paralisia devido à histeria. Freud pôde estabelecer que os pacientes histéricos variam muito na gravidade da paralisia e nos locais das lesões, e também identificar (com a ajuda de Charcot) a existência de certos vínculos entre a histeria e os problemas de natureza sexual. No final de fevereiro de 1886, Freud deixou Paris e decidiu passar algum tempo em Berlim, tendo a oportunidade de estudar doenças infantis na clínica Adolf Baginsky, onde passou várias semanas antes de retornar a Viena.

Em 13 de setembro do mesmo ano, Freud se casou com sua amada Martha Bernay, que posteriormente lhe deu seis filhos - Matilda (1887-1978), Martin (1889-1969), Oliver (1891-1969), Ernst (1892-1966), Sophie (1893-1920) e Anna (1895-1982). Após retornar à Áustria, Freud começou a trabalhar no instituto sob a direção de Max Kassovitz. Esteve envolvido em traduções e revisões Literatura científica, conduziu uma prática privada, trabalhando principalmente com neuróticos, que "colocou imediatamente na ordem do dia a questão da terapia, que não era tão relevante para cientistas envolvidos em atividades de pesquisa". Freud sabia dos sucessos de seu amigo Breuer e das possibilidades de aplicar com sucesso seu "método catártico" no tratamento de neuroses (este método foi descoberto por Breuer enquanto trabalhava com a paciente Anna O, e posteriormente foi reutilizado junto com Freud e foi descrito em "Studies in Hysteria"), mas Charcot, que permaneceu uma autoridade inquestionável para Sigmund, era muito cético sobre esta técnica. A própria experiência de Freud lhe dizia que a pesquisa de Breuer era muito promissora; a partir de dezembro de 1887, ele recorreu cada vez mais ao uso da sugestão hipnótica em seu trabalho com pacientes.

No decorrer de seu trabalho com Breuer, Freud gradualmente começou a perceber a imperfeição do método catártico e da hipnose em geral. Na prática, descobriu-se que sua eficácia estava longe de ser tão alta quanto Breuer afirmava e, em alguns casos, o tratamento não funcionou - em particular, a hipnose não foi capaz de superar a resistência do paciente, expressa na supressão de traumas recordações. Freqüentemente, havia pacientes que não eram adequados para introdução em estado hipnótico, e a condição de alguns pacientes piorava após as sessões. Entre 1892 e 1895, Freud começou a procurar outro método de tratamento que fosse mais eficaz do que a hipnose. Para começar, Freud tentou se livrar da necessidade de usar a hipnose, usando um truque metódico - pressão na testa para sugerir ao paciente que ele deveria se lembrar definitivamente dos acontecimentos e experiências que já haviam ocorrido em sua vida. A principal tarefa que o cientista resolveu foi obter as informações desejadas sobre o passado do paciente em seu estado normal (e não hipnótico). O uso da imposição da palma teve algum efeito, permitindo-nos afastar da hipnose, mas ainda permaneceu uma técnica imperfeita, e Freud continuou a buscar uma solução para o problema.

A resposta à pergunta que tanto ocupou o cientista acabou sendo sugerida acidentalmente pelo livro de um dos escritores favoritos de Freud, Ludwig Börne. Seu ensaio "A arte de se tornar um escritor original em três dias" terminou com: “Escreva tudo o que você pensa sobre si mesmo, sobre seus sucessos, sobre guerra turca, sobre Goethe, sobre o processo criminal e seus juízes, sobre seus chefes - e em três dias você ficará surpreso com quantas ideias completamente novas e desconhecidas para você existem em você.. Esse pensamento levou Freud a usar toda a gama de informações que os clientes relataram sobre si mesmos em diálogos com ele como uma chave para a compreensão de sua psique.

Posteriormente, o método da associação livre tornou-se o método principal no trabalho de Freud com os pacientes. Muitos pacientes relataram que a pressão do médico - a compulsão insistente de "pronunciar" todos os pensamentos que vêm à mente - os impede de se concentrar. É por isso que Freud abandonou o “truque metódico” com pressão na testa e permitiu que seus clientes falassem o que quisessem. A essência da técnica da associação livre é seguir a regra segundo a qual o paciente é convidado a expressar livremente, sem dissimulação, seus pensamentos sobre o tema proposto pelo psicanalista, sem tentar se concentrar. Assim, de acordo com provisões teóricas Freud, o pensamento se moverá inconscientemente em direção ao que é significativo (o que preocupa), vencendo as resistências por falta de concentração. Do ponto de vista de Freud, nenhum pensamento que aparece é aleatório - é sempre um derivado dos processos que aconteceram (e estão acontecendo) com o paciente. Qualquer associação pode se tornar de fundamental importância para o estabelecimento das causas da doença. A utilização desse método possibilitou o abandono total do uso da hipnose nas sessões e, segundo o próprio Freud, serviu de impulso para a formação e desenvolvimento da psicanálise.

O resultado do trabalho conjunto de Freud e Breuer foi a publicação do livro "Estudos em Histeria" (1895). O principal caso clínico descrito neste trabalho - o caso de Anna O - deu impulso ao surgimento de uma das ideias mais importantes para o freudismo - o conceito de transferência (transferência) ( esta ideia Freud surgiu pela primeira vez quando pensava no caso de Anna O, que na época era paciente de Breuer, que disse a este último que esperava um filho dele e imitava o parto em um estado de insanidade), e também formou a base de as ideias que surgiram posteriormente sobre o complexo de Édipo e a sexualidade infantil. Resumindo os dados obtidos durante a colaboração, Freud escreveu: “Nossos pacientes histéricos sofrem de lembranças. Seus sintomas são resquícios e símbolos de memórias de experiências conhecidas (traumáticas).. A publicação dos Hysteria Studies é chamada por muitos pesquisadores de "aniversário" da psicanálise. Vale a pena notar que, quando a obra foi publicada, o relacionamento de Freud com Breuer havia finalmente rompido. As razões para a divergência dos cientistas nas visões profissionais até hoje não são completamente claras; O amigo íntimo e biógrafo de Freud, Ernest Jones, acreditava que Breuer discordava categoricamente da opinião de Freud sobre o importante papel da sexualidade na etiologia da histeria, e esse foi o principal motivo de sua separação.

Muitos médicos vienenses respeitados - mentores e colegas de Freud - se afastaram dele depois de Breuer. A afirmação de que são as memórias reprimidas (pensamentos, ideias) de natureza sexual que estão por trás da histeria provocou um escândalo e formou uma opinião extremamente atitude negativa a Freud da elite intelectual. Ao mesmo tempo, começou a surgir uma amizade de longa data entre o cientista e Wilhelm Fliess, otorrinolaringologista berlinense, que por algum tempo assistiu às suas palestras. Fliess logo se aproximou muito de Freud, que era rejeitado pela comunidade acadêmica, havia perdido seus velhos amigos e precisava desesperadamente de apoio e compreensão. A amizade com Fliss se transformou em uma verdadeira paixão para ele, capaz de ser comparada ao amor por sua esposa.

Em 23 de outubro de 1896, Jacob Freud morreu, cuja morte Sigmund experimentou de forma especialmente aguda: no contexto de desespero e uma sensação de solidão que tomou conta de Freud, ele começou a desenvolver uma neurose. É por isso que Freud decidiu aplicar a análise a si mesmo, examinando as memórias da infância pelo método da associação livre. Essa experiência lançou as bases da psicanálise. Nenhum dos métodos anteriores era adequado para alcançar resultado desejado, e então Freud voltou-se para o estudo de seus próprios sonhos.

No período de 1897 a 1899, Freud trabalhou arduamente no que mais tarde considerou sua obra mais importante, A Interpretação dos Sonhos (1900, alemão Die Traumdeutung). Um papel importante na preparação do livro para publicação foi desempenhado por Wilhelm Fliess, a quem Freud enviou os capítulos escritos para avaliação - foi por sugestão de Fliess que muitos detalhes foram removidos da Interpretação. Imediatamente após sua publicação, o livro não teve impacto significativo no público e recebeu apenas uma pequena publicidade. A comunidade psiquiátrica geralmente ignorou o lançamento de A Interpretação dos Sonhos. A importância desse trabalho para o cientista ao longo de sua vida permaneceu inegável - assim, no prefácio da terceira edição em inglês, em 1931, Freud, de setenta e cinco anos, escreveu: “Este livro ... em total conformidade com minhas idéias atuais ... contém a mais valiosa das descobertas que um destino favorável me permitiu fazer. Insights desse tipo caem na sorte de uma pessoa, mas apenas uma vez na vida..

De acordo com as suposições de Freud, os sonhos têm conteúdo aberto e oculto. O conteúdo explícito é diretamente o que uma pessoa fala, lembrando-se de seu sonho. O conteúdo latente é a realização alucinatória de algum desejo do sonhador, mascarado por certas imagens visuais com a participação ativa do Self, que busca contornar as restrições de censura do Superego, que suprime esse desejo. A interpretação dos sonhos, segundo Freud, reside no fato de que, com base nas associações livres encontradas em partes individuais dos sonhos, podem ser evocadas certas representações substitutas que abrem caminho para o conteúdo verdadeiro (oculto) do sonho. Assim, graças à interpretação dos fragmentos de um sonho, seu significado geral é recriado. O processo de interpretação é a "tradução" do conteúdo explícito do sonho nos pensamentos ocultos que o iniciaram.

Freud expressou a opinião de que as imagens percebidas pelo sonhador são resultado do trabalho do sonho, expresso em deslocamento (pequenas ideias adquirem valor alto inerente a outro fenômeno), condensação (em uma representação coincide o conjunto de significados formados por meio de cadeias associativas) e substituição (substituição de pensamentos específicos por símbolos e imagens), que transformam o conteúdo oculto de um sonho em conteúdo explícito. Os pensamentos de uma pessoa são transformados em certas imagens e símbolos através do processo de representação visual e simbólica - em relação ao sonho, Freud chamou isso de processo primário. Além disso, essas imagens são transformadas em algum conteúdo significativo (aparece o enredo de um sonho) - é assim que funciona a reciclagem (processo secundário). No entanto, a reciclagem pode não ocorrer - neste caso, o sonho se transforma em um fluxo de imagens estranhamente entrelaçadas, torna-se abrupto e fragmentado.

Apesar da reação bastante fria da comunidade científica ao lançamento de A Interpretação dos Sonhos, Freud gradualmente começou a formar ao seu redor um grupo de pessoas afins que se interessaram por suas teorias e pontos de vista. Freud tornou-se ocasionalmente aceito nos círculos psiquiátricos, às vezes usando suas técnicas no trabalho; revistas médicas começaram a publicar resenhas de seus escritos. Desde 1902, o cientista recebia regularmente em sua casa interessados ​​no desenvolvimento e divulgação das ideias psicanalíticas de médicos, bem como de artistas e escritores. O início das reuniões semanais foi estabelecido por um dos pacientes de Freud, Wilhelm Stekel, que já havia concluído com sucesso um curso de tratamento para neurose com ele; Foi Stekel quem, em uma de suas cartas, convidou Freud para se encontrar em sua casa para discutir seu trabalho, ao que o médico concordou, convidando o próprio Stekel e vários ouvintes especialmente interessados ​​- Max Kahane, Rudolf Reiter e Alfred Adler.

O clube resultante foi nomeado "Sociedade Psicológica às Quartas-feiras"; suas reuniões foram realizadas até 1908. Por seis anos, a sociedade conquistou um número bastante grande de ouvintes, cuja composição mudava regularmente. Ele tem crescido constantemente em popularidade. “Acontece que a psicanálise gradualmente despertou interesse em si mesma e encontrou amigos, provou que existem cientistas pronto para reconhecê-lo". Assim, os membros da Psychological Society que posteriormente ganharam maior fama foram Alfred Adler (membro da sociedade desde 1902), Paul Federn (desde 1903), Otto Rank, Isidor Zadger (ambos desde 1906), Max Eitingon, Ludwig Biswanger e Karl Abraham (todos de 1907), Abraham Brill, Ernest Jones e Sandor Ferenczi (todos de 1908). Em 15 de abril de 1908, a sociedade foi reorganizada e recebeu um novo nome - Associação Psicanalítica de Viena.

O desenvolvimento da "Sociedade Psicológica" e a crescente popularidade das idéias da psicanálise coincidiram com um dos períodos mais produtivos da obra de Freud - seus livros foram publicados: "A Psicopatologia da Vida Cotidiana" (1901, que trata de um dos aspectos importantes da teoria da psicanálise, ou seja, reservas), "A sagacidade e sua relação com o inconsciente" e "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade" (ambos de 1905). A popularidade de Freud como cientista e médico cresceu constantemente: "O consultório particular de Freud cresceu tanto que ocupou todo o semana de trabalho. Muito poucos de seus pacientes, tanto na época quanto depois, eram residentes de Viena. A maioria dos pacientes veio da Europa Oriental: Rússia, Hungria, Polônia, Romênia, etc.”.

As ideias de Freud começaram a ganhar popularidade no exterior - o interesse por suas obras se manifestou de forma especialmente clara na cidade suíça de Zurique, onde desde 1902 os conceitos psicanalíticos foram usados ​​​​ativamente na psiquiatria por Eugen Bleuler e seu colega Carl Gustav Jung, que estavam envolvidos em pesquisas sobre esquizofrenia . Jung, que tinha em alta consideração as idéias de Freud e o admirava, publicou The Psychology of Dementia praecox em 1906, baseado em seus próprios desenvolvimentos dos conceitos de Freud. Este último, tendo recebido de Jung Este trabalho, apreciou muito, e iniciou-se uma correspondência entre os dois cientistas, que durou quase sete anos. Freud e Jung se conheceram pessoalmente em 1907 - o jovem pesquisador impressionou fortemente Freud, que, por sua vez, acreditava que Jung estava destinado a se tornar seu herdeiro científico e continuar o desenvolvimento da psicanálise.

Em 1908, um congresso psicanalítico oficial foi realizado em Salzburgo - modestamente organizado, durou apenas um dia, mas foi de fato o primeiro evento internacional na história da psicanálise. Entre os palestrantes, além do próprio Freud, estiveram 8 pessoas que apresentaram seus trabalhos; a reunião reuniu apenas cerca de 40 ouvintes. Foi durante esse discurso que Freud apresentou pela primeira vez um dos cinco casos clínicos principais - o caso clínico do "Homem dos Ratos" (também encontrado na tradução de "O Homem dos Ratos"), ou a psicanálise da neurose. estados obsessivos. O verdadeiro sucesso que abriu caminho para o reconhecimento internacional da psicanálise foi o convite de Freud para os Estados Unidos - em 1909, Granville Stanley Hall o convidou para dar um curso de palestras na Clark University (Worcester, Massachusetts).

As palestras de Freud foram recebidas com grande entusiasmo e interesse, e o cientista recebeu um doutorado honorário. Mais e mais pacientes de todo o mundo o procuravam em busca de conselhos. Após seu retorno a Viena, Freud continuou a publicar, publicando várias obras, incluindo " romance familiar neuróticos" e "Análise da fobia de um menino de cinco anos". Encorajados pela recepção bem-sucedida nos Estados Unidos e pela crescente popularidade da psicanálise, Freud e Jung decidiram organizar um segundo congresso psicanalítico, realizado em Nuremberg de 30 a 31 de março de 1910. A parte científica do congresso foi um sucesso, ao contrário da parte não oficial. Por um lado, a Associação Psicanalítica Internacional foi estabelecida, mas, ao mesmo tempo, os associados mais próximos de Freud começaram a se dividir em grupos opostos.

Apesar das divergências dentro da comunidade psicanalítica, Freud não interrompeu sua própria atividade científica - em 1910 publicou Five Lectures on Psychoanalysis (que proferiu na Clark University) e vários outros pequenos trabalhos. No mesmo ano, Freud publicou o livro Leonardo da Vinci. Memórias de Infância”, dedicado ao grande artista italiano.

Após o segundo congresso psicanalítico em Nuremberg, os conflitos que já haviam amadurecido atingiram o limite, iniciando uma cisão nas fileiras dos associados e colegas mais próximos de Freud. O primeiro a sair do círculo íntimo de Freud foi Alfred Adler, cujas divergências com o pai fundador da psicanálise começaram já em 1907, quando foi publicada sua obra Uma investigação sobre a inferioridade dos órgãos, que causou indignação entre muitos psicanalistas. Além disso, Adler ficou muito perturbado com a atenção que Freud deu ao seu protegido Jung; a esse respeito, Jones (que caracterizou Adler como "uma pessoa sombria e capciosa, cujo comportamento oscila entre o mau humor e o mau humor") escreveu: “Qualquer complexo desenfreado da infância poderia encontrar expressão em rivalidade e ciúme por seu favor [de Freud]. A exigência de ser "filho preferido" também tinha um motivo material importante, pois a situação econômica dos jovens analistas em geral dependia dos pacientes que Freud poderia encaminhá-los". Devido às preferências de Freud, que fez a aposta principal em Jung, e à ambição de Adler, as relações entre eles se deterioraram rapidamente. Ao mesmo tempo, Adler brigava constantemente com outros psicanalistas, defendendo a prioridade de suas ideias.

Freud e Adler discordaram em vários pontos. Primeiro, Adler considerou o desejo de poder como o principal motivo que determina o comportamento humano, enquanto Freud atribuiu o papel principal da sexualidade. Em segundo lugar, a ênfase nos estudos de personalidade de Adler foi colocada no ambiente social de uma pessoa - Freud prestou mais atenção ao inconsciente. Em terceiro lugar, Adler considerava o complexo de Édipo uma invenção, e isso era totalmente contrário às ideias de Freud. No entanto, ao rejeitar as ideias fundamentais de Adler, o fundador da psicanálise reconheceu sua importância e validade parcial. Apesar disso, Freud foi forçado a expulsar Adler da sociedade psicanalítica, obedecendo às exigências dos demais membros. O exemplo de Adler foi seguido por seu colega e amigo mais próximo, Wilhelm Stekel.

Pouco tempo depois, Carl Gustav Jung também deixou o círculo dos associados mais próximos de Freud - o relacionamento deles foi completamente estragado por diferenças de visões científicas; Jung não aceitava a posição de Freud de que as repressões são sempre explicadas por traumas sexuais e, além disso, estava ativamente interessado em imagens mitológicas, fenômenos espíritas e teorias ocultas, o que incomodava muito Freud. Além disso, Jung contestou uma das principais disposições da teoria de Freud: ele considerava o inconsciente não um fenômeno individual, mas a herança dos ancestrais - todas as pessoas que já viveram no mundo, ou seja, ele o considerava como "Inconsciente coletivo".

Jung também não aceitava os pontos de vista de Freud sobre a libido: se para o último este conceito significava energia psíquica, fundamental para as manifestações da sexualidade dirigidas a vários objetos, então para Jung a libido era simplesmente uma designação de uma tensão geral. A ruptura final entre os dois cientistas ocorreu após a publicação de Symbols of Transformation (1912), de Jung, que criticava e desafiava os postulados básicos de Freud e se mostrava extremamente doloroso para ambos. Além do fato de Freud ter perdido um amigo muito próximo, com um golpe forte para ele, havia diferenças de opinião com Jung, em quem inicialmente via um sucessor, um sucessor do desenvolvimento da psicanálise. A perda de apoio de toda a escola de Zurique também desempenhou seu papel - com a saída de Jung, o movimento psicanalítico perdeu vários cientistas talentosos.

Em 1913, Freud completou um longo e muito trabalho duro sobre o trabalho fundamental "Totem e Tabu". “Desde que escrevi A Interpretação dos Sonhos, não trabalhei em nada com tanta confiança e entusiasmo.” ele escreveu sobre este livro. Entre outras coisas, o trabalho sobre a psicologia dos povos primitivos foi considerado por Freud como um dos maiores contra-argumentos científicos à escola de psicanálise de Zurique chefiada por Jung: "Totem e tabu", segundo o autor, deveriam finalmente separar sua círculo interno de dissidentes.

A Primeira Guerra Mundial começou e Viena entrou em decadência, o que naturalmente afetou a prática de Freud. Situação econômica O cientista estava se deteriorando rapidamente, por isso desenvolveu depressão. O recém-formado Comitê acabou sendo o último círculo de pessoas afins na vida de Freud: "Nós nos tornamos os últimos associados que ele estava destinado a ter", lembrou Ernest Jones. Freud, que passava por dificuldades financeiras e tinha bastante tempo livre devido ao número reduzido de pacientes, retomou sua atividade científica: “Freud fechou-se em si mesmo e voltou-se para o trabalho científico. ... A ciência personificou seu trabalho, sua paixão, seu descanso e foi um remédio salvador das adversidades externas e das experiências internas. Os anos seguintes se tornaram muito produtivos para ele - em 1914, Moisés, uma introdução ao narcisismo e um ensaio sobre a história da psicanálise de Michelangelo saíram de sua pena. Paralelamente, Freud trabalhou em uma série de ensaios que Ernest Jones chama de os mais profundos e importantes na atividade científica de um cientista - são "Os instintos e seu destino", "Repressão", "O inconsciente", "Um complemento metapsicológico para a Doutrina dos Sonhos" e "Tristeza e Melancolia".

No mesmo período, Freud voltou a usar o conceito anteriormente abandonado de "metapsicologia" (o termo foi usado pela primeira vez em uma carta a Fliess datada de 1896). Tornou-se uma das chaves em sua teoria. Pela palavra "metapsicologia" Freud entendia a fundamentação teórica da psicanálise, bem como uma abordagem específica para o estudo da psique. Segundo o cientista, uma explicação psicológica pode ser considerada completa (ou seja, "metapsicológica") apenas se estabelecer a existência de um conflito ou conexão entre os níveis da psique (topografia), determinar a quantidade e o tipo de energia gasta ( economia) e o equilíbrio de forças na consciência, que podem ser direcionados para trabalhar juntos ou se opor (dinâmica). Um ano depois, foi publicada a obra "Metapsicologia", explicando as principais disposições de seu ensino.

Com o fim da guerra, a vida de Freud só mudou para pior - ele foi obrigado a gastar o dinheiro reservado para a velhice, havia menos pacientes ainda, uma de suas filhas - Sophia - morreu de gripe. No entanto, a atividade científica do cientista não parou - ele escreveu as obras “Além do princípio do prazer” (1920), “Psicologia das massas” (1921), “Eu e isso” (1923).

Em abril de 1923, Freud foi diagnosticado com um tumor no palato; a operação para removê-lo não teve sucesso e quase custou a vida do cientista. Posteriormente, ele teve que suportar mais 32 operações. Logo, o câncer começou a se espalhar, e Freud teve parte de sua mandíbula retirada - a partir desse momento, passou a usar uma prótese extremamente dolorosa que deixava feridas que não cicatrizavam, além de tudo o mais, o impedia de falar. Chegou o período mais sombrio da vida de Freud: ele não podia mais dar palestras, porque o público não o entendia. Até sua morte, sua filha Anna cuidou dele: “Era ela quem ia a congressos e conferências, onde lia os textos dos discursos preparados pelo pai”. Uma série de tristes acontecimentos para Freud continuou: aos quatro anos, seu neto Geinele (filho da falecida Sophia) morreu de tuberculose e, algum tempo depois, seu amigo íntimo Karl Abraham morreu; A tristeza e a dor começaram a tomar conta de Freud, e as palavras sobre sua própria morte próxima começaram a aparecer cada vez com mais frequência em suas cartas.

No verão de 1930, Freud recebeu o Prêmio Goethe por sua significativa contribuição à ciência e à literatura, o que trouxe grande satisfação ao cientista e contribuiu para a difusão da psicanálise na Alemanha. No entanto, esse evento acabou sendo ofuscado por outra perda: aos noventa e cinco anos, a mãe de Freud, Amalia, morreu de gangrena. As provações mais terríveis para o cientista estavam apenas começando - em 1933, Adolf Hitler foi eleito chanceler da Alemanha e o nacional-socialismo se tornou a ideologia do estado. Novo poder várias leis discriminatórias contra os judeus foram aprovadas e livros que contradiziam a ideologia nazista foram destruídos. Junto com as obras de Heine, Marx, Mann, Kafka e Einstein, as obras de Freud também foram proibidas. A Associação Psicanalítica foi dissolvida por ordem do governo, muitos de seus membros foram reprimidos e seus fundos confiscados. Muitos dos associados de Freud sugeriram persistentemente que ele deixasse o país, mas ele recusou terminantemente.

Em 1938, após a anexação da Áustria à Alemanha e a subsequente perseguição aos judeus pelos nazistas, a posição de Freud tornou-se muito mais complicada. Após a prisão de sua filha Anna e interrogatório pela Gestapo, Freud decidiu deixar o Terceiro Reich e ir para a Inglaterra. A execução do plano revelou-se difícil: em troca do direito de sair do país, as autoridades exigiam uma quantia impressionante de dinheiro, que Freud não tinha. O cientista teve que recorrer à ajuda de amigos influentes para obter permissão para emigrar. Assim, seu amigo de longa data William Bullitt, então embaixador dos Estados Unidos na França, intercedeu por Freud perante o presidente Franklin Roosevelt. O embaixador alemão na França, conde von Welzek, também se juntou às petições. Por meio de esforços conjuntos, Freud conseguiu o direito de deixar o país, mas a questão da "dívida com o governo alemão" permaneceu sem solução. Freud foi ajudado a resolvê-lo por sua amiga de longa data (além de paciente e estudante) - Marie Bonaparte, princesa da Grécia e Dinamarca, que emprestou os fundos necessários.

No verão de 1939, Freud sofria particularmente de uma doença progressiva. O cientista voltou-se para o Dr. Max Schur, que cuidava dele, lembrando-o de sua promessa anterior de ajudar a morrer. A princípio, Anna, que não se afastou nem um passo do pai doente, se opôs ao desejo dele, mas logo concordou. Em 23 de setembro, Schur injetou em Freud vários cubos de morfina, dose suficiente para acabar com a vida de um velho debilitado pela doença. Às três horas da manhã, Sigmund Freud morreu. O corpo do cientista foi cremado em Golders Green, e as cinzas foram colocadas em um antigo vaso etrusco doado a Freud por Marie Bonaparte. Um vaso com as cinzas de um cientista está no mausoléu de Ernest George (Ernest George Mausoleum) em Golders Green.

Na noite de 1º de janeiro de 2014, desconhecidos se dirigiram ao crematório, onde havia um vaso com as cinzas de Martha e Sigmund Freud, e o quebraram. Agora, a polícia de Londres assumiu o assunto. Os zeladores do crematório levaram o vaso com as cinzas dos cônjuges para um local seguro. As razões para o ato do atacante não são claras.

Obras de Sigmund Freud:

1899 Interpretação dos Sonhos
1901 Psicopatologia da vida cotidiana
1905 Três ensaios sobre a teoria da sexualidade
1913 Totem e Tabu
1920 Além do Princípio do Prazer
1921 Psicologia das massas e análise do "eu" humano
1927 O futuro de uma ilusão
1930 Insatisfação com a cultura

FREUD (Freud) Sigmund (Shlomo; Freud, Sigmund; 1856, Freiberg, Áustria, atual Przybor, República Tcheca, - 1939, Londres), médico e psicólogo austríaco, fundador do ensino da psicanálise. Nasceu na família de um nativo da Galícia Oriental, um comerciante de lã que se estabeleceu em Viena em 1860. Ele cresceu e foi criado em um ambiente semiassimilado. EM anos de ginásio O ídolo de Freud era J. W. Goethe, poeta e naturalista.

Na Universidade de Viena, onde ingressou em 1873, Freud foi fortemente influenciado pelas idéias energéticas de H. Helmholtz, cujo seguidor foi seu professor e primeiro Conselheiro científico E. Brücke, Chefe do Laboratório de Fisiologia Animal. Em 1882, um ano após o doutorado, Freud deixou o laboratório, assumiu a medicina prática (principalmente por dificuldades financeiras) e começou a trabalhar no departamento de doenças mentais do Hospital Central de Viena, chefiado pelo famoso médico e pesquisador T. Meinert.

Em 1884, tendo descoberto o efeito analgésico da cocaína, Freud contribuiu para o desenvolvimento da doutrina da anestesia local. Em 1885, por seu sucesso no tratamento de um distúrbio nervoso da fala, Freud foi convidado a lecionar na Universidade de Viena, e também foi enviado para um estágio na França pelo médico parisiense J. Charcot, que ficou famoso pelo sucesso tratamento da histeria por meio da hipnose, bem como a outro médico famoso no campo da hipnose - I. Bernheim, que morava em Nancy. O ponto de partida de todo o trabalho subsequente de Freud após o retorno a Viena foram as observações de J. Charcot, indicando a ausência de quaisquer distúrbios somáticos no cérebro, mesmo nas formas mais agudas e manifestações de histeria (convulsões paroxísticas, distúrbio de sensibilidade, distúrbios funcionais movimento, fala, etc.). Em 1891, a atenção dos cientistas foi atraída pela obra de Freud "Sobre a afasia", na qual ele, em particular, pela primeira vez fez uma crítica fundamentada ao conceito então geralmente aceito de localização das funções cerebrais em certos centros e propôs uma alternativa abordagem genética funcional para o estudo da psique e sua mecanismos fisiológicos. No artigo "Neuropsicoses defensivas" (1894) e na obra "O estudo da histeria" (1895, juntamente com I. Breuer), ficou evidenciado que existe um efeito inverso da patologia mental nos processos fisiológicos e na dependência de sintomas somáticos sobre Estado emocional paciente. Nessas obras, Freud lançou as bases da psicanálise como método de tratamento direto da psique, e não de distúrbios fisiológicos, aos quais anteriormente se reduzia o tratamento de quaisquer distúrbios nervosos. Nesse período, Freud, devido a um colapso nervoso que se abateu sobre ele após a morte de seu pai, testou em si mesmo o método e a técnica da psicanálise.

No final de 1890 - início de 1900. a estrutura da psicoterapia tornou-se estreita para Freud; ele começou a construir com base na psicanálise teoria geral a psique humana, que reconsidera a visão daqueles estados e processos mentais que a escola psicológica de W. Wundt, que dominava a ciência naqueles anos, considerava normais.

Como resultado, Freud se viu em isolamento científico. Os meios acadêmicos rejeitaram e condenaram quase unanimemente a psicanálise, principalmente pelo papel decisivo que ela atribuía ao desejo sexual (libido) em todas as vida mental homem e em muitas áreas da atividade humana (ver Freudianismo). É verdade que em 1902 Freud tornou-se um extraordinário professor (freelance) na Universidade de Viena, não como psicanalista, mas como especialista em doenças nervosas. Desejando pôr fim ao isolamento científico, Freud em 1906 anunciou a criação da Sociedade Psicanalítica de Viena, cujos membros eram seus alunos e adeptos A. Adler, M. Kahane, R. Reitler e W. Steckel, que, desde 1902, tinham Tenho me reunido às quartas-feiras na casa do seu professor. Em 1908, os membros desta sociedade já eram 22 pessoas, incluindo o psiquiatra suíço K. Jung e o inglês E. Jones. No mesmo ano, Freud anunciou a criação da Associação Psicanalítica Internacional. Em 1909, a convite do reitor da Clark University (Worcester, Massachusetts), Freud, juntamente com C. Jung, viajou para os Estados Unidos, onde ministrou pela primeira vez um curso de psicanálise com grande sucesso.

Graças à enorme energia de Freud, bem como ao brilhante estilo literário de sua obra, a fama e a popularidade da psicanálise cresceram constantemente (ver freudismo). Já na véspera da Primeira Guerra Mundial, existiam sociedades e associações psicanalíticas em vários países europeus, e o próprio Freud acabou não sendo tanto um líder escola científica, quanto líder de um movimento que se desenvolveu paralelamente à ciência universitária "normativa".

Rejeição acadêmica da psicanálise Teoria científica traumatizou Freud, que desde a juventude sonhava acima de tudo com a glória de um grande cientista; ao mesmo tempo, em certa medida, isso o liberou da necessidade de seguir as exigências de evidências estritas aceitas na comunidade científica, verificabilidade empírica de hipóteses e conceitos. Antes da Primeira Guerra Mundial, a estrutura da psicologia também se tornou restrita para Freud; indo além, criou novos conceitos, ainda mais especulativos que os anteriores, nos quais, porém, receberam uma solução inesperada, e muitas vezes fascinante, para muitos problemas que a ciência ortodoxa não conseguia resolver.

No período entre as duas guerras mundiais, Freud ganhou fama mundial (ele, em particular, foi cidadão honorário de Viena, vencedor do prestigiado prêmio literário Goethe, 1930, etc.). No entanto, a vida de Freud foi ofuscada pela sombra escandalosa que sua fama mundial tinha aos olhos de muitos cientistas reverenciados por ele, e a apostasia de vários associados (em 1911 - A. Adler, em 1913 - K. Jung e outros) , que escolheram seu próprio caminho científico, não aprovado por professores, dentro da psicanálise. Além disso, desde 1923, Freud sofria de câncer no palato, passou por 33 dolorosas operações, mas continuou trabalhando até os últimos dias de sua vida.

Em 1938, após o Anschluss (ver Áustria), o gravemente doente Freud permaneceu em Viena; graças à intervenção pessoal de F. Roosevelt e outras pessoas influentes, bem como a um grande resgate pago aos nazistas, ele conseguiu ser levado para a Inglaterra.

Freud, o criador da psicanálise, não apenas deu uma grande contribuição à cultura européia e ocidental, mas também mudou significativamente toda a sua aparência. Nem o medo de que as inovações de Freud ameaçassem a própria existência da cultura européia, nem a esperança de que fossem transitórias, foram confirmados. A cultura ocidental assimilou com sucesso as principais ideias e conceitos de Freud, mas pagou por isso abandonando uma série de atitudes que antes eram consideradas inabaláveis ​​nela. Assim, Freud provou a natureza ilusória da cultura européia herdada do século XIX. da crença iluminista francesa no homem como um ser racional, que, ao contrário dos animais, é guiado pela razão. Em contraste com isso, Freud descobriu para a cultura européia o pano de fundo irracional da própria mente - a esfera do subconsciente, na qual dominam os impulsos e pulsões irracionais. Já nas obras da década de 1890. Freud surgiu com o conceito de uma estrutura multinível da psique humana, que a consciência não esgota e não é o principal - é atribuída apenas a função de uma barreira diante dos impulsos inconscientes sombrios, submissão aos quais teria consequências prejudiciais para uma pessoa.

Em A Interpretação dos Sonhos (publicado em novembro de 1899, datado pela editora 1900), Freud apresentou os sonhos como “as neuroses de uma pessoa saudável”: nos sonhos, em condições de desligamento temporário do controle da consciência, as pulsões proibidas encontram satisfação simbólica reprimido na mente subconsciente. Em A psicopatologia da vida cotidiana (1904), conflitos domésticos, brigas familiares, turbulência na vida pessoal, etc. teoria do desejo sexual "(1905) Freud desenvolveu o conceito do desenvolvimento psicossexual do indivíduo; o desejo sexual, segundo essa teoria, é inerente a uma pessoa desde o dia do nascimento e se manifesta à sua maneira em cada idade (Freud argumentou que já na primeira infância existe um desejo subconsciente de incesto com um dos pais do sexo oposto e, como resultado disso, impulsos hostis em relação ao pai oponente, que ele chamou de complexo de Édipo). A indignação que essas teorias causaram nos círculos acadêmicos e culturais mais amplos, onde foram qualificadas como não comprovadas e obscenas, atingiu seu auge após o relato de Freud (no artigo "Fragmentos da análise de um caso de histeria", 1906) sobre as descobertas que ele havia encontrado no subconsciente de uma jovem inocente tendências sexuais incomuns.

O ensinamento de Freud, porém, também superou a resistência ciência acadêmica e vieses iniciais. O papel decisivo nisso foi desempenhado pelo reconhecimento universal dos princípios de repressão e sublimação que se tornaram a base da psicanálise - a igual impossibilidade de sua evidência científica ou refutação permitiu usá-los para explicar quaisquer fenômenos mentais. Segundo Freud, os irracionais, principalmente sexuais, reprimidos pela consciência e insatisfeitos, não desaparecem sem deixar vestígios, mas são forçados a sair da consciência para a esfera do inconsciente, de onde, tendo retido toda a energia mental, exercem pressão constante sobre a consciência . Usando o princípio da sublimação, Freud explica como impulsos e impulsos reprimidos no subconsciente estimulam o comportamento criativo e a busca criativa na ciência e na arte.

Com base nesses princípios, Freud construiu toda a técnica da psicanálise (substituindo a hipnose pelo método da associação livre) como um meio de penetrar no reino do inconsciente de um paciente neurótico, descobrindo as causas da doença escondidas da consciência ali, e então eliminá-los através de uma explicação racional. O sucesso da psicanálise fez de Freud o criador universalmente reconhecido da psicoterapia moderna e de toda a medicina psicossomática e garantiu um sucesso ainda maior para o freudismo como metapsicológica e universal. teoria cultural, que oferece algo que nenhuma outra teoria conseguiu anteriormente: uma explicação unificada dos mais diversos fenômenos das esferas mental, espiritual, social, cultural e outras da vida humana.

Assim, o nascimento em mundo primitivo Os primeiros rudimentos de civilização são dedicados à obra "Totem e Tabu" (1913), que narra de forma fascinante o acontecimento que marcou o início da história humana, - o assassinato e alimentação do pai e do líder da tribo por filhos rivais (realização do complexo de Édipo); segundo Freud, a discórdia e o caos subsequentes levaram os povos primitivos a um arrependimento profundo, que enraizou em seu subconsciente um complexo de culpa que se tornou hereditário, que sublimou na adoração do totem, na transferência da onipotência e outras qualidades do pai para nas primeiras proibições, etc. Mais tarde, em A psicologia das massas e do eu humano (1921), Freud descreveu com incrível precisão muitas características dos futuros regimes totalitários, deduzindo a possibilidade de sua emergência a partir de um complexo de culpa e remorso por o assassinato uma vez cometido do pai, da necessidade inconsciente das massas de se identificarem com o líder que simboliza o pai, líder e da prontidão das massas em segui-lo cega e unidamente. Em várias obras, por exemplo, “Além do princípio do prazer” (1920), “Ego e id” (“Eu e isso”, 1923), “O futuro de uma ilusão” (1927), “Cultura e suas proibições ” (1930) , religião, mitologia, arte e quase todos os outros resultados aparecem como produtos de sublimação de impulsos e impulsos inconscientes e irracionais, principalmente a libido. atividade criativa. Perto do fim da vida de Freud, seus ensinamentos adquiriram (apesar do fato de ele ainda ter oponentes influentes, especialmente entre os cientistas) uma enorme influência em várias áreas da cultura.

As outras obras de Freud incluem Esboço de uma autobiografia (1925), na qual Freud relatou pela primeira vez o curso e os resultados de um experimento psicanalítico na década de 1890. sobre si mesmo, bem como obras em que a doutrina é apresentada em sua forma final: “Novo palestras introdutórias em Psicanálise (1933) e Esboço da Psicanálise (1938). As obras de Freud foram publicadas muitas vezes e continuam sendo publicadas em dezenas de idiomas ao redor do mundo. Em inglês em 1953–56 suas obras completas foram publicadas em 23 volumes. A partir de 1910, quando da tradução de The Psychopathology of Everyday Life, até o final da década de 1930. As obras de Freud foram repetidamente publicadas em russo. Durante os anos da chamada perestroika, e especialmente após a queda do regime comunista, as obras de Freud começaram a ser novamente publicadas e amplamente divulgadas na Rússia e em outros países da ex-União Soviética ("Introduction to Psychoanalysis. Lectures", M ., 1989; "Psicologia do Inconsciente", M., 1989; "O Futuro de uma Ilusão (Crepúsculo dos Deuses)", M., 1989; "Ensaios sobre a Psicologia da Sexualidade", M., 1989).

Os cientistas envolvidos no estudo da psicanálise e suas origens sócio-psicológicas admitem quase unanimemente que em sua criação Grande papel interpretou a origem judaica de Freud. A psicanálise é muitas vezes vista como a reação de Freud à abordagem racial da saúde e da doença, difundida na medicina européia na 2ª metade do século XIX e apoiada por referências à teoria de C. Darwin, segundo a qual, em particular, os judeus , ao contrário de outros povos, estão sujeitos a doenças específicas, e sua falta de qualidades como imparcialidade, honestidade, desinteresse, etc., os torna inadequados para a prática médica (ver Racismo).

A própria atitude de Freud em relação ao seu judaísmo era complexa e ambígua. Ele rejeitou veementemente a possibilidade de se converter a outra religião, mas não observou os costumes e tradições judaicas. Por muitos anos ele permaneceu como membro da comunidade judaica de Viena e da loja Bnei B'rith em Viena, mas não compartilhava dos ideais e objetivos do sionismo. A sua última obra, publicada no ano da sua morte, foi o livro “Moisés e o Monoteísmo”, onde o Judaísmo é apresentado como uma sublimação do inconsciente sentimento de culpa dos Judeus pelo assassinato pelos seus antepassados ​​do líder - Moisés o Egípcio , que transmitiu aos judeus a fé do faraó Akhenaton (Amenhotep IV) no Deus único, e o rito da circuncisão - como símbolo da proibição imposta pelo pai à atração do filho pela mãe. Ao mesmo tempo, Freud nesta obra confessa seu amor pelo povo judeu e pelo judaísmo, vendo a grandeza deste último em um nível superior de espiritualidade em comparação com outras religiões monoteístas que surgiram a partir dele.

Na década de 1930 Freud era membro do conselho de curadores da Universidade Hebraica de Jerusalém, mas lamentou repetidamente a falta de uma cátedra de psicanálise. Apenas 40 anos após a morte de Freud, foi criado na universidade o Centro de Estudos e Pesquisas dos Problemas da Psicanálise, que leva o nome de Freud.

Freud S., 1856-1939). Um notável médico e psicólogo, o fundador da psicanálise. F. nasceu na cidade morávia de Freiburg. Em 1860, a família mudou-se para Viena, onde se formou no ginásio com louvor, depois ingressou na faculdade de medicina da universidade e em 1881 recebeu o doutorado em medicina.

F. sonhava em se dedicar à pesquisa teórica na área da neurologia, mas foi forçado a exercer a atividade privada como neurologista. Ele não estava satisfeito com os procedimentos de fisioterapia usados ​​na época para o tratamento de pacientes neurológicos e recorreu à hipnose. Sob a influência da prática médica, F. desenvolveu um interesse pelos transtornos mentais de natureza funcional. Em 1885-1886. ele freqüentou a clínica Charcot J. M. em Paris, onde a hipnose foi usada no estudo e tratamento de pacientes histéricos. Em 1889 - uma viagem a Nancy e conhecimento do trabalho de outro escola francesa hipnose. Esta viagem contribuiu para que F. tivesse uma ideia sobre o mecanismo básico de funcionamento doença mental, sobre a presença de processos mentais que, estando fora da esfera da consciência, influenciam o comportamento, e o próprio paciente não sabe disso.

O momento decisivo na formação da teoria original de F. foi o afastamento da hipnose como meio de penetração nas experiências esquecidas subjacentes às neuroses. Em muitos casos, e apenas nos casos mais graves, a hipnose permaneceu impotente, pois encontrou resistência que não conseguiu superar. F. foi forçado a procurar outros caminhos para os afetos patogênicos e acabou encontrando-os na interpretação de sonhos, associações flutuantes, pequenas e grandes manifestações psicopatológicas, sensibilidade excessivamente aumentada ou diminuída, distúrbios do movimento, lapsos da língua, esquecimento, etc. .recorreu ao fenômeno da transferência de sentimentos do paciente para o médico que ocorreu na primeira infância em relação a pessoas significativas.

F. chamou o estudo e a interpretação desse material diverso de psicanálise - forma original psicoterapia e método de pesquisa. O núcleo da psicanálise como novo direção psicológicaé a doutrina do inconsciente.

A actividade científica de F. abrange várias décadas, durante as quais o seu conceito sofreu mudanças significativas, o que fundamenta a atribuição condicional de três períodos.

No primeiro período, a psicanálise permaneceu em grande parte um método de tratamento de neuroses, com tentativas ocasionais de conclusões gerais sobre a natureza das neuroses. vida mental. Tais obras de F. deste período como "A Interpretação dos Sonhos" (1900), "Psicopatologia da Vida Cotidiana" (1901) não perderam seu significado. F. considerava o desejo sexual reprimido - "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade" (1905) - a principal força motivadora do comportamento humano. Nessa época, a psicanálise começou a ganhar popularidade, em torno de F. havia um círculo de representantes de várias profissões (médicos, escritores, artistas) que queriam estudar psicanálise (1902). A extensão de F. dos fatos obtidos no estudo das psiconeuroses para a compreensão da vida mental pessoas saudáveis recebeu uma resposta muito crítica.

No segundo período, o conceito de F. transformou-se em uma doutrina psicológica geral da personalidade e seu desenvolvimento. Em 1909, ele lecionou nos Estados Unidos, que foi então publicado como uma apresentação completa, embora breve, da psicanálise - "On Psychoanalysis: Five Lectures" (1910). A obra mais difundida é a "Introduction to Psychoanalysis Lectures", cujos dois primeiros volumes são um registro de palestras proferidas para médicos em 1916-1917.

No terceiro período, os ensinamentos de F. - o freudismo - sofreram mudanças significativas e receberam sua conclusão filosófica. A teoria psicanalítica tornou-se a base para compreender a cultura, a religião, a civilização. A doutrina dos instintos foi complementada por ideias sobre a atração pela morte, destruição - "Além do princípio do prazer" (1920). Essas idéias, recebidas por F. no tratamento das neuroses de guerra, levaram-no à conclusão de que as guerras são resultado do instinto de morte, ou seja, devido à natureza humana. A descrição do modelo de três componentes da personalidade humana - "I and It" (1923) pertence ao mesmo período.

Assim, F. desenvolveu uma série de hipóteses, modelos, conceitos que capturaram a originalidade da psique e entraram firmemente no arsenal do conhecimento científico sobre ela. Num círculo análise científica estavam envolvidos fenômenos que a psicologia acadêmica tradicional não está acostumada a levar em conta.

Após a ocupação da Áustria pelos nazistas, F. foi perseguido. união internacional sociedades psicanalíticas, tendo pago às autoridades fascistas na forma de resgate uma quantia significativa de dinheiro, ele obteve permissão para F. partir para a Inglaterra. Na Inglaterra, ele foi recebido com entusiasmo, mas os dias de F. estavam contados. Ele morreu em 23 de setembro de 1939 aos 83 anos em Londres.

FREUD Sigmund

1856–1939) foi um neuropatologista austríaco e fundador da psicanálise. Nasceu em 6 de maio de 1856 em Freiberg (atual Příbor), localizada perto da fronteira da Morávia e da Silésia, cerca de duzentos e quarenta quilômetros a nordeste de Viena. Sete dias depois, o menino foi circuncidado e recebeu dois nomes - Shlomo e Sigismundo. Ele herdou o nome hebraico Shlomo de seu avô, que morreu dois meses e meio antes do nascimento de seu neto. Somente aos dezesseis anos o jovem mudou seu nome Sigismund para o nome Sigmund.

Seu pai, Jacob Freud, casou-se com Amalia Natanson, mãe de Freud, sendo muito mais velha que ela e tendo dois filhos do primeiro casamento, um dos quais com a mesma idade de Amalia. Quando seu primeiro filho nasceu, o pai de Freud tinha 41 anos, enquanto sua mãe estava a três meses de completar 21 anos. Nos dez anos seguintes, sete filhos nasceram na família Freud - cinco filhas e dois filhos, um dos quais morreu alguns meses após seu nascimento, quando Sigismundo tinha menos de dois anos.

Devido a uma série de circunstâncias relacionadas ao declínio econômico, o crescimento do nacionalismo e a futilidade de uma vida futura em cidade pequena, a família Freud mudou-se em 1859 para Leipzig e, um ano depois, para Viena. Na capital império austríaco Freud viveu por quase 80 anos.

Durante esse tempo, ele se formou brilhantemente no ginásio, em 1873 aos 17 anos ingressou na faculdade de medicina da Universidade de Viena, onde se formou em 1881, recebendo o diploma de médico. Durante vários anos, Freud trabalhou no E. Brücke Physiological Institute e no Vienna City Hospital. Em 1885-1886, ele completou um estágio de seis meses em Paris com o famoso médico francês J. Charcot no Salpêtrière. Ao retornar do estágio, ele se casou com Martha Bernays, tornando-se pai de seis filhos - três filhas e três filhos.

Tendo aberto um consultório particular em 1886, Z. Freud usou várias maneiras tratamento de pacientes nervosos e apresentou sua compreensão da origem das neuroses. Na década de 1990, ele lançou as bases para um novo método de pesquisa e tratamento chamado psicanálise. No início do século XX, desenvolveu as ideias psicanalíticas por ele apresentadas.

Nas duas décadas seguintes, S. Freud fez mais contribuições para a teoria e técnica da psicanálise clássica, usou suas ideias e métodos de tratamento na prática privada, escreveu e publicou numerosos trabalhos dedicados a refinar suas ideias iniciais sobre os impulsos inconscientes de uma pessoa. e o uso das idéias psicanalíticas em vários campos do conhecimento.

Z. Freud recebeu reconhecimento internacional, era amigo e se correspondia com figuras proeminentes da ciência e da cultura como Albert Einstein, Thomas Mann, Romain Rolland, Arnold Zweig, Stefan Zweig e muitos outros.

Em 1922, a Universidade de Londres e a Sociedade Judaica sociedade histórica organizou uma série de palestras sobre cinco famosos filósofos judeus, incluindo Freud junto com Philo, Maimonides, Spinoza, Einstein. Em 1924, o Conselho da Cidade de Viena concedeu a Z. Freud o título de cidadão honorário. Em seu septuagésimo aniversário, ele recebeu telegramas e cartas de felicitações de todo o mundo. Em 1930 foi premiado prêmio literário o nome de Goethe. Em homenagem ao seu septuagésimo quinto aniversário, uma placa memorial foi erguida em Freiberg na casa em que ele nasceu.

Por ocasião do octogésimo aniversário de S. Freud, Thomas Mann leu seu discurso para a Sociedade Acadêmica psicologia médica. O apelo teve cerca de duzentas assinaturas. escritores famosos e artistas como Virginia Woolf, Hermann Hess, Salvador Dali, James Joyce, Pablo Picasso, Romain Rolland, Stefan Zweig, Aldous Huxley, H. G. Wells.

Z. Freud foi eleito membro honorário da American Psychoanalytic Association, da French Psychoanalytic Society e da British Royal Medical Psychological Association. Ele recebeu o título oficial de Membro Correspondente sociedade Real.

Após a invasão nazista da Áustria em março de 1938, a vida de S. Freud e sua família estava em perigo. Os nazistas apreenderam a biblioteca da Sociedade Psicanalítica de Viena, visitaram a casa de Z. Freud, fazendo uma busca minuciosa lá, confiscaram sua conta bancária e convocaram seus filhos Martin e Anna Freud para a Gestapo.

Com ajuda e apoio de embaixador americano na França, nos Estados Unidos Bullitt, a princesa Marie Bonaparte e outras pessoas influentes Z. Freud receberam permissão para partir e no início de junho de 1938 deixaram Viena para se mudar para Londres via Paris.

Z. Freud passou o último ano e meio de sua vida na Inglaterra. Nos primeiros dias de sua estada em Londres, ele foi visitado por HG Wells, Bronislaw Malinovsky, Stefan Zweig, que trouxe Salvador Dali com ele, secretários da Royal Society, conhecidos, amigos. Apesar da idade avançada, o desenvolvimento Câncer, descoberto nele pela primeira vez em abril de 1923, acompanhado de inúmeras operações e tolerado por ele por 16 anos, Z. Freud realizou análises quase diárias de pacientes e continuou a trabalhar em seus materiais manuscritos.

Em 21 de setembro de 1938, Z. Freud pediu a seu médico Max Schur que cumprisse a promessa que lhe fizera dez anos antes em seu primeiro encontro. Para evitar um sofrimento insuportável, M. Schur administrou duas vezes uma pequena dose de morfina a seu famoso paciente, que acabou sendo suficiente para uma morte digna do fundador da psicanálise. Em 23 de setembro de 1939, Z. Freud morreu sem saber que, alguns anos depois, suas quatro irmãs, que permaneceram em Viena, seriam queimadas em um crematório pelos nazistas.

Da pena de Z. Freud saiu não apenas uma variedade de trabalhos sobre a técnica de uso médico da psicanálise, mas também livros como A Interpretação dos Sonhos (1900), A Psicopatologia da Vida Cotidiana (1901), Wit and its Relation ao inconsciente (1905), "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade" (1905), "Delírio e sonhos em Gradiva" de W. Jensen (1907), "Memórias de Leonardo da Vinci" (1910), "Totem e tabu " (1913), Lectures on Introduction to Psychoanalysis (1916/17), Beyond the Pleasure Principle (1920), Mass Psychology and Analysis of the Human Self (1921), Self and It (1923), Inhibition, Symptom and Fear (1926) ), O Futuro de uma Ilusão (1927), Dostoiévski e o Parricídio (1928), Insatisfação com a Cultura (1930), Moisés, o Homem e a Religião Monoteísta (1938) e outros.

Sigmund Freud nasceu em 6 de maio de 1856 na pequena cidade austríaca de Freiberg, Morávia (na atual República Tcheca). Ele era o mais velho de sete filhos em sua família, embora seu pai, um comerciante de lã, tivesse dois filhos de um casamento anterior e já fosse avô quando Sigmund nasceu. Quando Freud tinha quatro anos, sua família mudou-se para Viena devido a dificuldades financeiras. Freud viveu permanentemente em Viena e, em 1938, um ano antes de sua morte, emigrou para a Inglaterra.

Desde as primeiras aulas, Freud estudou brilhantemente. Apesar dos recursos financeiros limitados, que obrigavam toda a família a se amontoar em um apartamento apertado, Freud tinha seu próprio quarto e até uma lamparina a óleo, que usava durante as aulas. O resto da família contentava-se com velas. Como outros jovens da época, recebeu educação clássica: estudou grego e latim, leu os grandes poetas clássicos, dramaturgos e filósofos - Shakespeare, Kant, Hegel, Schopenhauer e Nietzsche. Seu amor pela leitura era tão forte que as dívidas da livraria disparavam, o que não despertou a simpatia de seu pai, que era constrangido pelos meios. Freud tinha um excelente domínio da língua alemã e certa vez recebeu prêmios por sua vitórias literárias. Ele também era fluente em francês, inglês, espanhol e italiano.

Freud lembrou que, quando criança, muitas vezes sonhava em se tornar general ou ministro. No entanto, por ser judeu, quase todas as carreiras profissionais estavam fechadas para ele, com exceção da medicina e do direito - tão fortes eram os sentimentos anti-semitas na época. Freud escolheu a medicina com relutância. Ele entrou na faculdade de medicina da Universidade de Viena em 1873. Durante seus estudos, ele foi influenciado por psicólogo famoso Ernesto Brucke. Brücke apresentou a ideia de que os organismos vivos são sistemas dinâmicos de energia que obedecem às leis universo físico. Freud levou essas ideias a sério, e elas foram posteriormente desenvolvidas em seus pontos de vista sobre a dinâmica do funcionamento mental.

A ambição impeliu Freud a fazer alguma descoberta que lhe teria trazido fama já em anos de estudante. Ele contribuiu para a ciência ao descrever novas propriedades das células nervosas em peixes dourados, bem como ao confirmar a existência de testículos em enguias machos. No entanto, sua descoberta mais importante foi que a cocaína poderia ser usada no tratamento de muitas doenças. Ele mesmo usou cocaína sem consequências negativas e previu o papel dessa substância quase como uma panacéia, sem falar em sua eficácia como anestésico. Mais tarde, quando a existência do vício em cocaína se tornou conhecida, o entusiasmo de Freud diminuiu.

Depois de se formar em medicina em 1881, Freud assumiu um cargo no Instituto de Anatomia do Cérebro e conduziu estudos comparativos cérebro adulto e fetal. Ele nunca se sentiu atraído pela medicina prática, mas logo deixou seu cargo e começou a exercer a atividade privada como neuropatologista, principalmente porque o trabalho científico era mal pago e o clima de anti-semitismo não permitia promoção. Além disso, Freud se apaixonou e foi forçado a perceber que, se algum dia se casasse, precisaria de um emprego bem remunerado.

O ano de 1885 marcou uma virada crítica na carreira de Freud. Ele recebeu uma bolsa de pesquisa que lhe permitiu viajar para Paris e estudar por quatro meses com Jean Charcot, um dos mais eminentes neurologistas da época. Charcot estudou as causas e o tratamento da histeria, um distúrbio mental que se manifestava em uma ampla variedade de problemas somáticos. Pacientes que sofriam de histeria apresentavam sintomas como paralisia dos membros, cegueira e surdez. Charcot, usando a sugestão em estado hipnótico, poderia induzir e eliminar muitos desses sintomas histéricos. Embora Freud mais tarde tenha rejeitado o uso da hipnose como método terapêutico, as palestras de Charcot e suas demonstrações clínicas o impressionaram fortemente. Durante uma curta estadia no famoso hospital Salpêtrière, em Paris, Freud passou de neurologista a psicopatologista.

Em 1886, Freud casou-se com Martha Bernays, com quem viveram juntos por mais de meio século. Eles tiveram três filhas e três filhos. A filha mais nova, Anna, seguiu os passos do pai e acabou assumindo uma posição de liderança na direção psicanalítica como psicanalista infantil. Na década de 1980, Freud começou a colaborar com Joseph Breuer, um dos mais famosos médicos vienenses. A essa altura, Breuer havia obtido algum sucesso no tratamento de pacientes com histeria por meio do uso do método de histórias gratuitas de pacientes sobre seus sintomas. Breuer e Freud realizaram um estudo conjunto razões psicológicas histeria e métodos de tratamento desta doença. Seu trabalho culminou na publicação de Studies in Hysteria (1895), no qual concluíram que memórias reprimidas de eventos traumáticos eram a causa dos sintomas histéricos. A data dessa publicação histórica é por vezes associada à fundação da psicanálise, mas o período mais criativo da vida de Freud ainda estava por vir.

A relação pessoal e profissional entre Freud e Breuer chegou a um fim abrupto na mesma época em que Studies in Hysteria foi publicado. As razões pelas quais os colegas de repente se tornaram inimigos implacáveis ​​ainda não estão totalmente claras. O biógrafo de Freud, Ernest Jones, argumenta que Breuer discordou fortemente de Freud sobre o papel da sexualidade na etiologia da histeria, e isso predeterminou a ruptura (Jones, 1953). Outros pesquisadores sugerem que Breuer atuou como uma "figura paterna" para o jovem Freud e sua eliminação foi simplesmente destinada pelo próprio curso do desenvolvimento das relações devido ao complexo de Édipo de Freud. Quaisquer que sejam as razões, as duas pessoas nunca mais se encontraram como amigas.

As alegações de Freud de que a sexualidade estava na raiz da histeria e de outros transtornos mentais levaram à sua expulsão da Universidade de Viena. sociedade médica em 1896. Nessa época, Freud tinha muito pouco ou nenhum desenvolvimento do que mais tarde veio a ser conhecido como a teoria da psicanálise. Além disso, sua estimativa auto e o trabalho de observação de Jones foi o seguinte: "Tenho habilidades ou talentos bastante limitados - não sou forte em ciências naturais, matemática ou aritmética. Mas o que tenho, embora de forma limitada, provavelmente é desenvolvido de forma muito intensa.

O intervalo entre 1896 e 1900 foi para Freud um período de solidão, mas uma solidão muito produtiva. Nessa época, ele começa a analisar seus sonhos e, após a morte de seu pai em 1896, pratica a introspecção por meia hora antes de ir para a cama todos os dias. o mais excelente trabalho A Interpretação dos Sonhos (1900) baseia-se na análise dos próprios sonhos. No entanto, a fama e o reconhecimento ainda estavam longe. Para começar, esta obra-prima foi ignorada pela comunidade psiquiátrica, e Freud recebeu apenas royalties de $ 209 por seu trabalho. Pode parecer incrível, mas nos oito anos seguintes ele conseguiu vender apenas 600 exemplares desta publicação.

Nos cinco anos desde a publicação de A Interpretação dos Sonhos, o prestígio de Freud cresceu tanto que ele se tornou um dos médicos mais renomados do mundo. Em 1902, foi fundada a Psychological Environments Society, frequentada apenas por um seleto círculo de seguidores intelectuais de Freud. Em 1908, esta organização foi rebatizada de Sociedade Psicanalítica de Viena. Muitos dos colegas de Freud que eram membros dessa sociedade tornaram-se psicanalistas conhecidos, cada um à sua maneira: Ernest Jones, Sandor Ferenczi, Carl Gustav Jung, Alfred Adler, Hans Sachs e Otto Rank. Mais tarde, Adler, Jung e Rank emergiram das fileiras dos seguidores de Freud para chefiar escolas de pensamento concorrentes.

O período de 1901 a 1905 tornou-se especialmente criativo. Freud publicou várias obras, incluindo A psicopatologia da vida cotidiana (1901), Três ensaios sobre a sexualidade (1905) e Humor e sua relação com o inconsciente (1905). Em "Três ensaios ..." Freud sugeriu que as crianças nascem com impulsos sexuais e seus pais aparecem como os primeiros objetos sexuais. A indignação pública se seguiu imediatamente e teve uma ampla ressonância. Freud foi marcado como uma pessoa sexualmente pervertida, obscena e imoral. Muitos instituições médicas foram boicotados devido à sua tolerância com as ideias de Freud sobre a vida sexual das crianças.

Em 1909, ocorreu um acontecimento que tirou o movimento psicanalítico do ponto morto do relativo isolamento e lhe abriu caminho para o reconhecimento internacional. G. Stanley Hall convidou Freud para a Clark University em Worcester, Massachusetts, para dar uma série de palestras. As palestras foram muito bem recebidas e Freud recebeu um doutorado honorário. Na época, seu futuro parecia muito promissor. Ele alcançou uma fama considerável, pacientes de todo o mundo o contrataram para consultas. Mas também havia problemas. Em primeiro lugar, ele perdeu quase todas as suas economias em 1919 devido à guerra. Em 1920, sua filha de 26 anos morreu. Mas talvez o teste mais difícil para ele tenha sido o medo do destino de seus dois filhos que lutaram no front. Parcialmente influenciado pela atmosfera da Primeira Guerra Mundial e a nova onda de anti-semitismo, aos 64 anos, Freud criou a teoria de um instinto humano universal - o desejo de morte. No entanto, apesar de seu pessimismo sobre o futuro da humanidade, ele continuou a articular claramente suas ideias em novos livros. As mais importantes são as Conferências sobre Introdução à Psicanálise (1920), Além do Princípio do Prazer (1920), Eu e Ele (1923), O Futuro de uma Ilusão (1927), A Civilização e os Insatisfeitos com Ela (1930), Novas Conferências sobre Introdução à Psicanálise (1933) e Esboço da Psicanálise, publicado postumamente em 1940. Freud foi um escritor excepcionalmente talentoso, como evidenciado por sua premiação com o Prêmio Goethe de Literatura em 1930.

A Primeira Guerra Mundial teve um enorme impacto na vida e nas ideias de Freud. Trabalhar em uma clínica com soldados hospitalizados ampliou sua compreensão da variedade e sutileza das manifestações psicopatológicas. A ascensão do anti-semitismo na década de 1930 também teve uma forte influência em suas opiniões sobre natureza social pessoa. Em 1932, foi alvo constante de ataques dos nazistas (em Berlim, os nazistas realizaram várias queimas públicas de seus livros). Freud comentou sobre esses eventos da seguinte forma: “Que progresso! Na Idade Média, eles mesmos me queimavam, mas agora se contentam em queimar meus livros. Foi apenas por meio dos esforços diplomáticos de cidadãos influentes de Viena que ele foi autorizado a deixar a cidade logo após a invasão nazista em 1938.

Os últimos anos da vida de Freud foram difíceis. A partir de 1923, ele sofria de um tumor cancerígeno em expansão na faringe e na mandíbula (Freud fumava 20 charutos cubanos diariamente), mas recusou obstinadamente a terapia medicamentosa, com exceção de pequenas doses de aspirina. Ele perseverou, apesar de passar por 33 grandes cirurgias para impedir a propagação do tumor (o que o obrigou a usar uma prótese desconfortável que preenchia o espaço entre o nariz e a boca, tornando-o às vezes incapaz de falar). Outro teste de resistência o esperava: durante a ocupação nazista da Áustria em 1938, sua filha Anna foi presa pela Gestapo. Foi apenas por acaso que ela conseguiu se libertar e se reunir com sua família na Inglaterra.

Freud morreu em 23 de setembro de 1939 em Londres, onde acabou como um emigrante judeu deslocado. Para aqueles que desejam saber mais sobre sua vida, recomendamos a biografia em três volumes escrita por seu amigo e colega Ernest Jones, The Life and Works of Sigmund Freud. Publicada na Inglaterra, uma edição das obras reunidas de Freud em vinte e quatro volumes foi distribuída em todo o mundo.

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Sigmund Freud(nome completo - Sigismundo Shlomo Freud) é um psicólogo, neurologista e psiquiatra austríaco. Ele é considerado o fundador da psicanálise - uma teoria sobre as características do comportamento humano e as causas desse comportamento.

Em 1930 Sigmund Freud foi premiado Prêmio Goethe, foi então que suas teorias foram reconhecidas pela sociedade, embora tenham permanecido "revolucionárias" para aquele período.

Curta biografia

Sigmund Freud nasceu 6 de maio de 1856 na cidade austríaca de Freiberg (atual República Tcheca), cuja população era de cerca de 4.500 pessoas.

O pai dele - jacob freud, casou-se pela segunda vez, do primeiro casamento teve dois filhos. Ele era comerciante de tecidos. mãe de Sigmund Natalie Natanson Ela tinha metade da idade de seu pai.

Em 1859 devido ao fechamento forçado dos negócios do chefe da família, a família Freud mudou-se primeiro para Leipzig e depois para Viena. Zygmund Shlomo tinha 4 anos na época.

Período de estudos

A princípio, Sigmund foi criado pela mãe, mas logo o pai assumiu isso, que queria um futuro melhor para ele e de todas as formas incutiu no filho o amor pela literatura. Ele conseguiu e Freud Jr. manteve esse amor até o fim de sua vida.

Estudar no ginásio

A diligência e a capacidade de aprender permitiram que Sigmund entrasse no ginásio aos 9 anos - um ano antes do normal. Nessa época ele já tinha 7 irmãos. Os pais destacaram Sigmund por seu talento e desejo de aprender tudo novo. A ponto de o resto das crianças ser proibido de tocar música quando ele estudava em uma sala separada.

Aos 17 anos, o jovem talento se formou no ginásio com louvor. Nessa época, ele gostava de literatura e filosofia, e também conhecia vários idiomas: alemão perfeitamente, inglês, francês, italiano, espanhol, estudou latim e grego.

Escusado será dizer que, durante todo o período de estudo, ele foi o aluno número 1 de sua classe.

Escolha da profissão

A educação adicional para Sigmund Freud foi limitada devido à sua origem judaica. A escolha coube a ele comércio, indústria, medicina ou direito. Depois de pensar um pouco ele escolheu medicina e ingressou na Universidade de Viena em 1873.

Na universidade, ele começou a estudar química e anatomia. No entanto, acima de tudo, ele gostava de psicologia e fisiologia. Em parte devido ao fato de que na universidade as palestras sobre esses assuntos eram dadas pelo famoso Ernst von Brucke.

Sigmund também ficou impressionado com o popular zoólogo Karl Claus com quem posteriormente realizou trabalhos de pesquisa. Durante seu tempo sob Klaus "Freud rapidamente se distinguiu dos outros alunos, o que lhe permitiu duas vezes, em 1875 e 1876, tornar-se membro do Instituto de Pesquisa Zoológica de Trieste."

Depois da universidade

Sendo uma pessoa que pensa racionalmente e se propõe a alcançar uma posição na sociedade e independência material, Sigmund em 1881 abriu um consultório médico e assumiu o tratamento de psiconeuroses. Pouco tempo depois, ele começou a usar cocaína para fins medicinais, primeiro experimentando seus efeitos em si mesmo.

Os colegas o olhavam com desconfiança, alguns o chamavam de aventureiro. Posteriormente, ficou claro para ele que as neuroses não podiam ser curadas com a cocaína, mas era bastante simples se acostumar. Custo Freud Ótimo trabalho desista do pó branco e ganhe a autoridade de um médico e cientista puro.

Primeiros sucessos

Em 1899 Sigmund Freud publicou um livro "A Interpretação dos Sonhos", o que causou uma reação negativa na sociedade. Ela foi ridicularizada na imprensa, alguns de seus colegas não queriam ter nada a ver com Freud. Mas o livro despertou grande interesse no exterior: na França, Inglaterra, América. Aos poucos, a atitude em relação ao Dr. Freud mudou, suas histórias ganharam cada vez mais adeptos entre os médicos.

Conhecendo um número crescente de pacientes, principalmente mulheres, que se queixavam de várias doenças e distúrbios, usando métodos de hipnose, Freud construiu sua teoria sobre inconsciente atividade mental e determinou que a neurose é reação defensiva psique a uma ideia traumática.

Mais tarde, apresentou uma hipótese sobre o papel especial da sexualidade insatisfeita no desenvolvimento da neurose. Observando o comportamento de uma pessoa, suas ações - especialmente as más, Freud chegou à conclusão de que os motivos inconscientes estão no cerne das ações das pessoas.

Teoria do Inconsciente

Tentando encontrar esses mesmos motivos inconscientes - as possíveis causas das neuroses, ele chamou a atenção para os desejos insatisfeitos de uma pessoa no passado, que levam a conflitos de personalidade no presente. Essas emoções estranhas parecem obscurecer a mente. Elas foram interpretadas por ele como a principal evidência a existência do inconsciente.

Em 1902, Sigmund recebeu o cargo de professor de neuropatologia na Universidade de Viena e, um ano depois, tornou-se o organizador "Primeiro Congresso Psicanalítico Internacional". Mas o reconhecimento internacional de seus méritos veio a ele apenas em 1930, quando a cidade de Frankfurt am Main o concedeu Prêmio Goethe.

últimos anos de vida

Infelizmente, a vida subsequente de Sigmund Freud foi repleta de eventos trágicos. Em 1933, os nazistas chegaram ao poder na Alemanha, os judeus começaram a ser perseguidos, os livros de Freud foram queimados em Berlim. Pior ainda - ele próprio acabou no gueto de Viena e suas irmãs em um campo de concentração. No entanto, eles conseguiram resgatá-lo, em 1938 ele e sua família partiram para Londres. Mas ele tinha apenas um ano de vida: ele sofria de câncer bucal causado pelo fumo.

23 de setembro de 1939 Sigmund Freud foi injetado com vários cubos de morfina, uma dose suficiente para acabar com a vida de um homem debilitado pela doença. Ele morreu às 3 horas da manhã aos 83 anos, seu corpo foi cremado e as cinzas foram colocadas em um vaso etrusco especial, que está guardado no mausoléu Golders Green.